quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ser do Santo



Muitas são as pessoas que se dizem do santo.

Anunciam aos quatro ventos que são raspados, que fazem parte desse maravilhoso Universo chamado Orixá.]

Outros propagam que são Sacerdotes e Sacerdotisas de nossa Religião.

Mas, a verdade, é que de inúmeras pessoas que se iniciam em nossos preceitos, muitos poucos podem se considerar verdadeiramente parte do Mundo do Santo.

Isso porque sermos parte deste Universo não é fácil, pois, implica em uma série de fatores que em sua grande maioria as pessoas não estão preparadas para encarar e uma delas é o afastamento da vida mundana.

Um verdadeiro filho de santo, não tem vida social. Por maior que seja o evento que pretende participar, sempre terá que abrir mão do mesmo para se dedicar aos assuntos do Orixá, pois como seres que governam a natureza, não compactuam com atos como: bebida, sexo e outros.

Sempre que uma “roça” entra em função, é de suma importância que seus filhos, ali estejam presentes de corpo e mente limpos para que possam dar sua contribuição nos afazeres que aquele Orixá solicita para que possa assim a pessoa que está passando pelo processo e até mesmo os que ajuda, receber as dádivas daquela entidade.

O mesmo ocorre e de forma muito mais rigorosa com os sacerdotes e demais pessoas que possuam cargo de alta hierarquia dentro de uma “roça” de Candomblé.

Como sacerdotes, não temos direito a festas, sexo, bebidas e muitos outros prazeres da vida com abundância, pois que nunca sabemos quando seremos chamados para praticarmos nosso sacerdócio. É uma missão árdua e em sua grande maioria as pessoas fracassam.

Para que possamos nos dedicar literalmente ao sacerdócio temos sim, que estar prontos para abrir mão de muita coisa em nossa vida.

Quantas vezes somos chamados, por exemplo, em plena comemoração do ano novo para intercedermos na vida de alguém?

Quantas vezes estamos nos preparando para uma festa, um jantar e nosso telefone toca, e um consulente nos requisita para algo?

E, nos negarmos a atender é sermos negligentes com nosso Santo.

Temos que estar prontos sempre, não importa a hora, o dia ou mesmo o momento.

E se formos conclamados a parar um ato por mais prazeroso que seja, temos a obrigação de atender, pois assim desejou nosso Orixá.

Como pode, por exemplo, um médico, se negar a atender um paciente seu que sofre um acidente e está muito mal em um hospital? Como pode um obstetra se negar a atender uma parturiente na sua hora?

O mesmo acontece conosco!

Ser do Santo, não é somente sair por aí propagando aos quatro ventos que somos. Mas sim, ter uma vida de reclusão em sua grande maioria. Uma vida de sacrifícios, de doação onde muito pouco recebemos.

É preciso termos em nossa consciência de que, nada podemos fazer esperando receber em troca.

Nosso Pai ou Mãe saberá nos compensar se assim formos merecedores. O mesmo ocorre com um ogã, uma ekédi.

É de suma importância que estejam prontos sempre, para abrir mão de sua vida particular em benefício dos assuntos do Santo.

Muitos poucos batem no peito e se dizem ogã, mas pouquíssimos são os que realmente fazem jus ao cargo que receberam, porque preferem a vida do mundo do que se recolherem em clausura, em benefício de outro quando são solicitados pelos Orixás.

As pessoas precisam entender de que se, receberam um cargo, é porque aquele orixá confiou nele para os momentos em que mais precisasse. E esses momentos são justamente as funções que existe em um Templo, pois como pode um zelador sozinho se dedicar a tanta coisa?

Ser do Santo, não é festa, mas sim, uma vida de dedicação e submissão.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Orixá Xangô



Xangô é um dos Orixás mais populares no Brasil e zela pela justiça e pelo fogo. Também é charmoso, sensual e gosta de fazer tudo com muito prazer. Por isso, teve três esposas: Iansã, Oxum e Obá. Sentimento de derrota é uma coisa que não existe em sua personalidade. Apesar de ser famoso por sua ação repressiva e autoritária, consegue distinguir entre o bem e o mal.
O raio é sua arma, que envia como castigo a quem age de maneira contrária a seus princípios de justiça. Os filhos de Xangô são justos e odeiam a mentira e a falsidade. São muito sociáveis e costumam deixar as pessoas admiradas por sua maneira extrovertida de conversadora. Há quem os odeie por dizerem tudo o que pensam. No amor, não há problemas para conquistar, mas podem ser um pouco infiéis.


 CONHECENDO MAIS DE XANGÔ



Como personagem histórico, Xangô teria sido o terceiro Alafin Oyo, Rei ( Senhor do Palácio) de Oyo. Era filho de Oranmiyan e de Torossí, esta filha de Elempe, rei dos Tapa, que tinha firmado uma aliança com Oranmiyan. Xangô cresceu no país de sua mãe indo se instalar, mais tarde, em Kosô, onde os habitantes não o aceitaram por causa de seu caráter violento e imperioso; mas ele conseguiu, finalmente , impor-se pela força. Em seguida, acompanhado pelo seu povo, dirigiu-se para Oyo, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Kosô. Conservou, assim, seu título de Oba Kosô que, com o passar do tempo, veio a fazer parte de seus Orikis (louvores).

Dadá-Ajaká, irmão consangüíneo de Xangô, filho mais velho de Oranmyian, reinava em Oyo por essa época. Seu caráter era calmo e desprovido da energia necessária a um verdadeiro chefe. Xangô o destronou e Dadá-Ajaká exilou-se em Igboho, durante os sete anos de reinado de seu meio-irmão. Teve que se contentar, então, em usar uma coroa feita de cauris, chamada Adé de Bayani. Depois que Xangô deixou Oyo, Dadá-Ajaká voltou a reinar. Em contraste com a primeira vez, ele mostrou-se, agora, valente e guerreiro e, voltando-se contra os parentes da família materna de Xangô, atacou os Tapa, sem grande sucesso.

Xangô, sob seu aspecto divino, é filho de Oranmyian, tendo Yamassé como mãe e sendo marido de três divindades: Oyá, Oxun e Oba, que se tornaram rios no país Yorubá.

Xangô é viril e potente, violento e justiceiro, castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por este motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de Xangô. O proprietário deve pagar pesadas multas ao sacerdotes do Orixá que vêm procurar, nos escombros, os Edun Ará ( pedras de raio) lançados por Xangô e profundamente enterradas no local onde o solo foi atingido.

Este Edun Ará (na realidade machados neolíticos ) são colocados sobre um pilão de madeira esculpido, odô, consagrado a Xangô. Tais pedras são consideradas emanações de Xangô e contém o seu Axé - o seu poder. O sangue dos animais sacrificados é derramado, em parte, sobre suas pedras de raio para manter-lhe a força e a potência. O carneiro, cuja chifrada tem a rapidez do raio, é o animal cujo o sacrifício mais lhe convêm. Fazem-lhe, também, oferecimentos de Amalá, iguaria preparada, com farinha de inhame regada com um molho feito com quiabos. É no  entanto, formalmente proibido oferecer-lhe feijões brancos da espécie Sesé. Todas as pessoas que lhe são consagradas estão sujeita à mesma proibição.

O emblema de Xangô é o duplo machado estilizado, Oxé, que os seus iniciados trazem na mão, quando em transe.
O chocalho, chamado Xeré, feito de uma cabeça alongada, contendo pequenos grãos, é sacudido em honra a Xangô. Convenientemente agitada, quando são anunciados os seus louvores, este instrumento imita o barulho da chuva.


As saudações, Oriki, que seus fiéis lhe dirigem não deixam de ter certa graça e mostram a sua forte personalidade:

Ele ri quando vai à casa de Oxun.
Ele fica bastante tempo em casa de Oyá.
Ele usa um grande pano vermelho.
Elefante que anda com dignidade.
Meu senhor, que cozinha o inhame com o ar que escapa de suas narinas.
Meu senhor, que mata seis pessoas com uma só pedra de raio.
Se franze o nariz, o mentiroso tem medo e foge.


Xangô foi sincretizado com São Jerônimo, no Brasil.
Na Bahia, quando uma festa é celebrada em honra de Dadá, irmão mais velho de Xangô, a cerimônia parece conter reminiscências de fatos antigos, sem que os participantes saibam, muitas vezes as histórias dos Yorubás. O Iaô de Dadá vem dançar frente a assistência, tendo na cabeça uma coroa, o Adê de Bayani. Logo depois, Xangô montado sobre um (ou uma) de seus iniciados, toma a coroa, colocando-a sobre sua própria cabeça. Após ter dançado assim adornado por um certo tempo, a coroa é restituída a Dadá.
Este elemento do ritual parece ser uma reconstituição do destronamento de Dadá-Ajaká por Xangô, e sua volta ao poder sete anos mais tarde.


Algumas Qualidades do Orixá Xangô



  • AGANJÚ - Quer dizer terra firme. Tem perna de pau e é casado com YEMONJA. É o filho mais novo de ORANNIAN e o preferido, herdou sua fortuna. É o mais cruel é aquêle que leva o coração do inimigo na lança. É o SÀNGÓ amaldiçoado que matou e comeu a própria mãe. Na verdade foi o 6º Alafin de Oyo que viveu em 1.240 A.C., aproximadamente. Era sobrinho neto de Xangô.

  • BARU  -  Pega tempo e come com ÈSÙ. Dependendo da época este Òrìsá ora é BARU ora é ÌRÓKÒ. Tem caminhos com OYA YÀTOPÈ . Não come quiabo nem amalá, come amendoim cozido e padê. Na África ele é chamado de maluco, pois durante seu reinado fez muita besteira, motivo pelo qual os africanos não o raspam nem assentam. Não fazia prisioneiros, matava todos. Veste-se de marrom e branco e suas contas são iguais a roupa. Toca-se para ÈSÙ e SÀNGÓ. BARU era muito destemido, mas quando comia quiabo, que ele gostava muito, dormia o tempo todo e por isto perdeu muitas contendas, pois, quando acordava seus adversários já tinham voltado da guerra. Ele ficava indignado. Então resolveu consultar um OLUÓ que lhe disse : Se é assim, deixe de comer quiabo - BARU perguntou : me diz o que comerei no lugar do quiabo... Só folhas... Só folhas ? perguntou BARU - Sim, respondeu o OLUÓ, tem duas qualidades , uma se chama oió e a outra xaná, são boas e gostosas como o quiabo. E BARU falou : - A partir de hoje, eu não comerei mais quiabo.


  •  BADÈ  -  É o mais jovem VODUM da família do raio ( cujo chefe é KEVIOSSO ), corresponde ao SÀNGÓ jovem dos NAGO. É irmão de LOKO. Usa roupa azul com faixa atada atras. Não fuma, não bebe nem fala. Um de seus animais prediletos é o chicharro.


  • OBAKOSSO  -  Perdeu os poderes mágicos de transportar-se da terra para o céu, enforcando-se num pé de OBI. Tem fundamentos com ÈSÙ, ÉGÚN e OYA, devido a sua morte.


  • AGODO  -  Muito ruim, brutal, inclinado a dar ordens e ser obedecido, foi ele quem raptou OBÁ. Come com YEMONJA.

  • AFONJÀ  -  É o dono do talismã mágico dado por OYA a mando de OBÀTÁLÁ. É aquêle que fulmina seus inimigos com o raio. Come com YEMONJA, sua mãe.


  • ALAFIN  -  É o dono do palácio real, o governante de OYO. Vem numa parte de ÒÒSÀÀLÀ e caminha com OSOGUIAN.


  • OBÀ OLUBÈ  -  É muito orgulhoso, intratável e muito bruto. Come com OYA.


  • OLO ROQUE  -  Seria o pai de ÒSUN OPARÀ. Tem fundamento com ÒSÓÒSÌ. Veste vermelho e branco ou marrom e branco.


  • ALUFAN  -  É idêntico a um AYRÀ. Confundem ele com OSÀLÚFÓN. Veste branco e suas ferramentas são prateadas.