quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Abikú - 2a. parte


Abikú é uma palavra de origem Iorubá-nagô e na realidade um culto feito em território nagô e que tem algumas diferenciações. Então nesses países Iorubá-nagô, quando uma mulher dá a luz a uma série de crianças que são natimortos, ou seja, nascem mortos, ou que morrem em idade muito tenra, principalmente aquelas que morrem nos primeiros sete a oito dias, antes do umbigo. A tradição determina que essa criança não se tratou na realidade a vinda ao mundo de várias crianças diferentes daquela mulher. 


Crer-se que essas diversas aparições são da mesma criança, do mesmo espírito que recebe o nome Abicu, que quer dizer aquele que nasce e morre ou aquele que já nasceu morto e que se julga que está tentando o nascimento, isso acontece por um breve momento e este espírito volta a Ilú, aiê, o país dos mortos e encontra-se naquilo que eles acreditam no Ilê Samô, é na realidade o que se entenderia por céu, o éter, porque o Orun dá um outro sentido, porque o Orun é o céu das divindades onde habitam as divindades o aba-órum, aonde tem todo esse processo da tradição dos Orixás, de modo que esse ser que está tentando nascer, passa assim um grande tempo indo e voltando para o seu lugar de origem e não permanecem encarnados por muito tempo porque causa muitas vezes grande desespero nos próprios pais que desejam ver os seus filhos vingarem, se tornarem vivos. Esses princípios do culto de Abicu se encontram principalmente entre os akan, onde as mães dos abicus são chamadas de Auômáu, que quer dizer, é aquela que põe os filhos no mundo para que eles morram ou nasçam mortos.


Os Ilús chamam os abicus de Obange e os alçais de Dan-uóbi e o povo farde de Olça-marrá, tudo isso está dentro do culto de abicu. Essas informações encontradas a respeito dos abicus formam oito itans. São oito histórias dentro do culto de Ifá, no sistema divinatório do povo Iorubá e estão classificados dentro dos 256 Odus e podemos dizer que estas lendas, estes mitos mostram que os Abicus formam sociedade no Aba-Órum, que quer dizer, o espaço, o Ilê Samô, lá onde está o Orún.

O orún é uma camada aonde habitam as divindades no culto Iorubá. O orún para o culto Iorubá se divide em nove camadas ao total. Quatro camadas superiores, aquelas que estão no Ilê-samô, lá em cima. Ilê Samô, o céu. Essas camadas chamam-se Aba-órum. A camada que está embaixo, próximo ao povo, a terra, chama-se Umbé-ererin-órum e a camada do meio, aonde hoje habitamos, entre a que está em cima, o abá-órum e o emérim-órum e o emerérin-órum, chama-se Idhé-chelé-órum, que quer dizer a camada dos vivos e essas camadas são presididas por uma divindade chamada Iádiá-ançá, que quer dizer a mãe que bate e corre  quando são filhos meninos é Olócó que quer dizer chefe de uma tribo, para as meninas; mas é justamente o Alá-aiê, o rei de Auá-Aiê, lá se encontra uma floresta sagrada dos abicus, aonde os pais de abicus vão fazer oferendas para que eles permaneçam vivos e dêem as alegrias desejadas.

Segundo esses conceitos, quando essas criaturas vêm do céu para a terra, os Abicus passam os limites do céu diante do guardião da porta que chama Sonibodé-Órum e esse guardião é o Exú Odixê que guarda a passagem do que está em cima com o que está embaixo e seus companheiros vão com ele até o local onde eles se dizem até logo, os que partem declaram o tempo que vão ficar no mundo e o que farão encarnados. Se prometerem aos seus companheiros que não ficarão ausentes, essas crianças apesar de todo esforço de seus pais retornaram através do Sonibodé-órum para o seu local que pra lá elas vão encontrar os espíritos, os amigos que por lá deixaram.

Contam os mitos que a primeira vez que os Àbíkú vieram para a terra foi em Awaiye e constituíam um grupo de 280, trazidos por Alawaiye, chefe no Orún. Segundo o mito, cada um deles tinha declarado ao passar a barreira do Onibodé-órum o tempo que iria ficar no mundo. Um deles se propunha a voltar ao céu assim que tivesse visto a mãe que iria gerar o seu corpo, um outro, ia esperar até o dia que seus pais decidissem que ele se casasse e um outro que retornaria ao céu assim que seus pais concebessem um novo filho, um que ainda não esperaria mais que o dia que começasse a andar.

Outros prometeram respectivamente ficar no mundo somente sete dias, até cair o umbigo, ou até o momento em que começasse a andar ou quando ele começasse a se arrastar pelo chão, ou quando começasse a ter dente ou ficasse de pé, ou seja, um curto período de vida reencarnado e o carinho dos pais, o amor que recebessem ou os presentes não seriam capazes de retê-los no Aiyé.
Alguns assumiram o compromisso de que nem nasceriam. Esse pacto deveria ser cumprido e os seus companheiros no Orún manterem-se presentes na sua vida, interagindo no seu dia a dia, para que não o esquecessem e retornassem ao Orún tão logo o momento pactuado ocorresse.

As histórias de Ifá nos dizem que oferendas são feitas com conhecimento de causa e que são capazes de reter no mundo estes espíritos abicus e de lhes fazerem esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de suas idas e vindas constantes entre o céu e a terra porque uma vez que o tempo marcado para a volta já tenha passado, os seus companheiros se arriscam a perder o poder sobre eles e assim é que nessas histórias encontramos oferendas que comportam troncos de bananeiras acompanhados de diversas outras coisas como, por exemplo, um itan diz que um caçador que estava à espreita no cruzamento do caminho dos abicus lá na passagem escutou quais eram as promessas feitas por três abicus, quando a época do seu retorno ao céu.

Um deles prometia que deixaria o mundo assim que o fogo utilizado por sua mãe para preparar uma papa de legumes se apagasse por falta de combustível.

O 2o. esperaria que o pano que a sua mãe utilizava para carregá-lo nas costas se rasgasse 

3o. esperaria para morrer no dia em que seus pais lhe dissesse que era tempo dela se casar e ir morar com o seu esposo. 

O caçador então vai visitar as três mães no momento em que elas estão dando à luz a seus filhos abicus e aconselha:

 1a. - que não deixasse se queimar inteiramente a lenha sobre o pote que cozinha os legumes que ela prepara para o seu filho, aquela sopa. 

2a.  -  disse que não deixasse rasgar o pano que ela ia usar para carregar o filho nas costas e que ela usasse um pano de qualidade diferente. 

3a.  -  para a mãe não especificar o dia ou a hora em que sua filha deveria ir para a casa do marido. 

As três mães então resolvem consultar a sorte no Ifá e lhes são recomendadas que façam respectivamente as oferendas de um tronco de bananeira, de uma cabra, de um galo e pedindo por meio destes subterfúgios que os três abicus pudessem manter o compromisso de voltarem, desencarnarem, porque se a 1a. estala um tronco de bananeira no fogo destinado a cozinhar a papa do seu filho antes que ele se apague; o tronco de bananeira cheio de seiva e esponjosa não poderia queimar e o abicu vendo uma racha de lenha não consumida pelo fogo veria que o momento de sua partida ainda não havia chegado.

A pele de cabra oferecido pela 2a. mãe serviria para reforçar o pano que ela usaria para carregar o filho nas costas. A criança abicu não vai achar nunca que esse pano se rasgou e não vai poder manter a sua promessa. Não se sabe bem o oferecimento de um galo, mas o itan conta que quando chegou à hora de dizer para a filha já uma moça que ela deveria ir para a casa do seu marido, os pais não lhe disseram nada e enviaram-na bruscamente para a casa do marido. Nossos três abicus não podem mais manter a promessa que fizeram porque as circunstâncias que devem anunciar a sua partida não se realizaram tal como eles haviam previsto diante da passagem entre o céu e a terra e estes três abicus reencarnaram, eles não iriam mais morrer, eles seguiriam outro caminho.


Comentando essa história com alguns detalhes porque ilustra bem o mecanismo das oferendas e de sua função, não é o seu lado da lenda que nos interessa aqui, mas a tentativa de demonstração de que em países Iorubás, a sorte, o destino, o caminho pode ser modificado numa certa medida quando certos segredos são conhecidos, entre as oferendas que retém os abicus na terra, que fortalecem a sua reencarnação, figura em 1o. plano principalmente os caminhos das ervas, podemos falar de algumas delas: mamona vermelha, amendoeira, folhas de amora e de outras determinadas folhas como a abomina e assim por diante, a beldroega tanto a pequena como a grande, mas para isso tem que ter conhecimento para se proceder os rituais de maceração, de utilização, os ofó que na realidade são encantamentos que são recitados e às vezes cantados para evocar esse tipo de força e fazer a solidificação no corpo daquela criança, daquela criatura, deste espírito abicu que quando vem para reencarnar promete que não vai ficar a sua própria mãe espiritual.

Temos ainda duas plantas que são freqüentemente utilizadas para reter os abicus, segurar essa encarnação e que não estão dentro dos ritos, das lendas que é o Olobotu-dhé que é uma trepadeira e o Opá-eméri está dentro do culto da ancestralidade onde os abicus estão contidos porque eméri é o primeiro caminho do abicu dentro da família de abicu de cinco caminhos: do eméri, do emesan, do apatobi, do abicutun e do abigurun que estão dentro do princípio de tudo isso.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ÀBÍKÚ / ABICU - 1a. Parte


“Nascido para morrer” / “Nascer e morrer” / “O parimos e ele morreu”
A palavra abicu quer dizer:
A     -     Aquele ou aquela que possui
Bi    -     Ao nascer
Ikú   -     A morte



Sucessivos abortos numa mesma mulher, partos seguidos da morte da criança recém-nascida, morte de crianças ou jovens, repentinas e associadas a estágios significativos de vida, tais como mudanças nas fases de crescimento, aniversários, casamento ou nascimento do primeiro filho, são identificados como acontecimentos ligados aos Àbíkú.

A tradução literal é “nascido para morrer” (a bi ku), designando crianças ou jovens que morrem antes de seus pais. Há, portanto, dois tipos de abicu: o primeiro, Àbíkú – omode, designando crianças e o segundo, Àbíkú – Agbá, referindo-se a jovens ou adultos que morrem, via de regra, em momentos significativos de suas vidas e sempre antes dos pais, apresentando nisso uma alteração da ordem natural que socialmente é aceita e entendida como: aqueles que chegaram ao Aiyé (mundo físico) primeiro voltam ao Orun (mundo espiritual). Nessa questão, além da lógica natural, está presente a garantia da continuidade no Aiyé e a certeza da lembrança e do culto ao ancestral que deixa descendentes que recontarão sua história ao longo dos tempos, garantindo sua “sobrevivência” na comunidade.


Aquele que nasce para morrer. Uma reencarnação que foi perdida por causa da criança (menino ou menina) que morreu, vai voltar a reencarnar e quando reencarnar está dentro do culto de ancestralidade que é cultuado na África numa sociedade Oboni. Então nós temos toda uma geração que fala dessa ancestralidade, da reencarnação desse morto que não completou a sua reencarnação, aí sim, isso é obtido através do jogo de búzios e do caminho de Ifá, tanto o Opele-Ifá como o Fatê-Ifá (na peneira), é que vai saber da sua ancestralidade e a posição que você ocupa porque as pessoas que tem esse tipo de problemas quando voltam eles tem um título dentro do culto de abicu chamado Emurê, então esse Emurê vai gerar outros.

A cultura abicu aumentou muito nos últimos anos e hoje temos informações mais precisas, porque antigamente só se conhecia dois tipos de abicu que eram os dos gêmeos, um nasceu e o outro morreu, ou seja, aquele que precisou de alguém morrer para ele nascer, e também o caso que ao nascer à mãe morreu de parto. Esses eram os casos mais conhecidos nos caminhos de abicu.

Hoje, o termo abicu está associado a uma parte muito negativa. No caso o abicu clássico aonde a mulher engravida várias vezes e sempre perde os filhos. Nesse caso, normalmente o jogo pode apontar que ali existe um espírito abicu que vem à terra e que morre seguidas vezes dentro da família, isso é uma coisa muito complicada, muito negativa e muito triste para a família.

Existem outros caminhos de abicu que são aquelas pessoas que, por exemplo, ao nascerem tem o parto difícil, crianças que são puxadas a ferro, que demoram a nascer, que nascem com o cordão umbilical enrolado no pescoço, que nascem com empelicarias, essas crianças na hora em que elas nascem, devido a aproximação da energia da morte, é como se toda a programação da vida dessa pessoa fosse acompanhada não apenas da energia da vida, mas também da energia da morte. 

Como as energias da vida e da morte são energias contrárias, então essas pessoas sempre têm muita dificuldade em ter a plenitude de sua vida e desenvolver plenamente o seu potencial na sua vida. 
Alguns exemplos de pessoas com esse lado negativo abicu: A pessoa nunca consegue ter uma estabilidade financeira na vida, sempre tem dificuldades nunca conseguem. Para outras pessoas esse negativo abicu pode interferir na saúde, a pessoa tem sempre a saúde abalada, para outros pode interferir na sorte de amor, a pessoa tem uma grande dificuldade em ser feliz emocionalmente, afetivamente, sempre tem um entrave, sempre tem um problema.

Para cada pessoa esse negativo acontece em sua vida de uma forma diferente e isso normalmente vem de herança familiar, isso vem de problemas d família, de ancestralidade, tanto que é justamente com a ancestralidade, com a força de Iyámi e de Egum que são os principais métodos onde poderemos neutralizar essa negatividade, inclusive são indicados obrigações anuais, a pessoa uma vez por ano deve fazer um determinado tipo de bori, determinadas ritualidades para manter esse negativo, esse carrego abicu sempre controlado para que  a pessoa possa ter uma vida realmente plena e 100% desenvolvida em tudo que ela deseja e de acordo com o seu potencial.



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

OXUMARÊ


Oxumarê  é o Arco Íris, sinal de bons tempos, de bonança. É o Orixá da riqueza, do dinheiro, chamando carinhosamente de “ o banqueiro dos Orixás”. É a cobra sagrada Dan. Orixá da prosperidade, da fartura, do lucro.


O homem, que vive atrás do dinheiro, que trabalha para ganhar seu sustento, não pode imaginas, às vezes, que tem esta força da Natureza diariamente ao seu lado. Oxumarê  esta presente praticamente em todos os momentos de nossa vida, pois tudo gira em torno do dinheiro.

Oxumarê está presente nas negociações, no pagamento de contas, no recebimento de um prêmio, na compra, nos negócios envolvendo gastos, lucros e despesas. Está presente nos bancos, nas financeiras, enfim, nos lugares onde se manuseia dinheiro.

Oxumarê é o perde/ganha do homem. É a felicidade de receber uma quantia e a tristeza de perder outra. É o elemento das grandes negociações, da aposta. Seu encanto está no tilintar das moedas.

É também o Orixá das prosperidades, da fartura, da abundância. É por isso que aqueles regidos por Oxumarê sempre estão bem e vida. Para eles o dinheiro não e problema. Gastam e ganham demais e estão sempre com os bolsos cheios.

Oxumarê é aquele que sabe fazer negócios. Quando se vai fechar um contrato, fazer uma compra, uma proposta, vender algo invocamos Oxumarê para nos orientar, pois ele é o Orixá que sabe negociar. É ele que sabe pechinchar, tratar, comprar e vender.

Oxumarê também é a beleza das cores. É o arco-íris, que vai colorir o céu, anunciando coisas boas. É o fenômeno  que vai gerar o colorido do céus. É a beleza da cor, a hipnose da cobra, a felicidade do lucro.

Mitologia


Irmão gêmeo de Ewá e tendo com irmãos mais velhos Ossaim e Obaluaê  - todos filhos de Nana – Oxumarê sempre foi frágil, franzino, mas dotado de grande inteligência  e capacidade.
Um dia, viu-se frente à frente com Olokun pai de Iemanjá, que perguntou-lhe como poderia achar pedras brilhantes, preciosas.
Oxumarê pensou, pensou e respondeu ao Senhor do oceano:
- Meu rei, se quer as pedras preciosas, é preciso que faça um investimento e me dê seis mil búzios (moeda corrente na África antiga).
Respondeu Olokun
- Eu lhe dou!
E Oxumarê  apontou  para a própria casa de Olokun, o mar, explicando-lhe que nas partes rasas poderia encontrar o que procura. As pedras, nos pontos mais rasos do mar, brilhavam com a luz do sol.
Olokun ficou tão feliz que, além do pagamento dos seis mil búzios, ainda deu a Oxumarê a capacidade de transformar-se em serpente e poder, com a ponta do rabo, tocar a terra e com a cabeça tocar o céu.
Com tal poder, Oxumarê transformou-se em serpente, esticou-se até a terá de Olorun, no céu e com os seus mil búzios falou ao Criador:
- Pai, cheguei até o Senhor. Tive que esticar-me demais, para pedir-lhe ajuda, para fazer de mim aquele que tem capacidade de dobrar tudo o que tem.
E Olorun dobrou o número de búzios – de seis para doze mil.
Daí para frente, Oxumarê passou a ser consultado sobre os grandes negócios  dos Orixás. Principalmente Xangô, que fez dele seu consultor, seus grande conselheiro, aumentando sua riqueza de deus do trovão, ao mesmo tempo em que a  do próprio Oxumarê.
E este poder de se transformar em serpente e ir até o céu, originou uma saudação em forma de Orikí, muito bonito, que diz:
- Oxumarê ego bejirin fonná diwó.
“O Arco-íris  que se desloca com a chuva e guarda o fogo no punho.”





Dados


Dia: terça-feira;


Data: 24 de Agosto;


Metal: ouro e prata mesclado;


Cor: amarelo mesclado com verde ou amarelo pintado com preto;


Partes do corpo: espinha dorsal, sistema nervoso e sistema neurovegetativo.


Comida: ovos cozidos com azeite de dendê, farinha de milho e camarão seco;

Símbolos: duas serpentes de ferro


Arquétipo: desconfiados e traídos, observadores, pessoas que desejam ser ricas, pacientes e perseverantes nos seus empreendimentos e que não medem  sacrifícios para atingir seus objetivos. Com sucesso tornam-se facilmente orgulhosos e pomposos, gostam de demonstrar sua grandeza recente, mas estendem a mão em socorro quando alguém precisa.



QUALIDADES DE OXUMARÊ



DAN: - Dan corresponde ao nome jeje de Oxumarê, no Alaketu, constitui uma qualidade deste último: é a cobra que participou da criação. É uma qualidade benéfica, ligada ã chuva, à fertilidade e à abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê. Como tipo humano, é generoso e até perdulário.


Dangbé: - é um Oxumarê mais velho que seria o pai de Dan; governa os movimentos dos astros. Menos agitado que Dan, possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto.


Bessém: - dono do terreiro do Bogum, veste-se de branco e leva uma espada. Bessém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo ambicioso, combativo de Oxumarê, menos afetado e menos superficial que Dan. Aido Wedo também é uma qualidade de Oxumarê conhecida no Bogum.


Vodun Azaunodor – É o príncipe de branco que reside no Baobá, relacionado com os antepassados; come frutas e “leva tudo de dois”.


Angoro- e a fase masculina de Oxumarê representado pelo arco iris na Angola.



Vodun Frekuen – É o lado feminino de Oxumarê, representado pela Serpente mais venenosa. O lado masculino de Oxumarê é geralmente representado pelo Arco-Íris.



O Orixá Oxumarê possui ainda vários outros nomes na África como no Brasil, que como acontece com todos os outros Orixás, se referem a cidades, lendas ou cultos específicos de uma determinada região, e com isso ganha suas particularidades e costumes; alguns dessas outros nomes são: Akemin, Botibonan, Besserin, Dakemin, Bafun, Makor, Arrolo, Danbale,Akotokuen, Kaforidan,Danjikú,Aido Wedo, Foken, Darrame, Averecy, Akoledura e Bakilá. Oxumare Araká é nome de uma mais antigas casas de candomblé na Bahia, o Ilê Axé Oxumare Araká.

domingo, 19 de agosto de 2012

Papo de Esteira




Papo de esteira é o espaço onde o abiã, o iaô e até mesmo o egbomi, tem para falar sobre assuntos do dia-dia do candomblé, e o assunto que vamos abordar hoje é a relação Pai e filho de santo.
Hoje não é mais estranho ver uma pessoa que se iniciou em uma casa e seguiu suas obrigação em outra casa, Porque isso acontece? Na maioria das vezes é um problema de relacionamento, sim relacionamento entre o filho e o pai de santo.


Opinião do Yaô


“Quando entramos em uma casa de santo, procuramos o desenvolvimento espiritual, conhecer o orixá, mas além disso procuramos carinho, e o que dá mais medo é saber o que fazer, pois tudo é novo, tudo é confuso e com isso muito zeladores não entendem, eu sei que cabeça de iaô não é fácil, mas eu acho que isso é o que mais afasta os iaô das casas, as chamadas “baixas” .

“Muitas vezes saímos das casas, por causa de um irmão de santo, pois existe o ciúmes dos mais velhos, e assim, quem vem de uma criação católica, cai no candomblé, não entendemos a hierárquica, e muitas casa de santo impõe essa hierarquia, e acaba tornando isso uma ditadura”.

“No mundo do candomblé, nos deparamos com frases como “não é a hora de você aprender” ou “é assim, porque é assim”, porque tanto mistério?, porque coisas simples são tão escondidas, se sou iniciado porque não posso saber, se amanhã me tornarei um Egbomi e aí como vou me comportar?”.


Pois essas são as questões que são mais apontadas pelos abiãs e yaôs, quando falamos sobre a mudança de axé, a maior questão hoje não é ter adeptos em uma casa de santo e sim mantê-los na casa de santo, a décadas atrás existiam poucas casas de santo, e era “feio” mudar de axé, como ainda existe esse conceito em casas tradicionais na Bahia, mas como em São Paulo e no Rio de Janeiro, cresce cada dia mais o número de casas de candomblé, a chamada concorrência é grande, e para isso temos que ter um grande jogo de cintura, como o tratamento ao yaô, vamos lá, o que é yaô, no contexto yorubá, yaô siginifica noiva de orixá, podemos trazer para um contexto mais simples, yaô é aquele que é preparado para ser um próprio altar vivo, aquele que carrega o axé, mas também ele é uma criança, e como toda criança tropeça muitas vezes antes de andar, por isso a  paciência é uma qualidade que todo zelador ou zeladora, tem que ter, outro ponto bastante apontado são as “baixas”, saber tratar as pessoas é tido como base da educação e vem de berço, apesar de ser seu filho-de-santo, você não tem poder sobre ele, sim é isso mesmo,os zeladores tem autoridade, que é bem diferente, porque o noviço respeita o zelador? Por que ele o iniciou, por ele transmitiu o axé, certo mas também não vamos esquecer que o yaô é um ser humano, e como esse, tem moral, tem sentimentos, e uma vez que você desmoraliza uma pessoa, mesmo que ele continue na sua casa de santo, você terá perdido o respeito, e respeito não é apenas o fato dele te pedir a benção ou colocar a cabeça pra você, e sim quando ele está longe de você, a admiração.


As baixas ainda geram outro ponto, o medo, não só dele como dos outros adeptos, que como todo mundo sabe, medo não é respeito. Por isso o mais indicado é que se chame o yaô no canto, com educação e firmeza e explique o que está acontecendo e tente ver o seu ponto de vista, e assim chegue a uma resolução.

Muitas vezes nos deparamos com pessoas que realmente não querem nada com a vida, que não sabem porque estão ali, e gostam de tumultuar, então nesse caso se a conversa não resolver, convide-o a se retirar, pois a frase “uma laranja pobre, apodrece as demais”, é puramente verdade no ambiente do candomblé. Fica aí então o recado e espero que isso ajude na administração de sua casa de candomblé, para os yaôs fica a mensagem: A casa de santo não é apenas a casa do orixá, é nossa casa também, onde está nosso coração está nosso tesouro!”

A amizade é saber escutar, é saber falar na hora certa, e é feita de uma coisa muito importante, a afinidade, sem afinidade não tem amizade, e nós do "santo", como falamos, temos algo em comum, o amor ao orixá, ninguém dentro da casa de santo, está recebendo salários milionários, estamos todos por amor.


Ter amizade com um irmão, não significa ficar fazendo fofocas, ou conchavos, temos que lembrar que: cada um é responsável por si, por isso ficar levando as dores do outro, ou até mesmo ficar de leve e trás, não vai fazer você ganhar nada com isso, apenas ficará sendo visto por um rótulo, ele ou ela não é confiável, agora quando a amizade constrói, fica muito legal, até mesmo nas "funções de santo", um ajudando o outro e assim, faz crescer o bem maior, que é "todos ali pelo orixá".

O convívio inevitavelmente vai trazer conflitos, isso você pode ter certeza, mas em nome dessa  chamada amizade, é só conversar, resolver, para que a casa de santo não se torne um ciclo de fofoca, para acabar com isso, atitudes simples podem mudar tudo: 

- Quando um irmão vem falar mal do outro, usamos o Agô, desculpa, ou seja: "Desculpa irmão, mas acho que são maus entendidos, o que você acha de conversarmos com ele".

- Um filho vem falar mau do zelador: "Irmão, o pai ou a mãe, tem muitas responsabilidades, e eles ainda tem os problemas pessoais, depois com tempo, conversa direitinho com o pai, você já pensou no que ele te fez de bom?!"

Essas são algumas atitudes que mudam tudo, podemos ver, que se ver no lugar do outro, tentar entender pelo outro ponto de vista, é imprescindível, e com isso a amizade só ficará melhor. Comece essas ações dentro da casa de santo, e logo você estará agindo assim na sua vida pessoal, e verá o quanto sua vida pode mudar, fofocas, confusões só atraem coisas negativas, e acaba virando um ciclo vicioso.

A Iakekerê da casa, tem que ser um exemplo de amizade, estando dentro do candomblé sem falar nada de mal, sempre com sorriso singelo e cativante. A Iakekerê, sabe como ninguém conquistar uma amizade, sendo o seu ponto principal, ser uma boa ouvinte, e saber apaziguar as coisas, o seu segredo: O que eu vejo aqui fica aqui! Pra que vou ficar enxertando brigas e confusões?!.

E se você quer fazer amizade dentro da casa de candomblé, seja prestativo, bom ouvinte, preste atenção no que seu mais velho está explicando e se doe!!!


sábado, 18 de agosto de 2012

Kukuana



A nação de Angola, assim como todas as outras, possui e comemora as datas festivas com entusiasmo e muita alegria, trazendo em público suas tradições. Nessa postagem, quero ressaltar uma comemoração muito pouco conhecida dos iniciantes e alguns adeptos do Candomblé, a Kukuana. 

A Kukuana é uma festa de Angola (Olubajé - Iorubá / Zandró - Jeje) realizada no mês de agosto em homenagem ao Nkisi Kavungo. É um ritual com 7 dias de duração (se for dia 16, começa no dia 10). Como Kavungo responde com 7 búzios abertos e 9 ficam fechados, para se quebrar a kisila do 9 faz-se um balaio com comidas de Kiala, não podendo faltar 9 acarajés para Kaiangu. Na véspera da festa todos os filhos de Kavungo devem copar para o seu santo um bicho de pena. Nenhum filho de santo da casa poderá faltar as rezas. Dentre todas as rezas, a principal é a Fakoti (principal de Kavungo). Todos os filhos de santo não poderão se sentar à Roda sem que tenham tomado seu jawá e assendido sua vela em volta do balaio de deburu. 

Não é obrigatório se fazer festa para o povo. Pode-se optar por um ritual interno sempre acompanhado da ngudia de todos os nkisi. Se houver festa é necessários e fazer entre 10 e 16 comidas de santo para serem servidas aos convidados (essas devem ser temperadas). 

Comidas servidas:


Padê; feijão fradinho; feijão preto; batata doce; batata baroa; inhame; espiga de milho; canjica; acaçá doce ou salgado; camarão; acarajé; peixe de escama;  carne de porco; ovos cozidos; amendoim torrado; aberém, deburu; frutas e outras comidas, fazem parte desse banquete.


As comidas são trazidas e servidas pelos filhos de santo em folha de mamona branca. As sobras das pessoas bem como dos alguidares não são jogadas fora. São sagradas, levadas pelo nkisi e ficam na casa.


É um ritual lindo mas muito complexo. Aqueles que não tem o total conhecimento do ritual não deve fazê-lo. 


Esse ritual acontece, geralmente no mês de agosto, assim como o Olubajé, mas possui suas peculiaridades, a começar pelas conotações: Olubajé homenageia Omulu/Obaluaiê e sua família, com danças, rezas e comidas, para livrar seus seguidores das doenças, rezas e comidas para livrar seus seguidores das doenças, mazelas e pestes. 


A kukuana é a festa da terra, da fartura, da prosperidade à mesa, pois sua tradução, quer dizer, mesa farta. 


Existem, ainda, alguns barracões de Angola, regidos por antigas tradições, que durante esse mês, fazem peregrinações, procissões, juntam alimentos para doar aos pobres e levam comida para os cachorros (banquete). 


O deburu é lançado pelo zelador nos participantes e nas instalações do barracão, para purificar e para fazer a limpeza ritual do ambiente e das pessoas. 


Um grande cesto é colocado para que se deposite as folhas de mamona em foram servidas as comidas, a fim de serem despachadas ao final da festa.
Após o banquete, os Nkisis já aparamentados, voltam ao salão, a fim de celebrar a grande festa, com suas danças e assim cumprimentando e abençoando todos os convidados. 


Como no Olubajé, a kukuana é uma comemoração muito bonita, infelizmente muito pouco praticada por seus seguidores. Geralmente, na maioria dos barracões de Angola, se fazem uma cerimônia interna. Aproveito para incentivar a todos os zeladores de nossa querida Angola a externar nossa alegria de poder agradecer à terra, tudo de bom e de fartura que ela nos dá.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Conceito de vida e morte no Candomblé


Nas mais diferentes culturas, a concepção religiosa da morte está contida na própria concepção da vida e ambas não se separam. Os Iorubas e outros grupos africanos que formaram a base cultural das religiões afro-brasileiras acreditam que a vida e a morte alternam-se em ciclos, de tal modo que o morto volta ao mundo dos vivos, reencarnando-se num novo membro da própria família. 


São muitos os nomes iorubas que exprimem exatamente esse retorno, como Babatundê, que quer dizer "O-pai-está-de-volta". Para os Iorubas, existe um mundo em que vivem os homens em contato com a natureza, o nosso mundo dos vivos, que eles chamam de aiê, e um mundo sobrenatural, onde estão os orixás, outras divindades e espíritos, e para onde vão os que morrem, mundo que eles chamam de orum. 


Quando alguém morre no aiê, seu espírito, ou uma parte dele, vai para o orum, de onde pode retornar ao aiê nascendo de novo. Todos os homens, mulheres e crianças vão para um mesmo lugar, não existindo a idéia de punição ou prêmio após a morte e, por conseguinte, inexistindo as noções de céu, inferno e purgatório nos moldes da tradição ocidental-cristã. Não há julgamento após a morte e os espíritos retornam à vida no aiê tão logo possam, pois o ideal é o mundo dos vivos, o bom é viver. 


Os espíritos dos mortos ilustres (reis, heróis, grandes sacerdotes, fundadores de cidades e de linhagens) são cultuados e se manifestam nos festivais de egungum no corpo de sacerdotes mascarados, quando então transitam entre os humanos, julgando suas faltas e resolvendo as contendas e pendências de interesse da comunidade. 



O papel do ancestral egungum no controle da moralidade do grupo e na manutenção do equilíbrio social através da solução de pendências e disputas pessoais, infelizmente, não se reproduziu no Brasil. Embora o culto ao egungum tenha sido reconstituído na Bahia em uns poucos terreiros especializados, o candomblé de egungum da Ilha de Itaparica (Braga, 1992), mais tarde também presente na cidade de Salvador e em São Paulo, está muito distante da prática diária dos candomblés de orixás e praticamente divorciada da vida na sociedade profana, perdendo completamente as funções sociais africanas originais, de tal modo que a religião africana no Brasil, disseminada pelos terreiros de orixás, acabou por se constituir numa religião estritamente ritual, uma religião a ética, uma vez que seus componentes institucionais de orientação valorativa e controle do comportamento em face de uma moralidade coletiva exercitada nos festivais dos antepassados egunguns ausentaram-se completamente da vida cotidiana dos seguidores da religião dos orixás.


O ideal ioruba do renascimento é as vezes tão extremamente exagerado, que alguns espíritos nascem e em seguida morrem somente pelo prazer de rapidamente poder nascer de novo. São os chamados abikús (literalmente, nascido para morrer), que explicam na cultura ioruba tradicional as elevadas taxas de mortalidade infantil. Em geral, um abikú renasce seguidamente do útero da mesma mãe. Quando uma criança é identificada como sendo um abikú, muitos são os ritos ministrados para impedir sua morte prematura.

Assim como a sociedade Egungum cultua os antepassados masculinos do grupo, outra sociedade de mascarados, a sociedade Gueledé, celebra a mães ancestrais, às quais cabe também zelar pela saúde e vida das crianças, inclusive os abikús. Os festivais Gueledé não sobreviveram no Brasil (segundo o Professor Agenor Miranda Rocha, em conseqüência de disputas, no começo do século, entre lideranças do candomblé da Casa Branca do Engenho Velho, que provocaram a cisão do grupo e fundação do Axé Opô Afonjá por Mãe Aninha Obá Bií).


Também não sobreviveu integralmente a ideia de abikú e o termo passou a designar, em muitos candomblés, as pessoas que são consideradas como tendo nascido já iniciadas para o orixá a que pertencem, não devendo, assim, ser raspadas, como devem ser os demais que se iniciam na religião. A maneira fragmentária como a religião africana foi se reconstituindo no Brasil implicou, claramente, em acentuadas mudanças nos conceitos de vida e morte, mudanças que vão afetar o sentido de certas práticas rituais, especialmente quando sofrem a concorrência de ritos católicos e de concepções ensinada pela Igreja. A tradição cristã ensina que o ser humano é composto de corpo material e espírito indivisível, a alma.

Na concepção Iorubá, existe também a ideia do corpo material, que eles chamam de ara, o qual com a morte decompõe-se e é reintegrado à natureza, mas, em contrapartida, a parte espiritual é formada de várias unidades reunidas, cada uma com existência própria. As unidades principais da parte espiritual são:

1-) O sopro vital ou emi,
2-) A personalidade-destino ou ori,
3-) Identidade sobrenatural ou identidade de origem que liga a pessoa à  
      natureza, ou seja, o orixá pessoal.
4-) O espírito propriamente dito ou egum.


Cada parte destas precisa ser integrada no todo que forma a pessoa durante a vida, tendo cada uma delas um destino diferente após a morte. O emi, sopro vital que vem de Olorum e que está representado pela respiração, abandona na hora da morte o corpo material, fabricado por Oxalá, sendo reincorporado à massa coletiva que contém o princípio genérico e inesgotável da vida, força vital cósmica do deus-primordial Olodumare-Olorum.

O emi nunca se perde e é constantemente reutilizado. O ori, que nós chamamos de cabeça e que contém a individualidade e o destino, desaparece com a morte, pois é único e pessoal, de modo que ninguém herda o destino de outro. Cada vida será diferente, mesmo com a reencarnação. O orixá individual, que define a origem mítica de cada pessoa, suas potencialidades e tabus, origem que não é a mesma para todos, como ocorre na tradição judaico-cristã (segundo a qual todos vêm de um único e mesmo deus-pai), retorna com a morte ao orixá geral, do qual é uma parte infinitésima.


Finalmente, o egum, que é a própria memória do vivo em sua passagem pelo aiê, que representa a plena identidade e a ligação social, biográfica e concreta com a comunidade, vai para o Orum, podendo daí retornar, renascendo no seio da própria família biológica. Quando se trata de alguém ilustre, os vivos podem cultuar sua memória, que pode ser invocada através de um altar ou assentamento preparado para o egum, o espírito do morto, como se faz com os orixás e outras entidades espirituais. Sacrifícios votivos são oferecidos ao egum que integra a linhagem dos ancestrais da família ou da comunidade mais ampla. Representam as raízes daquele grupo e são a base da identidade coletiva.

Na África tradicional, dias depois do nascimento da criança iorubá, realiza-se a cerimônia de dar o nome, denominada ekomojadê, quando o babalaô consulta o oráculo para desvendar a origem da criança, é quando se sabe, por exemplo, se se trata de um ente querido renascido. Os nomes iorubás sempre designam a origem mítica da pessoa, que pode referir-se ao seu orixá pessoal, geralmente o orixá da família, determinado paternalmente, ou à condição em que se deu o nascimento, tipo de gestação e parto, sua posição na seqüência dos irmãos, quando se trata, por exemplo daquele que nasce depois de gêmeos, a própria condição de abikús e assim por diante.

A partir do momento do nome, desencadeia-se uma sucessão de ritos de passagem associados não só aos papéis sociais, como a entrada na idade adulta e o casamento, mas também à própria construção da pessoa, que se dá através da integração, em diferentes momentos da vida, dos múltiplos componentes do espírito. Com a morte, estes ritos são refeitos, agora com a intenção de liberar essas unidades espirituais, de modo que cada uma deles chegue ao destino certo, restituindo-se, assim, o equilíbrio rompido com a morte. 

No Brasil, nas comunidades de candomblé e demais denominações religiosas afro-brasileiras que seguem mais de perto a tradição herdada da África, a morte de um iniciado implica a realização de ritos funerários. O rito fúnebre é denominado axexê na nação keto, tambor de choro nas nações mina-jeje e mina-nagô, sirrum na nação jeje-mahim e no batuque, ntambi ou mukundu na nação angola, tendo como principais fins os seguintes:


1-) Desfazer o assentamento do ori, que é fixado e cultuado na cerimônia do bori, cerimônia que precede o culto do próprio orixá pessoal.

2-) Desfazer os vínculos com o orixá pessoal para o qual aquele homem ou mulher foi iniciado, o que significa também desfazer os vínculos com toda a comunidade do terreiro, incluindo os ascendentes (mãe e pai-de-santo), os descendentes (filhos-de-santo) e parentes-de-santo colateral;

3-) Despachar o egum do morto, para que ele deixe o aiê e vá para o orum. Como cada iniciado passa por ritos e etapas iniciativas ao longo de toda a vida, os ritos funerários serão tão mais complexos quanto mais tempo de iniciação o morto tiver, ou seja, quanto mais vínculos com o aiê tiverem que ser cortado.

Mesmo o vínculo com o orixá, divindade que faz parte do orum, representa uma ligação com o aiê, pois o assentamento do orixá é material e existe no aiê, como representação de sua existência no orum, ou mundo paralelo. Mesmo um abiã, o postulante que está começando sua vida no terreiro e que já fez o seu bori, tem laços a cortar, pois seu assento de ori precisa ser despachado, evidentemente numa cerimônia mais simples.


Em resumo, podemos dizer que a seqüência iniciática por que passa um membro do candomblé, xangô, batuque ou tambor de mina (bori, feitura de orixá, obrigações de um, três e cinco anos, decá no sétimo ano, obrigações subseqüentes a cada sete anos), representa aprofundamento e ampliação de laços religiosos, quando novas responsabilidades e prerrogativas vão se acumulando: com a mãe ou pai-de-santo, com a comunidade do terreiro, com filhos-de-santo, com o conjunto mais amplo do povo-de-santo etc.


Com a morte, tais vínculos devem ser desfeitos, liberando o espírito, o egum, das obrigações para com o mundo do aiê, inclusive a religião. O rito funerário é, pois, o desfazer de laços e compromissos e a liberação das partes espirituais que constituem a pessoa. Não é de se admirar que, simbolizando a própria ruptura que tal cerimônia representa, os objetos sagrados do morto são desfeitos, desagregados, quebrados, partidos e despachados.


O termo axexê, que designa os ritos funerários do candomblé de nação Keto e outras variantes de origem Iorubá e fom-iorubá, ou jeje-nagô, como são mais conhecidas, é provavelmente uma corruptela da palavra Iorubá àjèjé. Em terras Iorubás, por ocasião da morte de um caçador, era costume matar-se um antílope ou outra caça de quatro pés como etapa do rito fúnebre. Uma parte do animal era comida pelos parentes e amigos do morto, reunidos em festa em homenagem ao defunto, enquanto a outra parte era levada ao mato e oferecida ao espírito do falecido caçador. Juntamente com a carne do animal, depositavam-se na mata os instrumentos de caça do morto.


A este ebó dava-se o nome de àjèjé. O axexê que se realiza no candomblé brasileiro pode ser pensado como um grande ebó, com a oferenda, entre outras coisas, de carne sacrificial ao espírito do morto, e no qual se juntam seus objetos rituais. Sendo o candomblé uma religião de transe, várias divindades participam ativamente do rito funerário, especialmente os orixás associados à morte e aos mortos, ocupando Oiá ou Iansã lugar de destaque. Iansã é considerada o orixá encarregado de levar os mortos para o orum, atribuindo-se a ela o patronato do axexê, conforme mito, que resume bem a idéia do axexê como cerimônia de homenagem ao morto. Assim diz o mito:

'' Vivia em terras de Keto um caçador chamado Odulecê.Era o líder de todos os caçadores. Ele tomou por sua filha uma menina nascida em Irá, que por seus modos espertos e ligeiros foi conhecida por Oiá. Oiá tornou-se logo a predileta do velho caçador, conquistando um lugar de destaque entre aquele povo. Mas um dia a morte levou Odulecê, deixando Oiá muito triste. A jovem pensou numa forma de homenagear o seu pai adotivo. Reuniu todos os instrumentos de caça de Odulecêe enrolou-os num pano. Também preparou todas as iguarias que ele tanto gostava de saborear.

Dançou e cantou por sete dias, espalhando por toda parte, com seu vento, o seu canto, fazendo com que se reunissem no local todos os caçadores da terra. Na sétima noite, acompanhada dos caçadores, Oiá embrenhou-se mata adentro e depositou ao pé de uma árvore sagrada os pertences de Odulecê. Nesse instante, o pássaro "agbé" partiu num vôo sagrado. Olorum, que tudo via, emocionou-se com o gesto de Oiá-Iansã e deu-lhe o poder de ser a guia dos mortos em sua viagem para o Orum. Transformou Odulecê em orixá e Oiá na mãe dos espaços sagrados. A partir de então, todo aquele que morresse, seu espírito levado ao Orum por Oiá. Antes porém deve ser homenageado por seus entes queridos, numa festa com comidas, canto e dança. Nascia, assim, o ritual do axexê.''


Também participam do axexê os orixás Nanã, Euá, Omulu, Oxumarê, Ogum e eventualmente Obá, não se incluindo, contudo, nesta lista Xangô, que dizem ter pavor de egum, conforme narram outros mitos. A seqüência do axexê começa imediatamente após a morte, quando o cadáver é manuseado pelos sacerdotes para se retirar da cabeça a marca simbólica da presença do orixá, implantada no alto do crânio raspado durante a feitura, através do oxo, cone preparado com obi mascado e outros ingredientes e fixado no coro cabeludo sobre incisões rituais.

O cabelo nesta região da cabeça é retirado e o crânio lavado com amaci (preparado de folhas) e água. Esta lavagem da cabeça inverte simbolicamente o primeiro rito iniciático, quando as contas e a cabeça do novo devoto são igualmente lavadas pela mãe-de-santo. O líquido da lavagem é o primeiro elemento que fará parte do grande despacho do morto. Depois do enterro, tem início a organização do axexê propriamente dito. Ele varia de terreiro para terreiro e de nação para nação. É mais elaborado quando se trata de altos dignitários e depende das posses materiais da família do morto. Genericamente conserva os procedimentos básicos de inversão da iniciação, havendo sempre:

1-) Música, canto e dança; transe, com a presença pelo menos de Iansã incorporada; 

2-) Sacrifício e oferendas variadas ao egum e orixás ligados ritualmente ao morto, sendo sempre e preliminarmente propiciado Exu, que levará o carrego, evidentemente, e os antepassados cultuados pelo grupo; destruição dos objetos rituais do falecido (assentamentos, colares, roupas, adereços etc.), podendo parte permanecer com algum membro do grupo como herança; despacho dos objetos sagrados "desfeitos" juntamente com as oferendas e objetos usados no decorrer da cerimônia, como os instrumentos musicais próprios para a ocasião, esteiras etc.

Quando, no final, o despacho é levado para longe do terreiro, tudo juntado num grande balaio, nenhum objeto religioso de propriedade do morto resta no templo. Ele não faz mais parte daquela casa e só futuramente poderá ser incorporado ao patrimônio dos ancestrais ilustres, se for o caso, podendo então ser assentado e cultuado. Por ora, o egum está livre para partir. Igualmente, o orixá ou orixás pessoais do falecido já não dispõem de assentos (ibá-orixá) no terreiro, tendo portanto seus vínculos desfeitos. O ori, que pereceu junto com seu dono, também não mais existe fixado num ibá-ori (assentamento). Se algum objeto ou assento foi dado a alguém, ele tem novo dono, para quem é transferida a responsabilidade do zelo religioso.

Nada mais é do morto. Nada mais há que o prenda ao terreiro. Durante o axexê, acredita-se que o morto pode expressar suas últimas vontades e para isso o sacerdote que preside o ritual faz uso constante do jogo de búzios. Assim, antes de cada um dos objetos religiosos que lhe pertenceram em vida ser desfeito, rasgado ou quebrado, o oficiante pergunta no jogo se tal peça deve ficar para alguém de seu círculo íntimo. Não é de bom-tom, contudo, deixar de despachar pelo menos grande parte dos objetos. Quando se trata de fundador de terreiro ou outra pessoa de reconhecidos méritos sacerdotais, é costume deixar os assentos de seus orixás principais para o terreiro, os quais passam a ser zelados por toda a comunidade. Não raro, assentos de orixás de mãe e pais de grande prestígio costumam ser disputados por filhos com grande estardalhaço, havendo mesmo relatos de roubos e até de disputas a faca e bala. 

O axexê é realizado no terreiro em dois espaços: num recinto reservado, preferencialmente uma cabana especialmente construída com galhos e folhas, e no barracão. Na cabana, em que poucos entram, são colocados os objetos do morto, onde são desfeitos, aí se realizando os sacrifícios para os orixás e para o egum. No barracão são celebradas as danças, aí permanecendo os membros do terreiro, os parentes e amigos do finado.

O morto é representado no barracão por uma cabaça vazia, que vai recebendo moedas depositadas pelos presentes, no momento em que cada um dança para o egum. Todos devem dançar para o egum, como homenagem pessoal. Apesar dos cânticos e danças, o clima da celebração é propositalmente constrito e triste. Os atabaques são substituídos por um pote de cerâmica, do qual se produz um som abafado com uso de leques de palha batidos na boca, e por duas grandes cabaças emborcadas em alguidares com água e tocadas com as varetas aguidavis.

Os presentes usam tiras da folha do dendezeiro, mariô, atadas no pulso, como proteção contra eventual aproximação dos eguns. Todo esse material, ao final, comporá o carrego do morto. No barracão também é servido o repasto preparado com as carnes do sacrifício, reservando-se aos ancestrais, orixás e egum as partes que contêm axé. No quarto reservado, o morto é representado por recipientes de barro ou cerâmica virgens, os quais futuramente podem ser usados para assentar o espírito do falecido juntamente com os demais antepassados ilustres daquela comunidade religiosa, ou despachados.

Por influência do catolicismo, que costuma repetir a missa fúnebre em intervalos regulares, em muitos terreiros o rito do axexê é repetido depois de um mês, um ano e a cada sete anos, especialmente quando se trata do falecimento do babalorixá ou ialorixá. Mas a maioria dos iniciados, entretanto, acaba não recebendo sequer um dia de axexê. Isto ocorre por falta de interesse da família carnal do morto, muito freqüentemente não participante do candomblé, por dificuldades financeiras, já que é alto o custo da celebração, ou por incapacidade do pessoal do terreiro para oficiar a cerimônia.

Na melhor das hipóteses, os otás, pedras sagradas dos assentamentos, são despachadas com um pouco de canjica, reaproveitado todos os demais objetos sagrados. Hoje, com a grande e rápida expansão do candomblé, o axexê parece estar em franca desvantagem com relação às demais cerimônias, sobretudo em São Paulo, onde o candomblé não completou sequer cinqüenta anos, poucos terreiros dispõem de sacerdotes e sacerdotisas capazes de cantar e conduzir o rito fúnebre, obrigando a comunidade, em caso de morte, a se valer dos serviços religiosos de pessoa estranha ao terreiro, que costuma cobrar e cobrar muito caro pelo serviço. 

Vários adeptos do candomblé, que se profissionalizam como sacerdotes remunerados, especializam-se em axexê. São então chamados para a cerimônia quando um terreiro necessita de seus préstimos. Isto, evidentemente, encarece muito a cerimônia, o que acaba por inviabilizá-la na maioria dos casos. Mesmo quando morre um sacerdote dirigente de terreiro, há grande dificuldade para a realização dos ritos funerários, sobretudo naquelas situações em que a morte do chefe leva ao fechamento da casa, provocada tanto por disputas sucessórias, como por apropriação da herança material do terreiro pela família civil do falecido. Vale lembrar que se pode contar nos dedos os terreiros que, por todo o Brasil, sobreviveram a seus fundadores. 

Em geral, a família do finado não tem qualquer interesse em realizar o axexê e nem está disposta a gastar dinheiro com isso. Por outro lado, pouquíssimos pais e mães-de-santo, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro, se dispõe a realizar qualquer tipo de cerimônia sem o pagamento por parte do interessado, mesmo quando o interessado é membro de seu próprio terreiro. Muitos pais e mães-de-santo mantêm terreiros especialmente como meio de vida, de modo que as regras do mercado suplantam em importância e sentido as motivações da vida comunitária. Ao que parece, o empenho das comunidades de culto na realização dos ritos funerários, na maioria dos casos, é muito reduzido quando comparado com o interesse, esforço e empenho despendidos nos atos de iniciação e feitura, como se, com a morte, pouca coisa mais importasse. 

Cria-se assim uma situação em que a preocupação em completar o ciclo iniciático vai perdendo importância, alterando-se profundamente, em termos litúrgicos e filosóficos, a concepção da morte e, por conseguinte, a própria concepção da vida. Os conceitos originais africanos de vida e morte vão se apagando e o candomblé vai cada vez mais adotando idéias mais próximas do catolicismo, do kardecismo e da umbanda, criando-se, provavelmente, uma nova religião, que hoje já se esparrama pela cidades brasileiras a partir de São Paulo e Rio de Janeiro, e que muitos chamam, até pejorativamente, de Umbandomblé, em que os eguns, que são na concepção iorubá ancestrais particulares de uma específica comunidade, vão perdendo suas características africanas para se transformar em entidades genéricas, não ligadas a nenhuma comunidade de culto em particular, que baixam nos terreiros para "trabalhar", assumindo a justificativa da caridade, ideal e prática cristã-kardecistas que aos poucos vão suplantando os modelos africanos de ancestralidade e seus ideais de culto à origem e valorização das linhagens.


Esta nova maneira de pensar a morte e vida por grande parte dos adeptos do candomblé, sobretudo os de adesão mais recente, constitui forte razão para a crescente perda de interesse na realização do axexê para todos os iniciados. Com isso, certamente, ganham terreno as concepções e ideais da umbanda e perdem as do candomblé. Isto é o contrário do movimento de africanização e já há muito se constituiu num processo oposto, o da umbandização do candomblé. Sem axexê, a feitura de orixá não faz sentido, pelo menos nos termos das tradições africanas que deram origem à religião dos orixás no Brasil. O ciclo simplesmente não se fecha e a repetição mítica, tão fundamental no conceito de vida segundo o pensamento africano, não pode se realizar. 


Èmí = Espírito, criado por Olódùmarè. 
Ará = corpo físico criado por Obàtálá. 
Aráyé = ser humano 
Enìkéji = o duplo, o corpo espiritual em coexistência com o ará. Coexistencia significa "existir junto", mas por força de expressão, dizemos que está no òrun apenas por que não o vemos. 
Iyè = memória 
Iyè-èmí = memória espiritual e eterna. 
Iyè-àpò = memória passageira, sendo assimilado pelo iyè-èmí após volta ao òrun. Orí = tem 2 sentidos maiores: cabeça e destino. 
Orí (cabeça) = existe tanto no ará, quanto no èmí, contendo em seu interior o iyè, cada um, respectivamente. 
Orí (destino) = criado por Ajálá, simbolo do destino escolhido pelo èmí. 
Ipín = Uma parte retirado de um todo. Todo ser humano é uma parte de sua materia ancestral. O próprio Orí-destino (odù)é um ipín dos odu de Ifá. 
Igba-Orí = assentamento do Orí representando todo o complexo físico-espiritual do ser humano. A expressão correta deveria ser igba-ará-orí, ou gbara-orí, que quer dizer o conjunto de coisas, ou a parafernália que representa o homem. Por corrupção de conceito virou "bara de ori", ou simplesmente "bara" vindo a ser erroneamente ligado à Èsù. 

Jagum



Jagun Orixá Agbará Esé Egi Iroko

Segundo as lendas e itans, conta-se que Jagun, era Guerreiro dos Exércitos de Obatalá e que foi enviado às Terras de Omolú para lutar pela paz em nome de Oxalá. Por isso, ele é cultuado em algumas nações como “Qualidade de Omolú”, por ter passado vários anos em terras de Omolú.  Trata-se de um Orixá Funfun, pois o culto a Jagun nasceu no Ekiti Efon, por esse motivo Jagun é cultuado no Axé Efon como um Orixá separado de Omolú.

Antes dele ter ido para as terras de Omolú já existia seu culto no Ekiti, onde era sua terra natal. Assim também conta seus itans que Jagun teve passagem não só nas terras de Omolú, mas também nas terras de Ifé (Terra de Ogun) e Elegibô (Terra de Osayan). Pela ordem do meridilogun, Jagun responde no Odú Ejionilê (oitavo Odu) Odú regido por Oxaguiã, Odú no qual também respondem outros Guerreiros Brancos como Ogunjá e Oxaguiã Ajagunãn. Pela ordem de chegada dos odus, o culto a Jagun nasceu no Odu Okaran.

Os filhos de Jagun, tem aparência jovem, são autoritários, arrogantes, guerreiros, justiceiros, briguentos e agitados, fortes na adversidade, costumam fazer tudo à sua maneira, ouvem conselhos dos outros, mas costumam seguir sua própria vontade…São pessoas trabalhadoras, gostam de tudo rápido, exigem asseio, limpeza; são pessoas impulsivas; pessoas de espírito livre; enjoam de tudo facilmente; são dados a paixões violentas e passageiras, são curiosos, adoram viajar.


Possuem grande proteção espiritual, boas amizades e, quase sempre, caminhos abertos. Possuem comportamento delicado, são honestas, dedicadas e atenciosas. Vivem com grandes esperanças, estão sempre apaixonadas, são sonhadoras, sofrem e se desdobram para ajudar e defender os amigos. Quando são repudiados ou sofrem algum tipo de traição podem se tornar extremamente vingativas e amargas. Apesar de serem guerreiras e obstinadas, as pessoas de Jagun, às vezes se isolam preferindo ambientes calmos e tranquilos. A personalidade dos filhos de Jagun é um misto de características de Ogum, Omolu e Oxaguiã.

Jagun, é uma palavra Iorubá, e significa: Guerreiro, Soldado.

Jagun é um Orixá ambicioso, luta para conquistar posição alta sem ver de que maneira…Apesar de ser Orixá Funfum (branco), é considerado e cultuado como Santo de Guerra, “santo quente”, carrega uma lança prateada na mão e um facão ao adaga e muitas das vezes dependendo do caminho de Jagun ele usa até um ofá nas mãos,pois conta se um itan que Oxalá o nomeia como o guerreiro de todas as armas veste-se somente de branco.

Usa contas brancas rajadas de preto e dependendo da qualidade, intercalada com contas brancas, gosta também de contas feitas de búzios e marfim. Jagun é Orixá jovem, quase chega ser um menino adolescente de Obatalá .. Ligado a Obatalá (Rei no pano branco ), tem caminhos com Ogunjá, Oxaguiã – Ajagunã, e Airá. Tem caminhos também com Iemanjá e quase todas as Iabás, pois elas acalmam sua fúria.

Quem traz Jagun ao barracão é Oxaguiã. Ele é considerado o “protetor” e “guardião” de Oxalufã. Carrega consigo o Odu Ejionilê. Por ser considerado Orixá Funfum (branco) não leva azeite de dendê, e sim azeite doce , banha de ori, adin e as vezes mel e de preferencia a banha de Ori, suas comidas são todas brancas, aceita pipocas feitas na areia, bolas de inhame cozido, bolas de arroz, acaçá, obi funfum (claro), come também do Ebô (canjica) de Oxalá, assim como seus bichos também devem ser todos brancos, por ser ligado ao rei do pano branco (Obatalá ).

Jagun dança com outros Orixás, acompanha na dança; Ogum e principalmente Oxaguiã e Oxalufã. A dança de Jagun é extremamente guerreira, começa com movimentos lentos, dança empunhando sua lança e adaga, seu momento de “êxtase” é quando salta e se sacode todo empunhando a lança de um lado para outro, tamanha é sua fúria guerreira nessa hora.

Segundo as lendas, a lança prateada de Jagun, durante as batalhas e guerras, além de ser usada para proteção contra os males e feitiçarias e abrir os caminhos, deixava seus inimigos cegos após serem feridos por ela. Jagun, assim como Ogun, é um grande caçador, e por sinal foi ele quem ensinou seu irmão Oxóssi a caçar. Ele não deixa também de ser um guerreiro, assim é Jagun, um grande guerreiro mas também um grande caçador. E algumas de suas cantigas relatam isso.



Conta o itan de Ogi-Ogbé/Okaran que existiam três irmãos: Já, Jágun e Ajagunãn. 

Eram três Guerreiros que pertenciam aos exércitos de Obatalá, lutavam e venciam todas as guerras e batalhas em nome de Oxalá e eram os Guardiões deste Orixá. Eram chamados de Guerreiros Brancos, por se vestirem somente com trajes brancos em homenagem a Obatalá. Eram considerados invencíveis, por sua bravura e coragem, nunca perderam uma batalha sequer. Sempre muito unidos, nunca se separavam. Mas um belo dia, os três irmãos guerreiros, foram guerrear contra a cidade de Oxum.

Oxum com a grande sabedoria dos poderes de Iyami, foi avisada que seu reino seria atacado. Oxum ficou desesperada e foi até Ifá para saber o que faria. Orumilá mandou ela fazer um ebó,  sacrificar oito Igbis à Oxalá e com o casco fizesse um pó e soprasse nas terras de Osogbo. Assim Oxum fez, quando os guerreiros chegaram para invadirem as terras, eles ficaram tontos e se perderam um do outro.

Aí que Jagun foi para as terras de Omolu, Já para as terras de Ifé Ogum, e Ajagunã para as terras de Oxaguian. Mas mesmo assim, os três irmãos sempre estão juntos, respondem um pelo outro, eles continuam a ser Guerreiros Brancos, ou seja, são considerados Orixás Funfum, e sempre ligados a Obatalá, seus caminhos se cruzam…os três irmãos Guerreiros continuam nas batalhas, sempre guerreando pela Paz. 

Deram essa característica guerreira aos seus filhos. É por isso que o culto a Jagun foi assimilado ao de Omolu, sendo que depois disso conta o Itan que ele viveu alguns anos nas terras de Omolu e que lá encontrou uma linda mulher que também não era das terras, mas estava lá por outros motivos, e se apaixonou por ela, tiveram filhos e se amam até hoje, e essa linda mulher era Yewá . Lá, ele se juntou com o Orixá Ossaim e passou a ser um grande curandeiro, e em tempos de guerra ele cuidava dos guerreiros feridos com as porções e ervas mágicas que Ossaim o ensinou.

Jagun teve uma trajetória muito grande e bonita nas terras de Omolu, mas depois de anos retornou as terras do Ekiti-Efon, onde Oxun era rainha e Osagyan grande guerreiro e protetor do palácio e cidade de Oxun. Conta-se também que Jagun foi às terras de Osogbo, para destruir a cidade e buscar Oxun, pois Oxun tinha sua cidade onde era rainha Ekiti Efon, entao por ordem de Olooke ele fui buscá-la. Depois disso tudo ter acontecido, Jagun viveu anos nas terras de Omolu, Oxagyan trouxe Oxun de volta para Ekiti-Efon, por isso muitos acabaram se equivocando ao falar que foi Oxagyan quem deu as terras de Ekiti para Oxum, mas nao foi isso que aconteceu, ele apenas trouxe Oxun de volta a terra onde ela nasceu e era dona junto com Olooke seu pai. Orixá Olooke vendo o prejuízo que Jagun teve e o tempo que ficou em outras terras, por causa de seu pedido de buscar Oxum, intitulou Jagun Olu  (Guerreiro senhor ), para retribuir o tempo que Jagun ficou afastado de sua terra que tanto amava (Ekiti ). Orixá Jagun foi muito confundido com o culto à Omolu e Obaluaye, e foi por esse motivo que muitos de seus fundamentos se perderam, mas graças a Olorum, está sendo resgatado todos os preceitos e orôs..Jagun possui caminhos próprios, como Jagun Odé, Arawe, Agaba e outros….

Jagun é um lindo Orixá de grande valor  e na verdade seu culto é separado de Obaluaiê.

Aqui vamos relacionar alguns caminhos de Jagun ...



Jagun Arawê, ligado a Ossaim e Oxaguian


Jagun Igbonan, ligado a Airá, Oyá e Obá


Jagun Algbá, ligado a Exú, Oxaguian, Oxalufan e Oxun Yeye Ayalá


Jagun Odé, ligado a Odé Inlé, Ogum Jáe todos os caçadores


Jagun Agbá funfum, ligado a Oxalufan, Iemanjá e Oxum


Jagun Seji Onan ou Ajoji, ligado a Exu e Ogum


Suas folhas: Akoko, algodão, saião, fortuna. folha de obi, folhas de Iroko , folhas oguegue e todos folhas de Oxalá…

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Os ritmos do atabaque



Existe uma grande variedade rítmica num terreiro. No Candomblé, cada toque corresponde a um Orixá em especial.Os mais comuns são:

ADABI ou EGO - ritmo dedicado a Exu


ADARRUM - dedicado a todos os Orixás, também tocado para Ogum.


AGUERÊ - ritmo cadenciado quando dedicado a Oxóssi e mais rápido quando tocado para Iansã. Considerado o ritmo mais bonito do Candomblé.

ALUJÁ - toque rápido. Dedicado a Xangô.


BATÁ - também dedicado a Xangô. Pode ser lento ou rápido.


BRAVUM - não é atribuído a nenhum Orixá específico. É rápido, repicado e bem dobrado.


IGBIM - descreve a viagem de um ancião. É extremamente lento com batidas fortes. É dedicado a Oxalufã.


IJEXÁ - calmo e envolvente. Executado para Oxum.


ILÚ ou DARÓ - tocado com aguidavis (varetas). Atribuído a Iansã.


OPANIJÉ- ritmo pesado, lento triste e quebrado por pausas. Dedicado a Obaluaê.


RUFÓ - produz irradiação no terreiro. São repiques graves e constantes.


RUNTÓ - executado com cânticos para Obaluaê, Xangô e Oxumarê. De origem Fon.


SATÓ - lento e pesado. Tocado para Nanã.


VAMUNHA, RAMUNHA, ARRAMUNHA - é tocado para todos os Orixás, executado também na entrada e saída dos filhos de santo no barracão. É rápido, contagiante e muito bonito.

Ramunha


Ramunha é o cântico e dança da Nação Jêje e significa não tenho guerra, não sou guerra, não quero confusão, não sou confusão, eu só sou alegria. Então, a Ramunha é cantada para por as pessoas para fora do barracão, os iaôs que vem dançando para sair na Ramunha, para recolher na Ramunha. 

Algumas casas de Ketú também tocam a Ramunha para os Orixás dançarem, e ela na verdade pertence à outra nação que é o Jêje. Por causa da briga do povo Ketú e dos povos Iorubas que são os anketus com o povo do Jêje na África, foi a maior causa da escravatura acontecer no mundo, pois eles vêm a ser os prisioneiros de guerra. 

Quando começaram o jatobá, começaram a invadir as cidades, das cidades às regiões rurais, das regiões rurais aos sacerdotes e aos reis. Então, quando eles vieram para o Brasil, principalmente na Bahia, no porto de Salvador, eles não tinham outra alternativa a não ser serem amigos. 

Guerrearam lá, causaram a escravatura, os antepassados deles e aqui tiveram que se unir com os índios, com os caboclos, com o povo de todas as nações e assim nasceu o Candomblé no Brasil. Então, quando se solta a Ramunha nos barracões é para mostrar que todos podem ser unidos e nós não queremos guerra e não queremos confusão.

Você sabia?





Que na África, existem mais de duzentos Orixás. Os escravos vindos para o Brasil trouxeram alguns. Atualmente, são dezesseis Orixás, mas apenas doze deles são mais cultuados: Exú, Ogum, Oxóssi, Obaluaiê, Oxumarê, Xangô, Iansã, Oxum, Iemanjá, Nanã, Oxalá, Ossaim. Os outros quatros são: Obá, Logum Edé, Ewá e Iroko?

Que Tata Magança, é um título que se dá às pessoas que ultrapassaram tempo de santo (mais de 21 anos de santo)?

Que o homem quando faz sete anos de santo na Nação de Angola, ele é chamado de Tateto ou Tata de Inquice.

Que a lagartixa é um animal de fundamento da Oxum.

Que Mojubá ou Mojibá, na realidade é uma reverência, é uma saudação. Exú Mojubá ou Exú Mogibá que quer dizer: “Exú nós te reverenciamos”.?

Que as duas principais quizilas de oxum são: não comer peixes vermelhos, em especial Cioba e não abrir e nem comer melão (nem o branco, nem o rosado por dentro)?

Que Obá é uma guerreira valente e forte. É um Orixá feminino muito energético e fisicamente mais forte que muitos Orixás masculinos?

Que as principais quizilas dos filhos de Xangô, em especial, é não comer quiabo e não comer camarão sem tirar a calda, os espetos da cabeça do camarão, senão poderão trazer sérios problemas para essas pessoas?

Que Ogunjá é o Ogum que tem fundamento com Oxalá. Na Umbanda é Ogum Matinada e os filhos de Ogunjá devem ficar longe de bebidas, conflitos, intrigas e acidentes?

Que Iboalama é uma qualidade de Oxóssi que vem junto com Obaluaiê?

Que Oxum Opará, é uma Oxum guerreira que usa o abebê e uma espada na mão representando a guerreira, é uma Oxum de caminhos e come com Ogum?


Que Oriri com obi ralado é um banho muito bom para os filhos de oxum?

Que Milho, inhame e abóbora são quizilas dos filhos de ogum?

Que Obaluaiê, Kavungo ou Kikongo são nomes que Obaluaiê recebe dentro da nação de Angola, em uma tribo?


Que para acabar com o estresse através da magia cigana é só friccionar com as mãos todos os dias, uma gota de óleo de essência de lavanda no pulso e na palma da mão?

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

E assim nasceu o Candomblé



E assim nasceu o Candomblé


OXUM A RAINHA DO CANDOMBLÉ


Oxum é conhecida como a mãe do candomblé, pois segundo uma lenda ela que inventou o culto:


ASSIM NASCEU O CANDOMBLÉ



No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos.
Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras.
Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas.
O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.
O branco imaculado de Obatalá se perdera.
Oxalá foi reclamar a Olorum.
Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.
Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos. Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados. Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram.
Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados.
Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra.
Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos.
Foi a condição imposta por Olodumare.
Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás.
Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.
De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás.
Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos.
Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola. Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.
O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa. Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados idés.
O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.
Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás.
Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.
Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara.
As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar. Estavam prontas para os deuses.
Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas.
Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs.
Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos.
E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam.
Os orixás podiam de novo conviver com os mortais.
Os orixás estavam felizes.
Na roda das feitas, no corpo das iaôs,
eles dançavam e dançavam e dançavam.
Estava inventado o candomblé.
Que Oxalá nos abençoe sempre



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

As três Nações de Candomblé: JEJE, KETU e ANGOLA


Dos muitos grupos de escravos vindo para o Brasil, 03 (três) categorias ou nações se destacaram: 


Negros Fons ou Nação Jeje 


Negros Yorubás ou Nação Ketu 


Negros Bantos ou Nação Angola


Cada uma dessas 03 (três) nações tem dialeto e ritualística própria. Mas, houve uma grande coligação entre os deuses adorados nessas 03 (três) nações, por exemplo: 


Na Nação Jeje os deuses são chamados de Voduns 


Na Nação Ketu, de Orixás 


Na Nação de Angola, de Inkices

NAÇÃO JEJE


A palavra JEJE vem do iorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro.
Portanto, não existe e nunca existiu nenhuma nação Jeje, em termos políticos.
O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins.
Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã.
Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Odudua, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons).
O Abomei ficava no oeste, enquanto Axantis era a tribo do norte.
Todas essas tribos eram de povos Jeje.
Os povos Jejes se enumeravam em muitas tribos e idiomas, como: Axântis Gans Agonis Popós Crus, dentre outros.
Portanto, teríamos dezenas de idiomas para uma tribo só, ou seja, todas eram Jeje, o que foge evidentemente às leis da linguística - muitas tribos falando diversos idiomas, dialetos e cultuando os mesmos Voduns. As diferenças vinham, por exemplo, dos Minas - Gans ou Agonis,Popós que falavam a língua das Tobosses, que a meu ver, existe uma grande confusão com essa língua.
Os primeiros negros Jeje chegados ao Brasil entraram por São Luís do Maranhão e de São Luís desceram para Salvador, Bahia e de lá para Cachoeira e São Félix.
Também ali, há uma grande concentração de povos Jeje. Além de São Luís (Maranhão), Salvador e Cachoeira e São Félix (Bahia), o Amazonas e bem mais tarde o Rio de Janeiro, foram lugares aonde encontram-se evidências desta cultura.
Os Voduns: Segue alguns nomes dos Deuses Voduns:


*Ayzan - Vodun da nata da terra 


*Sogbô - Vodun do trovão da família de Heviosso 


*Aguê - Vodun da folhagem 


*Loko - Vodun do tempo 


Os vodun-ses da família de Dan são chamados de Megitó, enquanto que da família de Kaviuno, do sexo masculino, são chamados de Doté; e do sexo feminino, de Doné.
Os cumprimentos ou pedidos de bençãos entre os iniciados da família de Dan seria
“Megitó Benoí?” Resposta: “Benoí”; e aos iniciados da família Kaviuno, ou seja, Doté e Doné seria “Doté Ao?” Resposta: "Aótin".
O termo usado "Okolofé", cuja resposta é "Olorun Kolofé" vem da fusão das Nações de Jeje e de Ketu.
Muitos Voduns Jeje são originários de Ajudá. Porém, o culto desses voduns só cresceram no antigo Dahomé.
Muitos desses Voduns não se fundiram com os orixás nagos e desapareceram totalmente.
O culto da serpente Dãng-bi é um exemplo, pois ele nasceu em Ajudá, foi para o Dahomé, atravessou o Atlântico e foi até as Antilhas.
Quanto a classificação dos Voduns Jeje, por exemplo, no Jeje Mahin tem-se a classificação do povo da terra, ou os voduns Caviunos, que seriam os voduns Azanssu, Nanã e Becém.
Temos, também, o vodun chamado Ayzain que vem da nata da terra. Este é um vodun que nasce em cima da terra.
É o vodun protetor da Azan, onde Azan quer dizer "esteira", em Jeje. Achamos em outro dialeto Jeje, o dialeto Gans-Crus, também o termo Zenin ou Azeni ou Zani e ainda o Zoklé. Ainda sobre os voduns da terra encontramos Loko.
Ele apesar de estar ligado também aos astros e a família de Heviosso, também está na família Caviuno, porque Loko é árvore sagrada; é a gameleira branca, que é uma árvore muito importante na nação Jeje. Seus filhos são chamados de Lokoses.
Ague, Azaká é também um vodun Caviuno. A família Heviosso é encabeçada por Badë, Acorumbé, também filho de Sogbô, chamado de Runhó. Mawu-Lissá seria o orixá Oxalá dos yorubás. Sogbô também tem particularidade com o Orixá em Yorubá, Xangô, e ainda com o filho mais velho do Deus do trovão que seria Averekete, que é filho de Ague e irmão de Anaite. Anaite seria uma outra família que viria da família de Aziri, pois são as Aziris ou Tobosses que viriam a ser as Yabás dos Yorubás, achamos assim Aziritobosse.
,A palavra Ewe-Fon, por exemplo, a casa de candomblé da nação Jeje chama-se
Kwe = "casa". A casa matricial em Cachoeira e São Félix chama-se Kwe Ceja Undé.
Toda casa Jeje tem que ser situada afastada das ruas, dentro de florestas, onde exista espaço com árvores sagradas e rios. Depende das matas, das cachoeiras e depende de animais, porque o Jeje também tem a ver com os animais. Existem até cultos com os animais tais como, o leopardo, crocodilo, pantera, gavião e elefante que são identificados com os voduns. Então, este espaço sagrado, este grande sítio, esta grande fazenda onde fica o Kwe chama-se Runpame, que quer dizer "fazenda" na língua Ewe-Fon. Sendo assim, a casa chama-se Kwe e o local onde fica situado o candomblé, Runpame. No Maranhão predomina o culto às divindades como Azoanador e Tobosses e vários Voduns onde a "sacerdotisa" é chamada Noche e o cargo masculino, Toivoduno.
Histórico - no Brasil: "Kwe Ceja Undé", esta casa , é chamada em Cachoeira de "Roça de Baixo" foi fundada por escravos como Manoel Ventura, Tixerem, Zé do Brechó e Ludovina Pessoa. Ludovina Pessoa era esposa de Manoel Ventura, que no caso africano é o dono da terra. Eles eram donos do sítio e foram os fundadores da Kwe Ceja Undé. Essa Kwe ainda seria chamada de Pozerren, que vem de Kipó, "pantera".
A roça de cima que também é em Cachoeira é oriunda do Jeje Dahomé, ou seja, uma outra forma de Jeje. Estou falando do Mahin, que era comandada por Sinhá Romana que vinha a ser "Irmã de santo" de Ludovina Pessoa (esta última mais tarde assumiria o cargo de Gaiacú na Kwe de Boa Ventura). Mas, pela ordem temos Manoel Ventura, que seria o fundador, depois viria Sinhá Pararase, Sinhá Balle e atualmente Gamo Loko-se.
O Kwe Ceja Undé encontra-se em controvérsia, ou seja, Gamo Loko-se é escolhida por Sinhá Pararase para ser a verdadeira herdeira do trono e Gaiacú Agué-se, que seria Elisa Gonçalves de Souza, vem a ser a dona da terra atualmente.
Ela pertence a família Gonçalves, os donos da terra. Assim, temos os fundadores da Kwe Ceja Undé.
NoRio de Janeiro, saindo de Cachoeira , Tatá Fomutinho deu obrigação com Maria Angorense, conhecida como Kisinbi Kisinbi.

Os Cargos: Os demais cargos são os mais importantes na hierarquia 

Babalawo: Um Babalawo, ou Pai dos segredos (awô) é muito respeitado pela cultura yorubá.O Babalawo, como o nome diz, é o conhecedor de todos os mistérios e segredos no culto à Orunmilá, sendo portanto sacerdote de ifá. Somente o Babalawo pode manipular o Rosário de ifá que em yorubá recebe o nome de opelé-ifá e em ewe, língua da cultura fon ou Jeje tem o nome de agú-magá. Ainda na cultura Jeje, ifá é chamado de Vodun-fá ou Deus do destino e o Babalawo é denominado de Bokunó. 
Ogan: Os cargos de Ogan na nação Jeje são assim classificados: Pejigan que é o primeiro Ogan da casa Jeje. A palavra Pejigan quer dizer “Senhor que zela pelo altar sagrado”, porque Peji = "altar sagrado" e Gan = "senhor". O segundo é o Runtó que é o tocador do atabaque Run, porque na verdade os atabaques Run, Runpi e Lé são Jeje. 

No Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.

A Nação Jeje é muito particular em suas propriedades. É uma nação que vive de forma independente em seus cultos e tradições de raízes profundas em solo africano e trazida de forma fiel pelos negros ao Brasil.

AJOIÉ E EKEDI:A palavra “ajoié” é correspondente feminino de ogan pois, a palavra ekedi, ou ekejí, vem do dialeto ewe, falado pelos negros fons ou Jeje.Portanto, o correspondente yorubá de ekedi é ajoié, onde a palavra ajoié significa“mãe que o orixá escolheu e confirmou”.Assim como os demais oloyés, 
uma ajoié tem o direito a uma cadeira no barracão.
Deve ser sempre chamada de “mãe”, por todos os componentes da casa de orixá, devendo-se trocar com ela pedidos de bençãos. Os comportamentos determinados para os ogans devem ser seguidos pelas ajoiés.Em dias de festa, uma ajoié deverá vestir-se com seus trajes rituais, seus fios de contas, um ojá na cabeça e trazendo no ombro sua inseparável toalha, sua principal ferramenta de trabalho no barracão e também símbolo do óyé, ou cargo que ocupa.
A toalha de uma ajoié destina-se, entre outras coisas, a enxugar o rosto dos omo-orixás manifestados. Uma ajoié ainda é responsável pela arrumação e organização das roupas que vestirão os omo-orixás nos dias de festas, como também, pelos ojás que enfeitarão várias partes do barracão nestes dias.
Mas, a tarefa de uma ajoié não se restringe apenas a cuidar dos orixás, roupas e outras coisas. Uma ajoié também é porta-voz do orixá em terra. 
É ela que em muitas das vezes transmite ao Babalorixá ou Yalorixá o recado deixado pelo próprio orixá da casa. 
No Candomblé do Engenho Velho ou Casa Branca, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Gantois, de "Iyárobá". Já na Nação de Angola, é chamada de "makota de angúzo". 
Mas, como relatei anteriormente, "ekedi" é nome de origem Jeje mas, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil, seja qual for a Nação.

ABIYAN: Dentro dos cultos afros-brasileiros existe uma categoria de pessoas que são classificadas de Abiyans.
A palavra Abiyan quer dizer:
Abi= "aquele que" e An= seria uma contração de "Onã", que quer dizer “caminho”. 
As duas palavras aglutinadas formaram o termo Abiyan, que quer dizer “aquele que começa”, “um novo caminho”. O Abiyan é uma pessoa que está começando um novo caminho, uma nova vida espiritual.
O Abiyan também pode ter fios de contas lavados, obrigação de bori e, até em alguns casos, ter orixá assentado.
O Abiyan é um pré-iniciado e não um simples frequentador, como muitas das vezes é classificado.Pode desempenhar várias atividades dentro de um terreiro, como por exemplo, varrer, ajudar na limpeza, ajudar nos cafés da manhã e almoços comunitários realizados em dias de festas de orixá, lavar louças, ajudar na decoração do barracão, enfim, o Abiyan pode desempenhar várias tarefas sem maior envolvimento religioso.
O período de Abiyan é de muita importância pois, é nesse período que o recém-chegado no Candomblé passa a observar o comportamento e a conviver com os já iniciados.
Existem pessoas que passaram por um longo período sendo Abian, antes de se iniciarem no Candomblé. Portanto, vale ressaltar a importância deste período, ou seja, Abiyan e dizer que o frequentador em yorubá, chama-se Lemó-mú.

Dialeto ewe - Algumas Palavras mais utilizadas

*esin = água
*atinçá = árvore
*agrusa = porco
*kpo = pote
*zó ou izó = fogo
*avun = cachorro
*nivu = bezerro
*bakuxé = parto de barro
*kuentó = kuentó
*yan = fio de contas
*vodun-se = filho do vodun ou iniciados da Nação Jeje
*yawo = filho do vodun ou iniciados da Nação Ketu
*muzenza = filho do vodun ou iniciados da Nação Angola
*tó = banho
*zandro = cerimônia Jeje
*sidagã = auxiliar da Dagã na Cerimônia a Legba
*zerrin = ritual fúnebre Jeje
*sarapocã = cerimônia feita 07(sete) dias antes da festa pública de apresentação do(a) iniciado(a)     
  no Jeje
*sabaji = quarto sagrado onde fica os assentos dos Voduns
*runjebe = colar de contas usado após 07(sete) anos de iniciação
*runbono = primeiro filho iniciado na Casa Jeje
*rundeme = quarto onde fica os Voduns
*ronco = quarto sagrado de iniciação
*bejereçu = cerimônia de matança

NAÇÃO KETU

O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos religiosos de toda história da humanidade. O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de orixá. A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de forma oral. Basicamente este culto está assim organizado:


Olorun - Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso.
Olodumare - – Senhor do Destino .
Orunmilá - – Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá)
Orixá -– Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens, também chamado de elegun, onde a palavra elegun quer dizer "aquele que pode ser possuído pelo Orixá".
Egungun -– Espíritos dos Ancestrais

Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que encontramos explicações plausíveis para determinados ritos.
O MITO DA CRIAÇÃO Yorubá: Olodumaré enviou Oxalá para que criasse o mundo. A ele foi confiado um saco de areia, uma galinha com 5 (cinco) dedos e um camaleão.
A areia deveria ser jogada no oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra. Por último, colocaria o camaleão para saber se a terra estava firme.
Oxalá foi avisado para fazer uma oferenda à Exu antes de sair para cumprir sua missão. Por ser um orixá funfun, Oxalá se achava acima de todos e, sendo assim, negligenciou a oferenda à Exu. Descontente, Exu resolveu vingar-se de Oxalá, fazendo-o sentir muita sede. Não tendo outra alternativa, Oxalá furou com seu opasorô o tronco de uma palmeira. Dela escorreu um líquido refrescante que era o vinho de Palma. Com o vinho, ele saciou sua sede, embriagou-se e acabou dormindo.
Olodumare, vendo que Oxalá não havia cumprido a sua tarefa, enviou Odudua para verificar o ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxalá estava embriagado, Oduduwa cumpriu sua tarefa e os outros orixás vieram se reunir a ele, descendo dos céus, graças a uma corrente que ainda se podia ver no Bosque de Olose.
Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada à Oxalá: a honra de criar os homens. Entretanto, incorrigível, embriagou-se novamente e começou a fabricar anões, corcundas, albinos e toda espécie de monstros. Oduduwa interveio novamente. Acabou com os monstros gerados por Oxalá e criou homens sadios e vigorosos, que foram insuflados com a vida por Olodumaré.
Esta situação provocou uma guerra entre Oduduwa e Oxalá. O último, Oxalá, foi então derrotado e Oduduwa tornou-se o primeiro Oba Oni Ifé ou "O primeiro Rei de Ifé".

Cargos (postos) ocupados em um Ilê Axé


Olóyès , Ogãns e ÀjòièsIyalorixá/Babalorixá: Mãe ou Pai de Santo, é o posto mais elevado do ILê; tem a função de iniciar e completar o ato de iniciação dos olorixás.Iyaegbé/Babaegbé: É a segunda pessoa do axé. Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia. Posto paralelo ao da Iyalorixá ou Babalorixá.Iyalaxé: Mãe do axé, a que distribui o axé. É quem escolhe os Oloyes de acordo com as determinações superiores.Iyakekere: Mãe pequena do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos no Ilê.Ojubonã: É a mãe criadeira.Iyamoro: Responsável pelo Ipadê de Exú. Junto com a Agimuda, Agba e Igèna.Iyaefun/Babaefun: Responsável pela pintura dos Iyawos.Iyadagan: Auxilia a Iyamoro e vice-versa. Também possui sub-postos Otun-Dagan e Osi-dagan.Iyabassé: Responsável no preparo dos alimentos sagrados. Todos Olorixás podem auxilia-la, sendo ela a única responsável por qualquer falha eventual.Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando. E usa toalha de Orixá no ombro.Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos em obrigações de "cantar folhas". Geralmente filhas de Oxun.Aiybá: Bate o ejé em grandes obrigações. Tem sub-posto Otun e Osi.Ològun: Cargo masculino, despacha aos Ebós das grandes obrigações, a preferência é para os filhos de Ogun, depois Odé e Oluwaiyê.Oloya: Cargo feminino, despacha os Ebós das grandes obrigações, na falta de Ològun. São filhas de Oya.Mayê: Mexe com as coisas mais secretas do Axé, ligadas a iniciação do Adoxú.Agbeni Oyê: Posto paralelo a Mayê, divide a mesma causa.Oyê: Se relaciona com a Yaefun/Babaefun; ou seja, coisas de AWO para iniciação.Olopondá: Grande responsabilidade na inicição, no âmbito altamente secreto.Iyalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado, enquanto o mesmo se encontrar de obrigação.Kólàbá: Responsável pelo Làbá, simbolo de Xângo.Agimuda: Relação com o Ipadê de Exú. Aquela que carrega a espada. Titulo feminino usado no culto de Oya e Geledé.Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé.Iyasíhà Aiyabá é quem segura o estandarte de Oxalá.Omolàra: Posto de confiança.Sarapegbé: Mensageiro de coisas civis e de awo.Akòwé Ilê Xangô: É a Secretária da casa de Xângo. Zelo, Orô e compras.Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Cargo de extrema importância.
Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Traz axé de Ogun. Trabalha em conjunto com Iyalorixá/Babalorixá, Oloyês e Ogans. Não pode errar. Responsável direto pelos sacrifícios do ínicio ao fim do ato. Soberano nestas obrigações, é quem se comunica com o Orixá para quem se destina a obrigação, transmitindo à Iyalaxé as respostas e mandamentos. Deve ser chamado de Pai. E também possui sub-posto Otun e Osi.OgaláTebessê: Dono dos toques, cânticos e danças. Trabalha em conjunto com o Alagbê, possui sub-posto Otun e Osi.Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos Ilùs, os instrumentos musicais sagrados. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a ALVORADA mais ou menos 40 min. Se um autoridade de outro Axé chegar ao Ilê, o Alagbê, tem de lhe prestar as devidas homenagens "dobrar o Ilù" oferecer até sua própria cadeira. Também possui sub-posto Otun e Osi.Alagbá: Ambito civil do Axé.Àjòiè: Camareira do Orixá. Ekédi.Ojuoba: Posto de honra no Ilê Xangô e possui sub-posto Otun e Osi.Teololá: Aquela que acompanha os Obas de Xangô.Sobalóju: Título masculino e feminino. Sendo o mais importante e atraente, o preferido do rei.Mawo: Grande confiança.Balógun: Título ligado ao Ilê Ogun.Alagada: Ogan que cuida das ferramentas de Ogun.Balóde: Ogan de Odé.Aficodé: Chefe do Aramefá (6 corpos) ligado ao Ilê Odé.Ypery: Ogan ou Àjòiè de OdéAlajopa: Pessoa de Odé, que leva a caça para ele.Alugbin: Ogan de Oxalufan e Oxaguian que toca o Ilù dedicado a Oxalá.Assogbá: Ogan ligado ao Ilê Omolú e cultos de Obaluaiye, Nanã, Egun e Exú.Alabawy: Pessoa que trabalha na área jurídica e que cuida dos interesses civis do Axé.Leyn: Pessoa do Ogun ou Odé, que zela Ogun.Alagbede: Pessoa que trabalha no ramo de ferro e metais e forja as ferramentas do Axé.Elémòsó: Ogan ou Àjòiè de Oxaguian, ligados ao Ilê Oxalá.Gymu: Àjòiè de Omolu, que cuida de tudo que se relaciona a Omolu, Nanã e Ossany.Kaweó: Ligado ao Ilê Ossaiyn.Ogòtún: Ligado ao Ilê Oxun.Oba Odofin: Ligado ao Ilê Oxalá.Iwin Dunse: Ligado ao Ilê Oxalá.Apokan: Ligado ao Ilê Omolú.Abogun: Ogan que cultua Ogun.


Veja algumas das palavras mais utilizadas no Candomblé.


Abô e Oubikó = carneiro
Coquém e Sacuê = galinha d'angola.
Adié = galinha.
Uabaodié = galinha, galo.
Malu = boi.
Aban-malu = vaca.
Ifé e Olofu = gato.
Akokorô = galo.
Pekeié e Apepeié = pato.
Exie atabexi = cavalo.
Patapá = burro.
Ajaú e Adiaia = cachorro
Eran e Abô = carneiro.
Aledá e Ledé = porco.
Agutan = ovelha.
Euré = cabra.
Taleu-taleu = peru.
Ajapá e Logozé = cágado.
Adjiniju = elefante.
Ouê-êyá = rabo grande.
Koji = leão.
Zamba = elefante.
Xenimi e xenifidam = sapo.
Abô-agutam = ovelha.
Oguri = peixe.
Eiyele = pombo.
Alodé = periquito.
Ohá e Dudô = macaco.
Ará = corpo.
Ory = cabeça.
Ipakó = nuca.
Etu = orelha.
Imum = nariz.
Iban = queixo.
Irun = cabelo.
Irun-ban = barba e bigode.
Efin = dente.
Eeté = lábios.
Apá = braço.
Qué = mão.
Esse e Alessé = pé.
Itankó = coxas.
Idi-cu = ânus.
Kitaba e Ebeu = vagina.
Éepã = testículo.
Ogungum = osso.
Enum = boca.
Erã e Ancê = carne.
Ejé = Sangue.
Euú e oju = olhos.
Okan = coração.
Eigiká = ombros.
Obó = nádegas.
Akô = macho.
Abam = fêmea.
Mulembu = dedo.
Rivenum = barriga.
Utensílios Família
Ilê = casa.
Ajaké e Tapacê = mesa.
Jajá = esteira.
Egui = carvão.
Nlê = teto.
Anda = rede.
Tainguém = mesa.
Tânta-laiá = lâmpada, luz, clarão.
Jará = quarto.
Aputi = banco.
Ilê-ageun = cozinha.
Cumbaú = cama.
Idiôçu = cadeira.
Ajeké-neulune = fogão.
Teçu = candieiro de querosene.
Odu-ikekê = panela grande.
Itá = travessa, tigela de louça vidrada.
Obé-farÁ = faca tridente ou garfo tridente ou lança tridente.
Ikkô = panela.
Obé = faca.
Oberó = alguidar.
Obé-nuxo-inxó = faca de ponta.
Babá-nla = avó, patriarca.
Babassá = irmão gêmeo.
Aua-mete = tio.
Okorim = esposo, marido.
Yá-lé = mulher favorita.
Omâm omoborim = filho.
Babá = pai.
Bi-egun = viúva.
Okebiã = noivo.
Obirim = esposa, mulher.
Mô-obirim e obirim-mim = minha mulher.
Exi omobirim = filha.
Ya-nla = avó.
Muturi = viúva.
Yá = mãe.
Ikobassu = solteiro.
Oko-Okorim = homem.
Ô-madê = menino.
Tata-mete = primo.
Okuamuri = casado.

Vestuário
Cores
Axó = roupa.
Ubatá = sapato.
Abatá e batá = sapatos.
Filá = gorro, capuz de Obaluayê.
Akêtê = chapéu.
Ojá = fita, faixa.
Peké-pe'é = chapéu-de-sol.
Axó-dudu = roupa suja.
Abadê = toalha.
Dudu = preto
Fin-fun, mandulé = embombo e puti-branco.
Obádo = verde.
Eivikei = vermelho.
Okâm = azul.
Mucumbe = roxo.
Kiobambo = amarelo.

Bebidas Bebidas
Omim = água.
Otin-nibé = cerveja.
Otin-dudu = vinho tinto.
Otin-fum-fum = aguardente.
Oin = mel
Aluá = Brasil, refresco feito de rapadura com casca de abacaxi ou tamarindo.
Xeketé = milho e gengibre.
emeium = feito com epô.
furá = feito com diversas frutas.



NAÇÃO ANGOLA


OS CARGOS NA NAÇÃO DE ANGOLA:A partir da Mameto de inkice Maria Nenen e de outros Tatetos como Bernardinho e Ciri Aco, o culto banto ou Candomblé da Nação de Angola, como é chamado o culto no Brasil, teve maior destaque na comunidade afro-brasileira.
Estes negros ou bantos, como eram chamados devido a língua que falavam, seguiam a tradição religiosa de lugares como: Casanje, Munjolo, Cabinda, Luanda entre outros. Mas, o culto banto tem sua liturgia particular e muito diferenciada das culturas yorubá e fon.


Abaixo, encontram-se desmembrados os cargos e funções em um Candomblé Banto: 

Tata Ria Inkice Zelador / Pai 
Mameto Ria Inkice Zeladora / Mãe 
Tata Ndenge /Pai pequeno 
Kixika Ingoma /Tocador 
Tata Kambono /Ogan 
Tatta Kivonda /Aquele que sacrifica os animais 
Kinsaba/ O que colhe folhas 
Kikala Mukaxe /Filho de santo 
Tata Utala /Herdeiro da casa 
Dikota /Ekedi 
Kijingu/ Cargo 
Tata Unganga /O que joga búzios 
Zakae Npanzo/ Troncos de árvores colocados nas portas dos santos 
Munzenza/ Iniciado 
Ndunbe /Abian 
Vumbi /Egun 
Dizungu Kilumbe/ Saída de santo 
Dimba Inkice /Obrigações oferecidas aos Santos 
Kumbi Ngoma /Dias de toque 
Kufumala/ Defumação 
Dizungu Nlungu/ Ordem do barco: 

Kamoxi/Rianga 
Kaiai /Kairi 
Katatu/ Kairi 
Kakuãna/ Kauanã 

Sukuranise/ Troca das águas nas quartinhas 
Kota/ Filhos com mais de 07 anos de feitura