domingo, 27 de maio de 2012

O CULTO DOS EGUNS NO CANDOMBLÉ



Eguns


Os negros iorubanos originários da Nigéria trouxeram para o Brasil o culto dos seus ancestrais chamados Eguns ou Egunguns. Em Itaparica (BA), duas sociedades perpetuam essa tradição religiosa.


Os cultos de origem africana chegaram ao Brasil juntamente com os escravos. Os iorubanos - um dos grupos étnicos da Nigéria , resultado de vários agrupamentos tribais, tais como Keto, Oyó, Itexá, Ifan e Ifé de forte tradição, principalmente religiosa - nos enriqueceram com o culto de divindades denominadas genericamente de orixás.(Por motivos gráficos e para facilitar a leitura, os termos em língua yorubá foram aportuguesados. Ex.: orisá = orixá.)


Esses negros iorubanos não apenas adoram e cultuam suas divindades, mas também seus ancestrais, principalmente os masculinos. A morte não é o ponto final da vida para o iorubano, pois ele acredita na reencarnação (àtúnwa), ou seja, a pessoa renasce no mesmo seio familiar ao qual pertencia; ela revive em um dos seus descendentes. A reencarnação acontece para ambos os sexos; é o fato terrível e angustiante para eles não reencarnar.


Os mortos do sexo feminino recebem o nome de Iyámi Agbá (minha mãe anciã), mas não são cultuados individualmente. Sua energia como ancestral é aglutinada de forma coletiva e representada por Iyámi Oxorongá, chamada também de Iá Nlá, a grande mãe. Esta imensa massa energética que representa o poder de ancestralidade coletiva feminina é cultuada pelas "Sociedades Geledê", compostas exclusivamente por mulheres, e somente elas detêm e manipulam este perigoso poder. O medo da ira de Iami nas comunidades é tão grande que, nos festivais anuais na Nigéria em louvor ao poder feminino ancestral, os homens se vestem de mulher e usam máscaras com características femininas, dançam para acalmar a ira e manter, entre outras coisas, a harmonia entre o poder masculino e o feminino.


Além da Sociedade Geledê, existe também na Nigéria a Sociedade Oro. Este é o nome dado ao culto coletivo dos mortos masculinos quando não individualizados. Oro é uma divindade tal qual Iyámi Oxorongá, sendo considerado o representante geral dos antepassados masculinos e cultuado somente por homens. Tanto Iyámi quanto Oro são manifestações de culto aos mortos. São invisíveis e representam a coletividade, mas o poder de Iami é maior e, portanto, mais controlado, inclusive, pela Sociedade Oro.


Outra forma, e mais importante de culto aos ancestrais masculinos é elaborada pelas "Sociedades Egungum". Estas têm como finalidade celebrar ritos a homens que foram figuras destacadas em suas sociedades ou comunidades quando vivos, para que eles continuem presentes entre seus descendentes de forma privilegiada, mantendo na morte a sua individualidade. Esse mortos surgem de forma visível mas camuflada, a verdadeira resposta religiosa da vida pós-morte, denominada Egum ou Egungum. Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens possuem ou mantém a individualidade; às mulheres é negado este privilégio, assim como o de participar diretamente do culto.


Esses Eguns são cultuados de forma adequada e específica por sua sociedade, em locais e templos com sacerdotes diferentes dos dos orixás. Embora todos os sistemas de sociedade que conhecemos sejam diferentes, o conjunto forma uma só religião: a iorubana.


No Brasil existem duas dessas sociedades de Egungum, cujo tronco comum remonta ao tempo da escravatura: Ilê Agboulá, a mais antiga, em Ponta de Areia, e uma mais recente e ramificação da primeira, o Ilê Oyá, ambas em Itaparica, Bahia.




O Egum é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos Ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixã, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungum ancestral individualizado está de novo "vivo".


A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungum simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente - característica de Egum, chamada de séègí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria (veja lendas de Oyá).


As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egum) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egum está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egum.


A roupa do Egum - chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia -, ou o Egungum propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixã para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egum se tornará um "assombrado", e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.


Ora, o Egum é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes - como os ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns - desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixã.


Os Egum-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egum (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.


O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de panos coloridas, formando uma espécie de franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos; e o banté, que é uma tira de pano especial presa no kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.


O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egum portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá mascaras esculpidas em madeira chamadas erê egungum; outros, entre os alabá e o kafô, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixã. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.


Existem várias qualificações de Egum, como Babá e Apaaraká, conforme sus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.


Nas festas de Egungum, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo. Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuxã (iniciados que portam o ixã) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos ojés saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.


Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os ojé podem entrar, e o lèsànyin ou ojê agbá entram.


Balé é o local onde estão os idiegungum, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egum ali cultuado - , e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixã, os quais, de pé, delimitam o local.


Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egum a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns (veja Mitos Oyá-Egum).


No balé os ojê atokun vão invocar o Egum escolhido diretamente no assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egum - nasce através do conjunto ojê-ixã/idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egum se torna visível aos olhos humanos.


Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuxã até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos ojê, pelo som dos amuxã, brandindo os ixã pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egum). O clima é realmente perfeito.


O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabê e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia dos outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.


Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fosse a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egum - estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egum, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los(ver quadro: oiê femininos).


Este espaço sagrado é o mundo do Egum nos momentos de encontro com seus descendentes. Assistência está separada deste mundo pelos ixã que os amuxã colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixã que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. às vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egum com o ixã no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o ojê que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito.


O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam as mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egum em vida pertencia a um determinado orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio orixá e esta característica é mantida pelo Egum. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo com Egum, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelo oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes.


Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionará como tradutor. Babá-Egum começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.


Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egum parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo.


Esta é uma breve descrição de Egungum, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidades cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.


Iyámi Oshorongá




Quando se pronuncia o nome de Iyámi Oxorongá quem estiver sentado deve se levantar, quem estiver de pé fará uma reverência pois esse é um temível Orixá, a quem se deve respeito completo. 


Pássaro africano, Oxorongá emite um som onomatopaico de onde provém seu nome. É o símbolo do Orixá Iyámi, ai o vemos em suas mãos. Aos seus pés, a coruja dos augúrios e presságios. Iyámi Oxorongá é a dona da barriga e não há quem resista aos seus ebós fatais, sobretudo quando ela executa o Ojiji, o feitiço mais terrível. Com Iyámi todo cuidado é pouco, ela exige o máximo respeito. Iyámi Oxorongá, bruxa é pássaro.


As ruas, os caminhos, as encruzilhadas pertencem a Exú. Nesses lugares se invoca a sua presença, fazem-se sacrifícios, arreiam-se oferendas e se lhe fazem pedidos para o bem e para o mal, sobretudo nas horas mais perigosas que são ao meio dia e à meia-noite, principalmente essa hora, porque a noite é governada pelo perigosíssimo odu Oyeku Meji.


À meia-noite ninguém deve estar na rua, principalmente em encruzilhada, mas se isso acontecer deve-se entrar em algum lugar e esperar passar os primeiros minutos. Também o vento (afefe) de que Oyá ou Iansã é a dona, pode ser bom ou mau, através dele se enviam as coisas boas e ruins, sobretudo o vento ruim, que provoca a doença que o povo chama de "ar do vento".


Ofurufu, o firmamento, o ar também desempenha o seu papel importante, sobretudo á noite, quando todo seu espaço pertence a Eleiye, que são as Ajé, transformadas em pássaros do mal, como Agbibgó, Elùlú, Atioro, Osoronga, dentre outros, nos quais se transforma a Ajé-mãe, mais conhecida por Iyami Osoronga. Trazidas ao mundo pelo odu Osa Meji, as Ajé, juntamente com o odu Oyeku Meji, formam o grande perigo da noite. 





Eleiye voa espalmada de um lado para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enche de pavor os que a ouvem ou vêem.

Todas as precauções são tomadas. Se não se sabe como aplacar sua fúria ou conduzi-la dentro do que se quer, a única coisa a se fazer é afugentá-la ou esconjurá-la, ao ouvir o seu eco, dizendo Oya obe l’ori (que a faca de Iansã corte seu pescoço), ou então Fo, fo, fo (voe, voe, voe).

Em caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua fúria é fatal. Se é num momento em que se está voando, totalmente espalmada, ou após o seu eco aterrorizador, dizemos respeitosamente A fo fagun wo’lu ( [saúdo] a que voa espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver pousar em qualquer ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, dizemos, para agradá-la Atioro bale sege sege ([saúdo] Atioro que pousa elegantemente) e assim uma série de procedimentos diante de um dos donos do firmamento à noite.

Mesmo agradando-a não se pode descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se lhe felicitando temos que nos precaver. Se nos referimos a ela ou falamos em seu nome durante o dia, até antes do sol se pôr, fazemos um X no chão, com o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo. Se durante à noite corremos a mão espalmada, à altura da cabeça, de um lado para o outro, afim de evitar que ela pouse, o que significará a morte. Enfim, há uma infinidade de maneiras de proceder em tais circunstâncias.

Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras africanas, uma vez que ninguém as conhece por seus nomes. As Iyámi representam o aspecto sombrio das coisas: a inveja, o ciúme, o poder pelo poder, a ambição, a fome, o caos o descontrole. No entanto, elas são capazes de realizar grandes feitos quando devidamente agradadas. Pode-se usar os ciúmes e a ambição das Iyámi em favor próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.O poder de Iyámi é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se que, em certos casos, ele pode pertencer igualmente a moças muito jovens, que o recebem como herança de sua mãe ou uma de suas avós.


Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo, voluntariamente ou sem que o saiba, depois de um trabalho feito por alguma Iyámi empenhada em fazer proselitismo.Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente menos virulentos e cruéis que as ajé (feiticeiras).


Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais atacam membros de sua família, enquanto as segundas não hesitam em matar seus próprios filhos. As Iyámi são tenazes, vingativas e atacam em segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo sua influência.


Iyámi é freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos.


Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo maculado por seu interdito.


Iyámi possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é silencioso."Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém, levarão". 

Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.

As Iyámi costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas. Toda Iyámi deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma Iyámi não pode atacar os protegidos de outra Iyámi.

Iyámi Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Iyámi se sinta ofendida.

Iyámi é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a conhecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não sejam violadas. Iyámi fica ofendida se alguém leva uma vida muito virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é por demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo. É preciso muito cuidado com elas. E só Orunmilá consegue acalmá-la.


TÍTULOS DE ÌYÀMÌ



  • Ìyàmì-Òsòróngà = Poderosa Mãe cultuada na Sociedade Osoronga.


  • Ìyàmì-Ajé = Poderosa Mãe administradora do Poder Sobrenatural. Titulo
        em alusão quando seu culto é realizado na LUA NOVA na finalidade de
        utilização dos poderes sobrenaturais em defesa a uma agressividade
        (feitiço), ou relacionado aos projetos, ideais, envolvimentos e
        recolhimento de Yawo. "Por ser o ciclo mais escuro da lua".

  • Ìyàmì-Eleye = Poderosa Mãe Proprietária dos Pássaros. 
  • Ìyàmì-Oduwà = Poderosa Mãe proprietária do recipiente da existência
        (o mundo).


  • Ìyàmì-Odu = Recipiente – Útero – Cabaça – O Planeta – Ovo – Esfera
       existencial.

  • Ìyàmì-Alaiye = Poderosa Mãe proprietária de toda extensão Terrestre.

  • Ìyàmì-Ekunlaiye = Poderosa mãe que inunda a Terra com Água...

  • Ìyàmì-Iyemonja = Poderosa Mãe senhora que possui muitos filhos como
       cardumes de Peixes. "Uma alusão a sua qualidade anfíbia a quantidade
      de ser humanos existentes na terra comparada aos peixes no Mar".
      (Titulo relacionado a Egun e não a Ogun como muitos erradamente
      afirmam )

  • Ìyàmì-Iyemowo = Poderosa Mãe que é o próprio dinheiro de suas filhas
       (búzios). "uma alusão a grande quantidade de búzios que utiliza em
       suas roupas" (Titulo que é cultuada no culto de Orisanlá).

  • Ìyàmì-Omolu = Poderosa Mãe a filha sagrada de Deus. (Título que é
      cultuada ao lado de Obaluwaiye)

  • Ìyàmì-Omolulu = Poderosa Mãe rainha das formigas. "Uma referencia ao
       fato de esta associada ao subsolo (Título que é também cultuada no
      culto de Obaluwaiye).

  • Ìyàmì-Ori ou Iya-Ori = Poderosa Mãe das Cabeças. "Uma alusão ao fato
       de está relacionada aos rituais de sacrifício animal sobre uma
       cabeça". (Titulo que é também cultuada nos ritos de Bori).

  • Ìyàmì-Buruku = Poderosa Mãe Antiga. Uma referencia ao planeta na sua
       antigüidade existencial.

  • Ìyàmì-Agba = Poderosa Mãe ancestral associada ao poder feminino.

  • Ìyàmì-Ako = Poderosa Mãe que é o pássaro Ako. Titulo referente ao 3o
       dia da lua cheia e a seu culto exatamente na sociedade das Geledes.

  • Ìyàmì-Iyelala = Poderosa Mãe senhora dos sonhos. (relacionada a
       revelação de situações através de sonhos).



  • Ìyàmì-Ayala = Poderosa Mãe esposa daquele que é o Céu. "Uma
       referencia ao fato da Terra ser coberta pelo Céu o próprio
      Oorisanla".

  • -Ìyàmi Onilé = Poderosa Mãe proprietária da Terra. "Titulo referente a
        reverencia e aos rituais realizados dentro da terra". Outra
       referencia é ao fato de ser o lugar mais próprio de se cultuar toda
       classe de espíritos, na qual Ela é a grande apaziguadora desses
       espíritos ou forças rebeldes. Numa única função de tranqüilizar,
       apaziguar ou neutralizar qualquer tipo de força oculta agressiva.
       Òdu-Logboje = Cabaça Existencial no Universo. Uma referencia ao
       planeta Terra.



  • Ìyàmì-N'la = Poderosa grande Mãe. Uma referencia a grandeza do
       planeta Terra e seu culto elementar. Titulo que plagia o titulo de
       Orisa'nlà.

  • Ìyàmì-Asiwòró = Poderosa Mãe canalizadora das energias nos ritos
       tradicionais.

  • Ìyàmì-Osupa = Poderosa Mãe que controla as força da lua.

  • Ìyàmì-Petekun = Poderosa Mãe que é povoada. Uma referencia a relação
       com Èsu.

  • Ìyàmì-Ako = Nome de Ìyàmì dentro da sociedade Gelede, titulo que
       assume o posto de primeira Dama desta sociedade.

  • Ìyàmì- Egeleju = Poderosa Mãe dos olhos delicados.

  • Ìyàmì-Eleje = Poderosa Mãe proprietária do fluxo da vida (sangue).

  • Ìyàmì-Oru-Alé = Poderosa Mãe da madrugada ou Noite.

  • Ìyàmì-Oga Igi= Poderosa Mãe que faz o alto das árvores de trono. Uma
       referencia ao fato dos Pássaros pousarem no cume das grandes árvores.

  • Ìyàmì-Ilunjó = Poderosa Mãe que dança o ritmo da morte. Uma
       referencia ao ritmos tocado para Ogun "Aquele que dança o ritmo da
       morte".

  • Ìyàmì-Elesenu = Poderosa Mãe Proprietária de todos os órgãos internos
       (vísceras).

  • Ìyàmì-Apaki = Poderosa Mãe que mata. Uma referencia ao fato que no
       decorrer da vida acontece a morte.

  • Ìyàmì-Naré = Poderosa que o próprio ventre.

  • Ìyàmì-Araiye = Poderosa Mãe que controla todos os espirito da Terra
       (encarnados e desencarnados).

  • Ìyàmì-Koko = Poderosa Mãe Anciã. Uma referencia a antigüidade do
        planeta.

  • Ìyàmì-Kekere = Poderosa Mãe pequena do universo. Uma referencia
       ao fato de Iyami ser a administradora da vida no planta auxiliando
       Olodunmare (Deus ).

  • Ìyàmì-Olotojú = Poderosa Mãe que espia do alto. Uma referencia ao
       fato dos pássaros pairarem no Ar e observarem tudo de cima.

  • Ìyàmì-Arajado = Poderosa Mãe que olha para o Céu. Uma referencia ao
        fato da Terra esta coberta pelo Céu.

  • Ìyàmì-Oloriyàmi = Poderosa Mãe proprietária das águas. Uma referencia
        aos Mares e a água do útero.

  • Ìyàmì-Mase malè (Abrev.: Iyamase malè) = Poderosa mãe que não permite
        mal chegar na noite... Uma alusão às noites em que sobrevoa na sua
        forma de pássaro, nos lugares em que é invocada e reverenciada com
        louvores e saudações. Título este muito reverenciada nas rodas de
        Sango (Egungun) quando e enquanto dançam em volta da fogueira ao ar
        livre, fato memorável ao poder sobrenatural que possibilita Sàngó
        como o grande Egungun (ancestral) voltar à Terra possuindo seus
        Eleguns durante as festividades.

sábado, 26 de maio de 2012

Nanã Buruku



Ela é um Orixá “água-terra”. O seu primeiro elemento de atuação é a água e o segundo é a terra. O elemento água dá maleabilidade ao que estava endurecido (“amolece”, torna permeável, permite adquirir e absorver outros valores). Então, a terra se junta à água, formando “um barro” que absorve os negativismos decantados. Isto gera condições para dar estabilidade àquilo que ficou de positivo após a decantação. E uma vez que “o positivo” foi estabilizado no ser, ele poderá recomeçar sua evolução.

A Energia de Nanã é Decantadora por excelência. Os lagos, mangues e os grandes rios que correm tranquilamente são Pontos de Força de Mãe Nanã. Vamos pensar num lago. Um lago tem a superfície calma, de águas tranquilas, que parecem estar paradas. Mas ele puxa para o fundo qualquer coisa que nele seja atirada, ele decanta silenciosamente. 

Assim é a Energia de Nanã, a Mais Velha das Mães das Águas. Diferente de Mãe Oxum, simbolizada pelas cachoeiras, que são rápidas e representam a Energia da Mãe Jovem. Diferente também de Yemanjá, a Grande Mãe, simbolizada pela imensidão do mar.

Decantando nossos vícios e desequilíbrios emocionais e mentais, Nanã nos acalma e nos transforma. Transformados interiormente, entramos no caminho da cura. Em outras palavras: evoluímos.

É considerada a Divindade da Lua Escura, que também é chamada de fase Balsâmica, que tem como atributo a energia passiva, receptiva e libertadora propiciando o esquecimento do passado e o direcionamento ao futuro. Assim, como Nanã Buruquê, liberta o passado para inicia um novo ciclo, com consciência e clareza.

Nanã é “a mais velha das Mães”, é nosso aconchego, é a experiência, a sabedoria, a paciência, é nossa Divina “Avozinha”. Daí o seu sincretismo com Nossa Senhora de Santana, a santa católica que foi a avó de Jesus.

Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido, Nanã possui não dois lados, como tantos Orixás, mas sim um Orixá dentro do outro, um conceito que foi sendo gradativamente substituído por outro, dando margem a muita confusão e contestação no jeito de se defini-la.


Nanã, é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado há séculos pela mitologia ioruba, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual República do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida.


Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai e quase todos os Orixás. Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre estes também, paternidade essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia. Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo). Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá."


Qualidades de Nanã



Nanã Abenegi: Dessa Nanã nasceu o Ibá Odu, que é a cabaça que traz Oxumarê, Oxossi Olodé, Oyá e Yemanjá.


Nanã Adjaoci ou Ajàosi: É a guerreira e agressiva que veio de Ifé, as vezes confundida com Obá. Mora nas águas doces e veste-se de azul.


Nanã Ajapá: É a guardiã que mata, vive no fundo dos pântanos, é um Orixá bastante temido, ligado a lama, a morte, e a terra. Veio de Ajapá. Está ligada aos mistérios da morte e do renascimento. Destaca-se como enfermeira; cuida dos velhos e dos doentes, toma conta dos moribundos. Nela predomina a razão.


Nanã Asainan: Provisoriamente sem dados inerentes a este caminho do Orixá Nanã.


Nanã Buruku: Também é chamada Olú waiye (senhora da terra), ou Oló wo (senhora do dinheiro) ou ainda Olusegbe. Este Orixá veio de Abomey; ligado à água doce dos pântanos, usa um ibirí azul.


Nanã Iyabahin: Provisoriamente sem dados inerentes a este caminho do Orixá Nanã.


Nanã Obaia ou Obáíyá: É ligada a água e a lama. Mora nos pântanos; usa contas cristal vestes lilás e veio do país Baribae.


Nanã Omilaré: É a mais velha, acredita-se ser a verdadeira esposa de Oxalá. Associada aos pântanos profundos e ao fogo. É a dona do universo, a verdadeira mãe de Omolu Intoto. Veste musgo e cristal.


Nanã Savè: Veste-se de azul e branco, e usa uma coroa de búzios.


Nanã Ybain: É a mais temida. Orixá da varíola. Usa cor vermelha, é a principal, come directo na lagoa, dando origem a outros caminhos. Para chamá-la, a ekeji tem que ir batendo com seus otás para fazê-la pegar suas filhas.


Nanã Oporá: Veio de Ketu, coberta de òsun vermelho. É a mãe de Obaluaiyê, ligada a terra, temida, agressiva e irascível.

Iroko


Orixá representado pela mais suntuosa árvore das casas de candomblé e o guardião das matas. Representa a dinastia dos orixás e ancestrais, seus filhos são raríssimos na religião, porém, não há nada mais bonito de se ver do que uma grande árvore de Iroko, é protetor das variações climática. Tem ligação com o Orixá Aira e Oxalá. Poderosa árvore da floresta, em cujos galhos se abrigam divindades e ancestrais aos pés da qual são depositadas as oferendas para as Ìyàmi Ajè.

Poderosa árvore da floresta, cujas raízes alcançam o Òrún ancestral e o tronco majestoso serve como apoio ao próprio Olòfín.

Iroko é partícipe do culto ancestral feito às árvores sagradas (Iroko, Apaoka, Akoko etc).

No Brasil é considerado o protetor de todas as árvores, sendo associado particularmente à gameleira branca. Seu culto está intimamente associado ao de Ossaim, a Divindade das Folhas litúrgicas e medicinais.


É o Òrìsà da floresta, das árvores, do espaço aberto; por extensão governa o tempo em seus múltiplos aspectos, função que o equipara a Airá (divindade da família de Xangô).


É cultuado pelas nações de origem dahomeana (Mina-Gêge, Gêge-Mahi) com o nome de Lokó e pelos Banto-sudaneses pelo nome de Zaratembo (a divindade Tempo da nação de Angola).

É referido como "Òrìsà do grande pano branco que envolve o mundo", numa alusão clara às nuvens do Céu.


As árvores nas quais Iroko é cultuado normalmente são de grande porte; são enfeitadas com grandes laços de pano alvo (oja fúnfún) e ao pé dessas árvores são colocadas suas oferendas, notadamente nas casas de origem Ketu, onde recebe lugar de destaque. Jamais uma dessas árvores pode ser derrubada sem trazer sérias consequências para a comunidade.

No culto aos Vodún, Loko ocupa lugar destacado, comparado somente à Lisa (Osalá) e Dan (Osùmarè).

Iroko é invocado em questões difíceis, tais como desaparecimento de pessoas ou problemas de saúde, inclusive a mental. Seus filhos são altivos e generosos, robustos na constituição, extremamente atentos a tudo o que ocorre a sua volta.


É um orixá pouco cultuado no Brasil. Seus filhos também são poucos conhecidos. Iroko vive na mais suntuosa árvore que há numa roça. Representa a ancestralidade, nossos antepassados, pais, avós. Representa também o seio da natureza, morada dos orixás. Desrespeitar Iroko (grande e suntuosa árvore) é desrespeitar o próprio sangue...
Iroko representa a história do ylé, assim como, de seu povo. Protegendo sempre o mesmo das tempestades.


Características:


. Nome: Iroko
. Origem: Benin (Daomé)
.Cor: Branco, verde e azul celeste
. Filiação: Oxalá e Nanã
. Data: 10 de Agosto
. Vela: Branca e Cinza
. Dia: 3ª Feira
. Oferendas Rituais: inhame, canjica, pipoca doce, cerveja clara e de pé de        

  gameleira
. Hora: 18 horas
. Símbolos: escadinha e um espanador de palha
. Metal: ferro e zinco
. Local para acender: Em espaços abertos da natureza ou morros
. Vibrações: Para atrair iniciativa e perseverança.
. Sincretismo: São Lourenço
. Saudação: Irokó Axé!

Ibeji


Ìbejì é o Òrìsà dos gêmeos. Da-se o nome de Taiwo ao Primeiro gêmeo gerado e o de Kehinde ao último. Os Yorùbá acreditam que era Kehinde quem mandava Taiwo supervisionar o mundo, donde a hipótese de ser aquele o irmão mais velho.

Cada gêmeo é representado por uma imagem. Os Yorùbá colocam alimentos sobre suas imagens para invocar a benevolência de Ìbejì. Os pais de gêmeos costumam fazer sacrifícios a cada oito dias em honra ao Òrìsà .

Conta uma lenda que os Ibejis são filhos paridos por Iansã e jogados nas águas. Osun os abraçou e os criou como se fosse seus filhos.

O animal tradicionalmente associado a Ìbejì é o macaco colobo, um cercopiteco endêmico nas florestas da África Equatorial. A espécie em questão é o colobus polykomos, ou "colobo real", que é acompanhado de uma grande mística entre os povos africanos. Eles possuem coloração preta, com detalhes brancos, e pelas manhãs eles ficam acordados em silêncio no alto das árvores, como se estivessem em oração ou contemplação, daí eles serem considerados por vários povos como mensageiros dos deuses, ou tendo a habilidade de escutar os deuses. A mãe colobo quando vai parir, afasta-se do bando e volta apenas no dia seguinte das profundezas da floresta trazendo seu filhote (que nasce totalmente branco) nas costas. O colobo é chamado em Yorùbá de edun oròòkun, e seus filhotes são considerados a reencarnação dos gêmeos que morrem, cujos espíritos são encontrados vagando na floresta e resgatado pelas mães colobos pelo seu comportamento peculiar.

Ao contrário dos Erês, entidades infantis ligadas a todos os orixás e seres humanos, são divindades infantis, orixás-crianças. Por serem gêmeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e brota: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas...
São divindades gêmeas infantis, é um orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.

Divide-se em masculino e feminino, (gêmeos). No Oyó cultua-se como Erês ligado a qualidades de Xangô e Oxum. Popularmente conhecido como xangô e Oxum de ibeji.






Dia da Semana: Segunda-Feira
Cores: Variadas
Comida: Caruru, frutas variadas ou mistura de 2 doces colocados em matos e jardins
Saudação: Ro Ro Ibeji Mi!
Domínio: Tudo que diz respeito às crianças



Conhecido na Umbanda como Cosme e Damião e,  identificado nos Candomblés como Erês, Ibeji é na realidade a divindade gêmea da vida - uma dualidade de existência que proporciona aos seus filhos certas vantagens em relação aos demais orixás.

Chamado de Ibeji na nação Ketú ou Yorubá e Tobossi no Gege Vodú, esse Orixá-Vodun se identifica no aspecto masculino como Tossé e no feminino como Tossá. Geralmente proporcionam aos seus filhos, famílias extensas ou o aparecimento de filhos gêmeos. Na Nação Angola, Ibeji é conhecido como Vounge Mona Ame.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Oxalufan


O primeiro Orixá a ser criado por Olodumarê, o Deus Supremo. Foi encarregado de criar o Mundo. No entanto, embriagou-se no caminho por culpa de Exú, que lhe ofereceu Uti Nibé (vinho de palmeira)e sua missão foi cumprida por Oduduwá, que liderando um exército de Imalês(guerreiros) comandados por Ogum, criou o Mundo, cumprindo assim a ordem de Olodumaré.
Em suas diversas mutações temos: 

Na Nação Ketu: Oxanguian, Oxalufá, Obatalá e Oduduwá. 

Na Nação Angola: Lemba. Lembarangaga e Guaratinhanha. 

Em todas elas é o Senhor da VIDA, também chamado "senhor da boa argila", devido a uma antiga lenda na qual Oxalá usava este material para criar os seres humanos.

Dia da Semana: Sexta-feira e Domingo
Cores: Branco, Marfim, Pérola e Prata
Comida: Canjica branca cozida com mel e coberta
com clara batida
Saudação: Exeu, Epá Babá, Axé!
Domínio: Oceanos, Rios, Céus, Montanhas


OS FILHOS DE OXALUFAN NO AMOR


O HOMEM DE OXALUFAN


Sentimental, amoroso, carinhoso e muito sensual; assim é o homem de Oxalá. Com todas estas qualidades, é natural que as mulheres se interessem por ele, que, de quebra, costuma ter uma bela aparência física. E o que é melhor, tem um ótimo papo. Rei das festas e reuniões sociais, ele costuma escolher mulheres de corpo bonito, mas principalmente inteligentes e dinâmicas. Só que jamais revela o interesse pela pessoa que o atrai. Para conquista-lo é necessário levar em conta essas dicas e não desanimar. Ele vale a pena. Também, porque sonha com uma mulher fértil que lhe dê filhos, brindará sua amada com uma vida sexual variada, cheia de climas, que realiza com criatividade e carinho.

AFINIDADES - Com mulheres de Ewá Oxumarê, Oiá, Oxalá, Voduns, Ibeji, Obaluaiê e Nanã.

A MULHER DE OXALUFAN


É a mulher ideal para qualquer homem: preocupa-se com ele, quer agradar e faz tudo para ajudá-lo a se projetar na vida. Não tem vergonha de dizer que ama, desde que realmente ame. A filha de Oxalá é rigorosamente sincera em tudo o que faz. Só que é tímida, o que significa que jamais disputará um homem com outra mulher, e nunca demonstrará abertamente o seu interesse por alguém. Talvez, por causa desta sua forma retraída de ser, chama a atenção dos homens mas se interessa apenas por aquele que for amável, romântico e um perfeito cavalheiro. Este se surpreenderá com sua sensualidade depois que ele tomar a iniciativa e poderá ficar seguro quanto à sua fidelidade: a mulher de Oxalá não é nem um pouco volúvel.

AFINIDADES - Com homens de Iansã, Ewá, Oxumarê, Ibeji, Obaluaiê e Nanã.


Oxoguian




É o filho de Oxalufan, considerado o Oxalá novo, aquele que carrega a espada e o escudo e é muito confundido com Ogum e não perde uma oportunidade de lutar contra Omulu ou Xangô. Por ser um Orixá Funfum (branco), ele é muito guerreiro. É o único que tem autorização de enfeitar seus colares brancos com as pedras azuis , chamadas de seguy , e suas roupas brancas podem , às vezes , levar uma franja vermelha . 

Está ligado ao culto de ÌRÓKÒ e dos espíritos , assim como a fertilidade e o culto dos inhames . É pai de ÒSÓÒSÌ INLÉ, come com ÒGÚN JÀ, ÒSÓÒSÌ INLÉ, AIRÀ, ÈSÙ, OYA e ONÌRA . Tem muito fundamento com OYA , pois é o dono do ATORI, fundamento que lhe foi dado por ela , motivo pelo qual as pessoas de Guian devem agradar muito a OYA. Vem pelos caminhos de ONIRA . Tem ligação com ÈSÙ . Seus filhos devem evitar brigas, confusões e mentiras, principalmente, não devem enganar Ogum ou aos seus filhos, pois será castigado sem dó. Não devem comer ovo frito para não esquentar o Òrìsá, cachaça, sal e dendê . É um Òrìsá muito perigoso.


É também um Orixá enganador, porque sempre mostra as duas faces: a guerra e a paz. Oságuian é considerado um Orixá de alimentos branco (inhame- insu), mas ele também esconde o lado vermelho da espiritualidade. É muito arteiro, muito teimoso, engana até a morte. Traz no seu bojo um grande carrego espiritual e os babalorixás têm que ter bastante cuidado para cultivá-lo, justamente pelas duas faces que tem.

É considerado o Santo das derrotas, das lutas, das batalhas, das guerras, mas também considerado um Orixá que trás muita vitória quando resolve vencer sua demanda.

Qualidades: ORANDIAN, OXANDIAN, OXANDIN, OXANIN e OXAMIN.


Até hoje na África existe um culto a Oxaguiã muito popular chamada "Batalha de Atoris" na cidade Africana de Eleegibò até hoje por ocasião de sua festa os habitantes são divididos entre dois bairros e trocam golpes de atori (varas), relembrando o mito que diz sobre um Babalaô seu amigo que foi preso pelos guardas de Eleegibò, por que se referiu o Rei como, Oxaguian (Orixá Comedor de Inhame) tendo sido encontrado no calabouço Oxoguian pediu-lhe perdão só aceito se os moradores da cidade trocasse golpes de varas durante suas festas (sob pena de não haver boa colheita caso isto não acontecesse). Uma das mutações de Oxalá, ele é o jovem regente do coração, pulmão, cérebro, membros e da circulação sanguínea, tendo como características fundamentais o domínio, a austeridade e o zelo. É a mais importante conjuntura do jogo de búzios e vem associada ao número 8, chamado de Ejonilé. Isso indica caminhos sem meio-termos, na base do tudo ou nada. Significa infinito em todos os sentidos: saúde, pobreza, sorte ou azar. Em sua origem lendária, Oxoguian foi o Rei de Ejigbo e ganhou fama por sua valentia. 

domingo, 20 de maio de 2012

Oxóssi




Oxóssi tem origem na mitologia africana, era antepassado africano respeitadíssimo, filho de Yemanjá, irmão de Omulu-Obaluaiê e rei da cidade de Oyó, localizada na África sudanesa - de onde provêm os povos nagô (ketu, Ijexá e Oyó) e Mina-jeje. 

Também é considerado o caçador por excelência. É o Orixá da caça e da fartura. É representado como um arco e flecha. No período da Escravidão, muitos negros que cultuavam Oxóssi não resistirão aos maus tratos, ao cativeiro e ao trafico de escravos, porém seu culto continuou no Brasil  e Oxóssi tornou-se num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na Umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, linha importantíssima na Umbanda. 

Ele mora na floresta, sendo simbolizado pela cor verde na umbanda, e recebendo a cor azul clara ou o Prata no candomblé. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes. 

Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado como "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo, devido sua precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a sua aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. 

Come tudo quanto é caça e o dia consagrado á ele é quinta-feira. Oxóssi representa na Umbanda a expansão dos limites, de sair do campo de conforto e explorar novos ares e idéias, a caça é uma metáfora para o conhecimento, o que levamos da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. 

Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo afora, a mata, para trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça é o responsável pela transmissão de belas descobertas. Oxóssi descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo no mesmo novo local ou seja, cabe a  Ogum a transformação deste conhecimento em técnica. 

Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro e sem maldade: a ciência, a filosofia. Pode-se pedir auxílio a Oxóssi por qualquer questão importante em qualquer setor da vida, mas os fiéis conhecedores do Orixá costumam orar para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Já que, a busca pelo pão de cada dia, significa a alimentação da tribo, responsabilidade dos caçadores. 

Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças. Oxóssi representa uma das sete forças primordiais de Deus, pertencendo ao pólo positivo das energias espirituais, expandindo, irradiando e revigorando os homens , como uma árvore que troca sua folhagem. Oxóssi possui perfil guerreiro, e envia proteção espiritual e material aos seus filhos. 

Oxóssi na Umbanda é considerado patrono da linha dos caboclos, atuando para o bem-estar físico e espiritual dos seres humanos. Por ser um orixá caçador, logo os negros o associaram a São Jorge, já que este é representado de armadura matando um dragão. Mas é como São Sebastião que Oxóssi é sincretizado. Oxóssi é homenageado em 20 de janeiro. 



CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXÓSSI 


As pessoas consideradas filhas de Oxóssi são alegres, carismáticas, são mais produtivas a noite, como os caçadores. Podem passar horas conversando, são estrategistas e de raciocínio muito rápido. Sabem lutar e alcançar o que almejam, são muito sonhadores mas são pessoas de atitude e concentradas por isso acertam o alvo. Sabem se controlar, mas, quando se zangam, ferem as pessoas com palavras, também certeiras como flechadas. 
Quando amam, não traem, não toleram traição. 
Seu filho pisa macio, cautelosamente, tem o tipo calmo. Possuem gosto refinado, veste-se bem e são muito ligados à Natureza gostam de matas e de animais. O verde, as águas, os bichos, as estrelas, o sol e a lua, são a bússola de sua vida. Não discute a fé. 
Acredita e é fiel seguidor da religião que escolheu. 
Seus filhos têm um lado, amoroso, encantador, preocupado com todos os problemas. Um pelo seu gênio alegre, muito embora com forte tendência à solidão. Incapaz de negar ajuda a alguém, são grandes conselheiros e rápidos para resolver um problema. 
Com respeito à vida familiar, são muito apegados e atenciosos. Diante as dificuldades param um pouco para refletir e até se isolar. A pessoa é carente e também fica lado a lado ajudando alguém. 
Ama a Liberdade acima de tudo. Quando atacado custa revidar. Mais é melhor ninguém estar por perto quando isso acontece, devido á ser muito perigoso se zangado e só vai parar quando "derrubar o pássaro maligno". É, neste particular, ladino como os índios.

Os filhos de Oxóssi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão quando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são, de forma alguma, pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si.
São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam uma amizade é para sempre.
São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas sempre faz o que quer. Com estratégia, acabam por fazer prevalecer a sua opinião e agradando a todos.
Altos e magros, os filhos de Oxóssi possuem facilidade para se mover, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada para isso acontecer.
Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos, vaidosos, distraídos e prestativos, comportamento típico de um caçador, provedor do seu povo.



DIA: Quinta-feira

COR: Azul-Turquesa

SÍMBOLOS: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré

ELEMNTO: Terra (florestas e campos cultiváveis)

DOMÍNIOS: Caça, Agricultura, Alimentação e Fartura

SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!




Oxóssi (Òsóòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. Atualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao facto de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os seus habitantes, muitos consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse facto possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé.

Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.

Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido.

A colheita e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.

Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.

Outras histórias relacionadas com Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidas, são ainda mais imbatíveis.

Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.

A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyámi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.

A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou Orixá.

Tal como Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.


QUALIDADES




ÍBUÀLÁMÒ -  YBUALAMO ou IBOALAMU - IBÔ  – É velho e caçador. Nasce nas águas mais profundas do rio Irinlé. Sua vestimenta é branco com bandas ou azul celeste, saiote e capacete de palha da costa. Tem ligação com Omolu Azoani e Oxum. Seu assentamento se difere de todos.  Conta um mito que Ybualamo é o verdadeiro pai de Logun Edé. Apaixonado por Oxum e vendo-a no fundo do rio, ele atirou-se nas águas mais profundas em busca do seu amor.


ÍNLÈ -  INLE   –  É novo e caçador, tem seu culto as margens do rio Irinlé, conhecido com caçador de Elefantes, o marfim é a sua conta, tem ligação com Oxum, Oxaguiã e Yemanjá. É o filho querido de Oxoguian e Yemonja. Veste-se de branco em homenagem a seu pai. Usa chapéu com plumas brancas e azuis claro. É tão amado que Oxoguian usa em suas contas um azul claro de seu filho. Come com seu pai e sua mãe (todos os bichos) e tem fundamento com Ogunjá.


DANA DANA – Tem fundamento com Exu e Ossaim, Oxumarê e Oyá. É ele o Orixá que entra na mata da morte e sai sem temer Egum e a própria morte. Veste azul claro, muito impetuoso e foge à toa.

AKUERAN – Tem fundamento com Ogum e Ossaim e Oxumarê. Muitas de suas comidas são oferecidas cruas. Ele é o dono da fartura. Ele mora nas profundezas das matas. Veste-se de azul claro e tiras vermelhas. Suas contas são verde claro ou azul claro, dependendo da Nação. Seus bichos são: pavão, papagaio e arara, tiram-se as penas e se solta o bicho.

OTIN - OTYN –  Guerreiro e muito agressivo, vive intocado na mata, ligado a seu irmão Ogum, vive na companhia dele caçando e lutando. É muito manhoso e não tem caráter fácil. Muito valente, está sempre pronto a sacar sua arma quando provocado. Não leva desaforos e castiga seus filhos quando desobedecido.  Usa azul claro e o vermelho,  leva capangas, roupas de couro de leopardo e bode. Tem que se dar comida a Ogum.

KÒIFÉ - KOIFÉ - Não se faz no Brasil e na África, pois, muitos de seus fundamentos estão extintos. Seus eleitos ficam um ano recolhidos, tomando todos os dias o banho das folhas. Veste vermelho, leva na mão uma espada e uma lança. Come com Ossain e vive muito escondido dentro das matas, sozinho. Suas contas são azuis claras, usa capangas e braceletes. Usa um capacete que lhe cobre todo o rosto. Assenta-se Koifé e faz-se Ybô, Ynlé ou Oxum Karé; trinta dias após, faz-se toda a matança.


AROLÉ - Propicia a caça abundante. É invocado no PadÊ. É um dos mais belos tipos de Oxóssi. Um verdadeiro rei de Ketu. As pessoas dele são muito antipáticas. Jovem e romântico, gosta de namorar, vive mirando-se nas águas, apreciando sua beleza. Come com Ogum e Oxum. Veste azul claro, aprecia a carne de veado e é ágil na arte de caçar.



KÀRÉ - KARE –  é ligado as águas e a Oxum e Logun Edé, porém não se dão bem, pois    eles exercem as mesmas forças e funções.. Usa azul e um Banté dourado. Gosta de pentear-se, de perfume e de acarajé. Bom caçador mora sempre perto das fontes.

ÍNSÈÈWÉ ou Oni Sèwè – É o senhor da floresta, ligado as folhas e a Ossain, com quem vive nas matas. Veste azul claro, e banda de palha da costa, usa capacete quase tapando o seu rosto.

ÍNKÚLÈ ou Oni Kulé- Odé das montanhas, de culto no platô das serras, muito ligado a Oxaguiã e Jagun, veste verde claro, turquesa.




ÌNFAMÍ ou Infaín Odé funfun, ligado a Oxaguiã e Oxalufã, só usa branco e come abadô



AJÉNÌPAPÒ- Odé ligado as Iyamis Osorongá, aquele que pode se aproximar e também a Oyá, o dono do Irukere.



Odé Orélúéré- Ligado aos Igbôs, odé de culto antigo.



OTOKÁN SÓSÓ – Embora muitas vezes seja citado como uma qualidade, não é qualidade, é um Oríkì que significa o caçador que só tem uma flecha . Ele não precisa de mais nenhuma flecha porque jamais erra o alvo.
Título que Oxóssi recebeu ao matar o pássaro de Ìyámi Eléye. Não fazendo parte do rol dos caçadores que possuíam várias flechas, Oxóssi era aquele que só tinha uma flecha.
Os demais erraram o alvo tantas vezes quantas flechas possuíam, mas, Oxóssi com apenas uma flecha foi o único que acertou o pássaro de Ìyámi, ferindo-o com um tiro certeiro no peito.
Por essa razão é que ele não recebe mel, pois o mel é um dos elementos fabricado pelas abelhas, que são tidas como animais pertencentes a Oxum, mas, também às Ìyámi Eléye.
Então, é èèwò (proibição) para Oxóssi. Por essa razão também, é que se dá para Oxóssi o peito inteiro das aves, como reminiscência desse ìtàn.



MUTALAMBO - Tem fundamento com Exu.



GONGOBILA - É um Oxóssi jovem. Tem fundamento com Oxalá e Oxum.



WAWA - Vem da origem dos Òrixás caçadores. Veste-se de azul e branco, usa arco e flecha e os chifres do touro selvagem. Come com Oxalá e Xangô, pois, dizem que ele fez sua morada debaixo da gameleira. Está extinto, assenta-se ele e faz-se Airá ou Oxum Karé.



WALÈ - É velho e usa contas azuis escuro. É considerado como rei na África, pois, seu culto é ligado, diretamente, a pantera. É muito severo, austero, solteirão e não gosta das mulheres, pois, as acha chatas, falam demais, são vaidosas e fracas. Come com Exu e Ogun.



OSEEWE ou YGBO - É o senhor da floresta, ligado as folhas e a Ossain, com quem vive nas matas. Veste azul claro e usa capacete quase tapando o seu rosto.



OFÀ - Não é qualidade, significa, “o arco e a flecha do caçador, sendo de Oxóssi o seu principal apetrecho”.



TÁFÀ-TÁFÀ - O caçador arqueiro, aquele que exímio atirador de flechas, é predicado que se diz de Oxossi.
ERINLÉ - É também um outro Oxóssi, que, a exemplo de Inlè, cujo culto também caiu no obscurantismo, acabando por tornar-se “qualidade de Oxóssi”.



ODÉ TOKUERÁN - O caçador é quem mata a caça, diz-se da actuação do caçador.


Poderemos encontrar ainda: Odé Etetú; Odé Edjá, Odé Isanbò, Odé Ominòn, Odé Oberun’Já.

Inlè-Ibualama ou Erinlè - Em Ijesá, onde passa o rio Erinlè, há um deus da caça com o mesmo nome. Segundo Verger, seu templo principal é em Ilobu, onde dois cultos teriam se misturado: o culto do rio e o do caçador de elefantes, que por diversas ocasiões, viera ajudar os habitantes de Ilobu a combater seus adversários. O culto a Erinlè realiza-se às margens de diversos lugares profundos (Ibu) do rio.

Cada um desses lugares recebe um nome, mas é sempre Erinlè que é adorado sob todos esses nomes. Um desses lugares profundos de Erinlè é chamado de Ibùalamo (Ibualama) nome pelo qual também é cultuado na Bahia, que durante sua dança traz nas mãos o símbolo de Oxóssi, o arco e a flecha de ferro, e uma espécie de chicote (bilala), com o qual ele se fustiga a si mesmo.


Obá




É a princesa guerreira, Orixá feminino de Nagô (Iorubá), nascida de Orungá e do ventre de Yemanjá, depois de um incesto de Orugan. 

Em toda a África Obá era cultuada como a grande deusa protetora do poder feminino, por isso também é saudada como Iyá Agbá, e mantém estreitas relações com as Iyámi. Era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino. 

Terceira mulher de Xangô, depois de Oyá e Oxum. Considerada por alguns como a irmã de Iansã. Ela desafiou e venceu as lutas, sucessivamente contra Oxalá, Xangô e Orunmilá. Obá era uma mulher vigorosa e cheia de coragem. Faltava-lhe, talvez, um pouco de charme e refinamento. Mas ela não temia ninguém no mundo. Seu maior prazer era lutar. 

Seu vigor era tal que ela escolheu a luta e o pugilato como profissão. Obá saiu vencedora de todas as disputas que foram organizadas entre ela e diversos orixás. Ela derrotou Obatalá, tirou Oxossi de combate, deixou no chão Orunmilá. Oxumarê não resistiu à sua força. Ela desafiou Obaluaê e botou Exú pra correr. Guerreira, veste vermelho e branco, usa escudo e lança. Altiva, sombria e muito respeitada.

Obá é a representação dos ancestrais femininos, anciã e guardiã da sociedade Eleekô. Está associada à água e à cor vermelha. Representa o mais antigo e arcaico. Símbolo genitor, capaz de grandes sacrifícios próprios, lutadora, guerreira e companheira inseparável de L'Oya.



- Obasy, rio revolto

- Obasy, mística e idosa, com bons costumes, porém, grosseira.

- Obasy, mulher valente, orixá de uma orelha só.

- Obasy, quando em fúria transborda, agita-se.



Obasy é a senhora da sociedade elekoo, porém no Brasil esta sociedade está muito restrita, sendo assim, esta sociedade passou a cultuar egungun. Deste modo, Obasy é a senhora da sociedade lesse-orixá.


Tudo relacionado a Obasy é envolto em um clima de mistérios, e poucos são os que entendem seus atos aqui no Brasil. Certas pessoas a cultuam como se fosse da família ji, ao passo que outras a cultuam como se fosse um Xangô fêmea. Obasy e Ewá são semelhante, são primas e ambas possuem oro omi osun. Ela usa ofá (arco e flecha) assim como Ewá e ambas são identificadas também com Odé. Obasy usa a festa da fogueira de xangô para poder levar suas brasas para seu reino, desta forma é considerada uma das esposas de xangô mais fieis a ele.


OBÁ é Orixá ligada a água, guerreira e pouco feminina. Suas roupas são vermelhas e brancas, leva um escudo, uma espada, uma coroa de cobre. Usa um pano na cabeça para esconder a orelha cortada. Conta e lenda que Obá, repudiada por Xangô. Vivia sempre rondando o palácio para voltar.

Conta a sua lenda que foi no seguimento de uma querela com Oxum, e com o intuito de obter a preferência de Xangô que ela cortou a orelha esquerda e, com ela, temperou um amalá para o seu esposo, pois Orixá Oxum a havia convencido de que fazendo isso, certamente ela iria conseguir o seu objetivo. O resultado foi contrário, pois Xangô detestou encontrar a orelha da esposa na sua comida e também a sua mutilação. Obá passou então a esconder a mutilação com a mão esquerda, com o seu escudo, ou também com um turbante.
Obá se vinga de Oxum entornando sobre seus pés um caldeirão de dendê fervendo, por isso que dizem que se conhece uma pessoa de Oxum pelos pés. Ela também representa o lado esquerdo preeminente feminino, ligada as Iyamís, ostenta seu poder apontando com a mão esquerda em riste na direção de sua orelha esquerda e com a mão direita empunha como num coice sua espada, dança esplendidamente.


Tudo relacionado a Obá é envolto em um clima de mistérios, e poucos são os que entendem seus atos aqui no Brasil. Obá e Ewá são semelhante, são primas e ambas possuem oro omi osun. Ela usa ofá (arco e flecha) assim como Ewá e ambas são identificadas também com Oxóssi. Obá usa a festa da fogueira de Xangô para poder levar suas brasas para seu reino, desta forma é considerada uma das esposas de Xangô mais fieis a ele.


Qualidades de Orixá Obá. 

Obá Gideo - Essa é a mais velha, guerreira, ciumenta, obtêm um relacionamento sério quando gosta de alguém. Come com Xangô e Oyá cores vermelho, branco e marrom semelhando as cores de Xangô. 

Obá Rewá - Uma Orixá jovem, teve um encanto por Oxóssi mais jovem Logun-Edé, vive entre os lagos e as florestas. Come com Oxóssi e veste vermelho com verde.

Temos também Obá Syió;  Oba Lode ; Oba Loke;  Obá Térà;  Obà Lomyìn;


Em qualquer das suas qualidades é uma guerreira destemida, mas ressentida. Veste-se de vermelho, branco e dourado. Carrega espada e escudo. Gosta de acarajé, aberém, feijão fradinho, cabras, galinhas e coquéns. Recebe culto às quartas-feiras e os seus filhos são em pequenos números.

Dia da Semana: Quarta-feira.
Cores: Marron raiado, Vermelho e Amarelo.
Símbolos: Ofange (espada) e Escudo de Cobre, Ofá (arco e flecha).Elementos: Fogo e Águas Revoltas.
Domínios: Amor e Sucesso Profissional.
Saudação: Obà Siré!

Ossain






Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força.

Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimônia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde das folhas.


Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. É nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.

A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, o seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.

Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco.

De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.

Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.

Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.

Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.

Patrono da vegetação rasteira, das folhas e de seus preparos, defensor da saúde, é a divindade das plantas medicinais e litúrgicas. Cada Orixá tem a sua folha, mas só Ossain detém seus segredos. E sem as folhas e seus segredos não há axé, portanto sem ele nenhuma cerimônia é possível. 

Osanyin usa uma cabaça chamada Igbá-Osanyin. Fuma e bebe mel e pinga.

Osanyin também é um feiticeiro, por isto é representado por um pássaro chamado Eleyê, que reside na sua cabaça. As proprietárias do pássaro do poder são as feiticeiras. Ele carrega também sete lanças com um pássaro em cima da haste, o qual é seu mensageiro e voa para trazer-lhe notícias. Ossaim está extremamente ligado a Orunmilá, Senhor da Adivinhações. 

Estas relações, hoje cordial e de franca colaboração, atravessaram no passado período de rivalidade.

Ossain recebera de Olodumare o segredo das folhas. Ele sabia que algumas delas traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a miséria, as doenças e os acidentes. Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta. Eles dependiam de Ossain para manter sua saúde ou para o sucesso de suas iniciativas.

As folhas de Ossaim veiculam ao axé oculto, pois o verde é uma das qualidades do preto. As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas, que representam o procriado. O sangue das folhas é um dos axés mais poderosos, que traz em si o poder do que nasce e do que advém.

Ossaim existe em todas as folhas, por isso quando as queimam as matas ele fica revoltado com o ser humano, que destrói a força da natureza, que é a cura de todas as doenças que existem e que vão existir.


Características dos filhos de Ossaim



Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente equilibradas e cautelosas, que não permitem que as suas simpatias ou antipatias interfiram nas suas opiniões sobre os outros. Controlam perfeitamente os seus sentimentos e emoções. Possuem grande capacidade de discernimento e são frios e racionais nas suas decisões.

São pessoas extremamente reservadas, não se metem em questões que não lhe dizem respeito. Participam em poucas actividades sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam falar sobre a sua vida, sobre o seu passado, preferem manter certa aura de mistério. Geralmente, não têm nada de mais a esconder, mas desejam manter reserva.


Pressa e ansiedade não fazem parte das suas características, pois são pessoas dadas aos detalhes e caprichosas no cumprimento das suas tarefas. Possuem gosto por actividades artesanais que exigem isolamento e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos, não se prendem a horários, apreciam a independência para fazer o que gostam na hora que querem. São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las. Possuem um gosto exacerbado pela religiosidade.



Qualidades de Ossaim



Apesar de existirem diversas qualidades de Ossaim, são raros os seus filhos. porém, em um terreiro de candomblé só pode haver um omo Ossaim ( iniciado em ossanha), embora possa nesse mesmo terreiro, sem problema algum, ter vários abians (não iniciados) cujo orixá principal seja Ossaim.
Ossaim é sempre acompanhado do Exú Sasanejì, seu principal escravo, e do encantado Aroni, cujo característica, tanto deste quanto daquele passamos a descrever como:

Exú Sasanejì : tem uma perna só e um olho coberto com uma folha, no seu assentamento usa-se ervas, frutas e raízes maceradas, vinho moscatel, azeite doce e mel.

Aroni: é um anão (tipo um duende), usa um gorro vermelho enfeitado com búzios, um cachimbo  e pula numa perna só. a base de seu assentamento é algodão, suas bebidas preferenciais são: aluá, água de coco com uma pitada de sal,  come somente animais de 2 patas, mel fumo em rolo.


Obs.: Sempre que assentar Ossaim, deve-se fazer o seu Exú Sasanejì e seu encantado servo Aroni, pois é Aroni quem intui o babalorixá na combinação das folhas. e sempre  que o babalossanyn for colher as folhas na mata fechada, deve sempre despachar exú sasanejì e exú da mata.



As qualidades de Ossaim são:


Ossaim Miró – grande conhecedor das folhas sagradas, veste-se de verde escuro com verde claro. tem fundamento com o Tempo. Carrega o peregum (folha de Ossaim), come acaçá vermelho. Ele é assentado em vaso de barro cru com sua ferramenta solta porém na nação Angola este orixá vem assentado com tabatinga . Sua ferramenta é tirada em jogo de búzios , porque dependendo da cabeça do filho de santo pode ter outros símbolos e esta ferramenta poderá vir cromada. Consagrado com azeite doce e mel. Leva atacans, não tem peitoral nem impulsas, na cabeça leva um torso com 1 folha de Ossaim ( peregum). Trás nas mãos 1 lança ou 1 divino.

Ossaim Birigã – tem fundamento com Oxóssi Ibô. Traz na cabeça uma pluma branca de ema, num torso. veste verde claro com rosa, ou verde e branco. seu igbá possui um par de pequenos chifres. Fica no tempo. Trás nas mãos uma ramagem de folhas. 

Ossaim Atulá – tem fundamento com Oxalufã. é um orixá do efum (branco) por isso veste branco e na cabeça leva um torso branco com um cristal de topo, conhecido como “Ossaim do sol”, pois só come de dia. Fica no tempo. Não tem impulsas nem peitoral. Trás nas mãos folhas de peregum com folhas de lírio branco ou flores brancas. Come no tempo ou em sabagi quente

Serebuá = quem guarda os segredos mágicos das folhas, ele quem recebeu o encanto

Ossaim Aroni – é o mais velho, tem fundamento com Iansã. veste-se de verde escuro com rajadas vermelhas. é o guardião da floresta da morte.

Ossaim Modun –  velho feiticeiro, é quem conhece todas as magias da cura e da morte, ligado à Nanã e Omulu.

Ossaim Agué – usa roupas e contas rosa rajadas com verde, tem ligação com Oyá e Oxumarê.

Ossaim Mokossu – velho, vive escondido na mata, fume e bebe em demasia. tem fundamento com exú.

Ossaim Gayaku – é novo, muito ágil, só vive no cume das árvores. Nunca aparece em lugares habitados. come com Oxóssi, e aparece na roda do padê (ato de despachar exú).

Agbènigi – velho e feiticeiro, dono do pássaro sagrado, é o único que se aproxima de Iyámì ossoronga (mãe da fertilidade, o poder feminino). dono absoluto do poder das ervas. come diretamente com exú. no qual muitas vezes é confundido.


Ossaim – aspectos gerais


Dia - quinta feira

Data – 05 de outubro

Metal - estanho

Cor – verde e branco ou verde e rosa

Quizila - vento e jiló

Símbolo - haste ladeada por 7 lanças com um pássaro no topo ( árvore estilizada)

Ferramentas - coqueiro, muleta, bisturi, cágado entre outras

Elemento – terra

Domínio – floresta, folhas em geral, medicina curativa e os mistérios do candomblé.

Região da áfrica – Iraó

Toque – ijexá

Pedra - esmeralda

Folhas – peregum, são-gonçalinho e garobinha, poré todas as folhas o pertence.

Saudação – ewè o´! ou Éwè Éwè Asà !


Arquétipo dos filhos de Ossaim


Extremamente equilibrados, os filhos de Ossaim não permitem que suas simpatias ou antipatias interfiram em sua opinião sobre os outros. controlam profundamente suas emoções e sentimentos, porém não são nem um pouco insensíveis. possuem grande capacidade de discernimento e, às vezes, tornam-se frios e racionais em suas decisões.
São reservados e discretos, participam de poucas atividades sociais, preferindo o isolamento. são pessoas calmas, ingênuas e passivas. podem ser frágeis, de saúde delicada, esforçados, volúveis, sem grandes ambições, estudiosos, sonhadores, esquisitos e desligados.
Preservam sempre sua liberdade, vivendo sempre de forma independente. são individualistas,mas não egoístas, apenas não se preocupam com as coisas que acontecem fora de sua esfera, do seu “mundo”.
Fisicamente, são pessoas elegantes e esguias, não aparentam grande força física, mas detém uma grande energia reservada para uso quando necessário.
São capazes de amar, mas não o tempo todo. o silêncio, porém, não pode ser entendido como sinônimo de falta de carinho: - é apenas o gosto pela ausência de sons, pois quando há algum problema, ele dificilmente esconde seu ponto de vista.

O Culto ao Orixá


Assim como os Orixás das florestas, Ossaim é cultuado as quintas-feiras, se bem que alguns zeladores e zeladoras apresentem seus dias de culto de maneira diferente. Como é um orixá voltado ao culto em si e à religião como forma organizada de comunicação entre os homens e o sobrenatural, todos os seus ritos exigem muitos detalhes e inúmeros cuidados para não se quebrar as regras de como se colhe uma folha de uma árvore ou se arrumam os ingredientes para uma obrigação de Ossaim. Em algumas áreas do Brasil, Ossaim é sincretizado em São Benedito, alguns zeladores e zeladoras dão a este Orixá o sincretismo de Santo Expedito, visto que o mesmo segura um ramo de folha em uma das mãos. Mas em geral é sincretizado na figura do Saci Pererê, figura mitológica que traduziria a função de encantado da mata, aquele que existe e ao mesmo tempo não. Sua filiação é Yemanjá e Oxalá (alguns historiadores dão Nanã e Oxalá), sua atuação seria na cura e na liturgia, suas cores variam de vermelho e azul, verde e branco e preto e amarelo (mais comum). A comida ritualística mais conhecida seria o padê de mel, coberto de fumo de rolo servido com um coeté de cachaça e entregue com uma vela preta e amarela. A ele são sacrificado bodes e galos. Sua saudação é Ewéó!!!