Lendas de Orixás, Búzios, Cartas e Tarôt, Orações, Ebós e ensinamentos diversos.
sábado, 28 de setembro de 2013
sábado, 14 de setembro de 2013
2º. Itan
Há muito tempo havia um rei muito malvado que por qualquer motivo condenava seus súditos a pena de norte por decapitação. As injustiças, os crimes por ele praticados eram tantos que Olodum resolveu mandar Exú verificar o que estava se passando com ordem de punir o malvado da maneira que ele bem entendesse. Exú então, disfarçado de alfaiate chegou à cidade onde se estabeleceu com sua nova profissão. O tempo passou até que certo dia um homem pediu a Exú que lhe fizesse um manto e utilizando-se de uma bela peça de tecido negro como a noite. Exú atendeu mais que satisfatoriamente a encomenda de seu freguês. Antes de entregar o manto a seu dono, Exú chamou Ikú, nossa grande senhora morte, e exibindo sua obra lhe fez a seguinte proposta:
“– Gostaria de possuir este manto?” e a morte disse:
“– Claro que sim, infelizmente não possuo dinheiro suficiente
para adquiri-lo, se tivesse, sem dúvida o compraria agora mesmo.”
“– Pois este manto poderá ser seu se dentro de sete dias
vieres buscar a pessoa que o tiver usando.”, confidenciou então Exú.
“– E assim basta que eu venha buscar dentro se sete dias quem
estiver vestido, para que eu possa ser dono deste manto?”
“– Não tenha dúvida.”, respondeu Exú.
“– Dentro de sete dias então virei buscar o manto e quem
estiver dentro dele.” Respondeu a morte ansiosa com os olhos brilhante sobre a
peça.
E Ikú retornou ao mundo dos mortos, contando os dias que
faltavam para que pudesse vestir o seu belo manto. No dia seguinte, o freguês
veio buscar a sua encomenda, mostrou-se muito satisfeito com o trabalho do novo
alfaiate. Ficou, olhou, provou e disse:
“– Recomendarei os seus serviços a todos os meus amigos,
tenho certeza que gostarão, sou muito bem relacionado e posso conseguir uma boa
clientela.”, disse o homem agradecido pelo trabalho.
“– Se é verdade que podes me ajudar, gostaria que vestido com
esse manto fosse passear nas imediações do palácio real, de forma que o próprio
rei pudesse admirar minha obra e dessa forma torna-se meu cliente”, disse Exú.
“– Sim, é claro, irei passear diante do palácio e se
perguntarem quem fez este manto darei o seu endereço”, e vestido de boas
intenções, lá se foi o homem desfilar diante do palácio real. O rei muito mal,
tinha um filho, rapazinho de 16 anos, cheio de vontades, mas de péssimo
caráter, ruim como seu próprio pai. O rei jamais negara nenhum pedido ao filho,
fazia todas as suas vontades, atendia todos os seus caprichos e aí então, ai
daquele que ousasse contrariar o príncipe, logo teria a cabeça separada do
próprio corpo. E Exú então, aguardando o fruto da ambição brotar, germinar,
amadurecer. E quem viu o homem vestido com o manto feito por Exú não foi o rei,
mas sim, o seu filho herdeiro.
“– Pai, pai, quero para mim o manto negro que aquele homem está vestindo.”, pediu o jovem, apontando para a direção do infeliz que passava distraído. Imediatamente o rei mandou prender o homem e inventando uma desculpa qualquer, condenou-o a morte por decapitação, dessa forma, seu filho poderia usar o manto, sem que ninguém reclamasse sua propriedade. E o príncipe então vestiu a roupa que não tirou mais do corpo. No dia da execução, Ikú foi chamado para levar o condenado, o pobre inocente condenado. Esta era a sua missão.
Na hora marcada, todos vieram ao patíbulo, inclusive o príncipe com o seu manto novo, jamais perdera um espetáculo como aquele e não seria naquele dia que deixaria de exibir a todos sua roupa nova e com certeza Ikú chegando ao local e vendo o manto lembrou-se da promessa de Exú e agindo com extrema presteza pegou o alfanje das mãos do carrasco decepando a cabeça do príncipe e arrancando-a do corpo ainda com vida. O manto negro confeccionado por Exú, ele vestiu imediatamente. O povo que vivia insatisfeito com o tirano, vendo o que se passava pensando tratar-se de uma revolução, invadiram o patíbulo matando também o rei e libertando o prisioneiro que foi por eles mesmo coroado rei. E foi assim que Exú puniu o déspota, eliminando ele e sua descendência para que o novo monarca pudesse reinar com justiça sobre aquele povo até então oprimido e é por isso que até hoje Ikú se veste com o manto totalmente negro, presente de Exú por um pequeno favor prestado.
Ensinamento: Esse itan com certeza revela que o
justo pode pagar pelo pecador desde que esse justo esteja copiando os maus
costumes, os maus vícios. Esse itan revela “diga-me com quem andas que eu direi
quem tu és”. Esse itan também revela que a justiça tarda mais não falha e não
tem caminho para que ela chegue. E miticamente falando revela o estreito
caminho entre Exú e a morte, por ser o senhor das estradas, o senhor do longe e
do perto, o senhor de ontem, do hoje e do amanhã, o senhor da distância
inexistente.
1o. Itan Exú
1º. Itan
Um dia, entre rezas africanas dos povos Iorubás, um mensageiro chamado Exú andava de aldeia em aldeia a procura de solução para terríveis problemas que na ocasião afligia a todos. Todos os homens, como também todos os Orixás.
Contam os itans que Exú foi aconselhado a ouvir do povo todas as estórias que falassem dos dramas vividos pelos seres humanos, pelas próprias divindades, assim como também pelos animais e por outros seres que dividem a terra com o homem. Estórias que falassem de aventuras, de sofrimentos, das lutas vencidas e perdidas, das glórias alcançadas, dos insucessos sofridos, das dificuldades na luta pela manutenção da saúde contra os ataques da doença e da morte.
Todas as narrativas a respeito dos fatos do cotidiano por menos importante que pudessem parecer, tinha que ser devidamente considerados. Exú deveria estar atento também aos relatos sobre as providências tomadas, a oferenda feita aos deuses para se chegar a um final feliz em cada desafio enfrentado e assim fez ele reunindo vários itans, histórias que significa de acordo com o sistema de enumeração dos antigos Iorubás que Exú juntou um número incontrolável de estórias realizando uma pacientíssima missão.
O Orixá mensageiro tinha diante de si todo o conhecimento necessário para o desvendamento dos mistérios sobre a origem e o governo do mundo dos homens e também da natureza. Sobre o desenrolar do destino dos homens, mulheres e crianças, sobre os caminhos de cada um na luta cotidiana quanto aos infortúnios que a todo momento ameaçam a cada um de nós, ou seja, a pobreza, a perda dos bens materiais, de posições sociais, a derrota em face do adversário traiçoeiro, a infertilidade, a doença e a morte.
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