Lendas de Orixás, Búzios, Cartas e Tarôt, Orações, Ebós e ensinamentos diversos.
domingo, 8 de março de 2015
Os 9 Oruns (Céus)
AQUI SE ENCONTRA O MISTÉRIO, POR ONDE A ALMA DE TODOS SERES HUMANOS CIRCULAM, PARA ALCANÇAR A PERFEIÇÃO:
Ifaatogun relado no livro de Juana Elbein, destacou os 9 òrun e os separou da seguinte forma: 4 em cima que seria a paz de Orun, a parte destinada a Obatalá Alaabalase, a indicação do seu poder ao Cetro, em quatro em baixo, indicação destina por Odùduà.
sexta-feira, 6 de março de 2015
Zangbeto
Zangbeto é um Culto do povo Badagry, sendo altamente respeitado pelos membros da sua comunidade - Os "Guardiões da Noite ( Policiais Vodoo no Benin)", são espíritos que gostam de dançar e falar sob folhas de palmeira (ráfia).
Desaparecem e reaparecem à sua vontade e giram trazendo boa sorte. Conta à legenda, que Zangbetos inicialmente eram os guardas noturnos na cidade de Hogbonou, Benin. Sua roupa exterior é feita das folhas da palma arranjadas em camadas, e coberta por fora com uma espécie de chapéu. E eram eles os responsáveis pela segurança noturna das vilas e aldeias, mantendo afastados os ladrões e malfeitores. Nesse sentido, podemos notar alguma semelhança com o termo Olopá ( que além de Senhor da Roupa, também significa Policial).
Hoje os Grupos locais de Zangbeto realizam competições, no sentido de ver os melhores pés de dança e magia durante todo Benin e Togo.
Sua aparição publica é acompanhada de alguns instrumentos musicais, dentre eles há uma espécie de sino duplo denominado "Gankeke", os Zangbeto utilizam também o Gangbo. Quanto ao ritmo produzido, denomina-se Gangbo, possuindo este nome, devido ao instrumento "gangbo" do qual lhe emprestaram o nome.
Hoje o Zangbeto ainda aparece em ocasiões especiais ou quando existe uma situação de urgência na comunidade. No ritual público de dança, percebe-se uma frenética rotação, em seguida, sentam-se na terra e ficam quietos, quando então os membros do grupo, batem neles com as suas varas rituais, e são entoadas orins pela comunidade Zangbeto.
Nesse momento, alguém vira a roupagem ritual, e mostram a todos que seu interior se encontra completamente vazio, pois a energia que lhe deu vida bem como o movimento já partiu. Mas sempre que o faz, deixa um pequeno boneco Zangbeto para trás como lembrança de sua estadia. O mais interessante ainda, é que de repente, alguém do grupo bate de novo com a vara ritual, a energia do Zangbeto retorna, e ele se faz novamente presente para a comunidade. À um costume em alguns locais de se incinerar estas roupas rituais após as apresentações.
O culto de Zangbeto encontra-se, presentemente, espalhado por todo o Sul do Benim. Zan significa noite. Zangbeto é, de fato, um espírito noturno. No meio da escuridão, o mascarado sai do seu convento, semeando terror à sua volta. Vai a casa dos ladrões, dos adúlteros, dos caloteiros, impondo-lhes que ponham cobro às suas safadezas. As suas formas parecem ter sido estudadas para meterem medo: Zangbeto é uma grande máscara coberta de palha colorida da cabeça aos pés, dando saltos acrobáticos e emitindo sons guturais.
A sua origem é mítica. Diz-se que três irmãos andavam em guerra entre si; os dois mais velhos opunham-se ao mais jovem; este, na noite antes da derradeira batalha, teve um sonho: uma figura sobrenatural aconselhou-o a cobrir-se de palha e, com os seus homens, correr de encontro aos inimigos, fazendo-lhes acreditar que eram fantasmas. O embuste funcionou, os irmãos fugiram e o jovem ficou senhor do reino. A máscara de Zangbeto é um tributo a essa vitória e, como tal, se tornou objeto de veneração.
As apresentações públicas dos Zangbeto têm por finalidade a purificação do povo, o afugentamento dos males para longe e o pedido de proteção. Prova disso são os prodígios que ele efetua durante as danças, como, por exemplo: homens esmigalham garrafas de cerveja e engolem os pedacinhos juntamente com o líquido sem ter qualquer corte; outros lambem uma barra de fero em brasa sem se queimarem e há mesmo quem espete plantas espinhosas no peito sem derramar uma gota de sangue.
quarta-feira, 4 de março de 2015
OXALÁ
Se Exu é o começo de tudo, Oxalá é o fim.
Se Exu é o principio da vida, Oxalá é o principio da morte. Equilíbrio positivo do Universo, é o pai da brancura, da paz, da união, da fraternidade entre os povos da Terra e do Cosmo. Pai dos Orixás, é considerado o fim pacífico de todos os seres. Orixá da ventura, da compreensão, da amizade, do entendimento, do fim da confusão.
O branco, nos cultos Afro-Brasileiros, é a cor principal. É, entretanto, o luto, a cor de Oxalá, pois Oxalá é aquele Orixá que vai determinar o fim da vida, o fim da estrada do ser humano. Daí sua cor ser considerada a cor do luto, nos Cultos. Oxalá é o fim da vida, é o momento de partir em paz, com a certeza do dever cumprido.
Embora não gostemos dela, nem que a queiramos com certeza, a morte é uma conseqüência da própria vida. Exu inicia, Oxalá termina. É assim nas rodas de Candomblé, no xirês, quando louvamos todos Orixás. Começamos por Exu, terminamos com Oxalá.
A religião, então, encara o fator morte com a mesma naturalidade com que encara os demais assuntos, pois ele faz parte da Natureza e sabemos que tudo tem um inicio, um meio e um fim. Também o Culto vai encarar esta evidência com lógica e vai determinar uma regência, ou melhor, inúmeras regências, para essa força chamada Oxalá.
Mas Oxalá também tem outras atribuições na Natureza. É ele que vai proporcionar a paz entre os homens; é ele que vai trazer o entendimento, a compreensão, o sossego, a fraternidade, não somente entre os homens, mas também em sua relação com outras forças da natureza, pois é comum nas Casas de Santo oferecermos comidas e flores, para que Oxalá venha apaziguar uma situação de conflito, uma determinada cabeça. É ele que servirá de mediador para que haja uma solução, uma definição.
Oxalá, portanto, está presente nos momentos em que a calma é estabelecida. Rege a tranqüilidade, o silêncio, a paz do ambiente.
Oxalá é o equilíbrio das coisas, mantendo-as suavemente estabilizado e em posição de espera ou definição, de acordo com o caso, de acordo com a situação. É, portanto, a organização final, da maneira mais pacífica possível.
Dia: Sexta-feira
Cor: Branco leitoso.
Simbolo: Opaxorô
Elementos: Atmosfera e Céu
Domínios: Poder procriador masculino, Criação, Vida e Morte
Saudação: Epi Epi Babá
OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a plataforma e a formação de todo o tipo de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (OPAXORÔ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas, gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.
Na África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Funfum. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá (Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil e na Europa a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã) e Orixá Ógìyán, o comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), se tornaram as suas expressões mais conhecidas.
A designação de Orixá FunFun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro mais velho e paciente.
Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo.
A maior interdição de Oxalá é de fato o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas roupas, os seus objetos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ekodidè, prova de sua submissão ao poder genitor feminino.
O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A ação de cobrir não evoca somente proteção, zelo, denota a atividade masculina no ato sexual.
No Xirê, Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.
Qualidades de Oxalá
Oxalá Ajagemo: Para o qual durante a sua festa anual em Edé, dança-se e representa-se com mímicas, um combate entre ele e Oluniwi, no qual este último sai vencedor.
Oxalá Akire ou Ikire: É um valente guerreiro muito rico que transforma em surdo e mudo a quem o negligencia.
Oxalá Alase ou Olúorogbo: Salvou o mundo fazendo chover num período de seca.
Oxalá Etéko: Caminha com Oxaguiã, é inquieto. Vive nas matas e come todo o tipo de carne branca.
Oxalá Eteto Obá Dugbe: Outro guerreiro, ligado a Orixalá.
Oxalá Lejugbe: é muito confundido com Oxalufan; por ser vagaroso e indeciso. Muito chegado a Ayrá. Come com Yemanjá e Oxalufan. Come também todo tipo de carne branca.
Oxalá Obatalá: É o mais velho dos orixás. O grande rei branco; raiz de todos os outros Oxalás. Ele não é feito, faz-se Ayrá ou Oxum Opara. É o pai de Oxalufan que por sua vez é o pai de Oxaguiã. Por ser muito grande e poderoso, Obatalá não se manifesta, sua palavra transforma-se imediatamente em realidade. Representa a massa, o ar, as águas frias e imóveis do começo do mundo, controla a formação dos novos seres, é o senhor dos vivos e dos mortos.
Oxalá Okó: Divindade da agricultura e colheita dos inhames novos e a fertilidade da terra. Orixá Nagô, pouco conhecido no Brasil. Na época da chegada dos escravos, não deram muita importância a este orixá, considerando como orixá da agricultura, em seu lugar Ogum e dos grãos Obaluaiê. Quando se manifesta leva um cajado de madeira que revela sua relação com as árvores, traz uma flauta de osso que lembra sua relação com a sexualidade e a fertilidade. É confundido com Oxalá, pois veste-se de branco. Seu Opaxorô, no Brasil, é confeccionado em madeira. Sendo um Orixá raro, tem poucas qualidades conhecidas. É um Orixá rico.
Oxalá Orinxalá, Orixalá ou Obatalá: É casado com Yemanjá, suas imagens são colocadas lado a lado e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no Ilésin, local de adoração, dizem que Yemanjá foi a única mulher de Orixalá um caso excepcional de monogamia entre orixás e eborás.
Oxalá Oxalufã (Orixá Olú Fon): Orixá velho e sábio, cujo templo é Ifón pouco distante de Oxogbô, a cerimónia de saudações é de dezasseis em dezasseis dias. Orixá muito velho, de idade avançada, aleijado, lento, movendo-se com muita dificuldade. Dança apoiado no opaxoró. Treme de frio e velhice. Detesta a violência, disputas e brigas. Não come sal e nem dendê; odeia cores fortes, principalmente o vermelho. A ele pertencem os metais e substâncias brancas; não suporta cavalos.
Oxalá Oxoguiã ou Oxaguian (Orixá Ogiyan): Orixá jovem e guerreiro, cujo templo principal se encontra em Ejigbô. Tomou o título de Eleejigbô Rei de Ejigbô uma de suas características e o gosto pelo inhame pilado chamado lyán, que lhe valeu o apelido de Orisa-Je-Iyán ou Orisájiyan. A tradição exige que os habitantes de dois bairros Xolô e Oké Mapô lutem uns contra os outros a golpes de varas. É o único que tem autorização de enfeitar seus colares brancos com pedras azuis, chamadas Seguy. Está ligado ao culto de Iroko e dos espíritos, assim como a fertilidade e o culto ao inhame. É o pai de Oxossi Inlé, come com Ogunjá, Oxossi Inlé, Airá, Exu, Oyá e Onira. Tem muito fundamento com Oyá pois, é o dono do Atori, fundamento que lhe foi dado por ela, motivo pelo qual as pessoas de Guian devem agradar muito a Oyá. Vem pelos caminhos de Onira; tem ligação forte com Exu. Seus filhos devem evitar brigas e mentiras e principalmente, não devem enganar a Ogum.
Oxalá Olofon Ajigúna Koari: Aquele que grita quando acorda (conhecido pelo nome de Oxalufan).
Temos mais qualidades de Oxalá que iremos estudar mais tarde.
domingo, 1 de março de 2015
A Importância da Cabaça no Candomblé
A cabaça é um fruto vegetal com larga utilização no Candomblé . É o fruto da cabaceira. Inteira, é denominada cabaça; cortada, é cuia ou coité; e as maiorias são denominadas cumbucas.
Nos ritos do Candomblé, sua utilização é ampla, tomando nomes diferentes de acordo com o seu uso, ou pela forma como é cortada. A cabaça inteira é denominada Àkèrègbè , e a cortada em forma de cuia toma o nome de Ìgbá .
Cortada em forma de prato é o Ìgbáje , ou seja, o recipiente para a comida. Cortada acima do meio, forma uma vasilha com tampa, tomando o nome de Ìgbase , ou cuia do Àse , e é utilizada para colocar os símbolos do poder após a obrigação de sete anos de uma Ìyàwó , como a tesoura, navalha, búzios, contas, folhas, etc. que permitirão à pessoa ter o seu próprio Candomblé.
Cabaças minúsculas são colocadas no Sàsàrà de Omolu , como depósito de seus remédios.
No Ógó de Èsù , uma representação do fato masculino, as cabaças representam os testículos. Usa-se uma das partes da cabaça cortada ao meio, e colocada na cabeça das pessoas a serem iniciadas e que não podem ser raspadas por serem Àbìkú , para nela serem feitas as obrigações necessárias.
Com o corte ao comprido, torna-se uma vasilha com um cabo, chamada de cuia do Ìpàdé e serve para colher o material de oferecimento ou para colher as águas do banho de folhas maceradas. Inteira e revestida de uma rede de malha será o Agbè , instrumento musical usado pelos Ogans , durante os toques e cânticos.
Uma cabaça com o pescoço comprido em forma de chocalho é agitada com as suas sementes, fazendo assim o som do Séré , forma reduzida de Sèkèrè, instrumento por excelência de Sàngó .
A cabaça inteira em tamanho grande substitui nos ritos de Àsèsè , a cabeça de uma pessoa que morreu e que por alguns fatores não é possível realizar as obrigações de tirar o Òsu .
Por fim, pode ser lembrado que a cabaça cortada em forma de vasilha com tampa é conhecida como Ìgbádù , a cabaça da existência e contém os símbolos dos quatro principais Odù : Éjì, Ogbè, Òyekú Méjì, Ìwòri Méjì e Òdí Méjì.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Ori
"Mesmo quando nosso Orixá está bem, só ficará tudo bem se o nosso Ori estiver também".
Para termos ideia da importância e precedência do ORI em relação aos demais Orixás; "Ogum chamou ORI e perguntou-lhe:
“Você não sabe que você é o mais velho entre os Orixás”? Que você é o líder dos Orixás?"
Sem receio podemos dizer, “ORI mi a ba bo ki a to bo Orisa”, ou seja, “Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o Orixá” e temos um oriki dedicado à ORI que nos fala que “ Ko si Orisa ti da nigbe leyin ORI eni”, significando, " Não existe um Orixá que apoie mais o homem do que o seu próprio ORI".
Quando encontramos uma pessoa que apesar de enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, força interior extraordinária, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida , podemos dizer, "ENIYAN KO FE KI ERU FI ASO, ORI ENI NI SO NI", ou seja, "as pessoas não querem que você sobreviva, mas o seu ORI trabalha para você", trazendo, nessa expressão, um indicador muito importante de que um ORI resistente e forte é capaz de cuidar do homem, de lhe garantir a sobrevivência social e as relações com a vida, apesar das dificuldades que ele enfrente.
Esta é a razão pela qual o BORI, forma de louvação e fortalecimento do ORI utilizada em nossa religião, é utilizado muitas vezes, precedendo ou, até, substituindo um Ebó. Isso se faz para que a pessoa encontre recursos internos adequados, esta força interior de que falamos, seja à adequação ou ajustamento de suas condições frente às situações enfrentadas, seja quanto ao fortalecimento de suas reservas de energia e consequente integração com suas fontes de vitalidade.
É importante dizer que é o ORI que nos individualiza e, por conseqüência, nos diferencia dos demais habitantes do mundo. Essa diferenciação é de natureza interna e nada no plano das aparências físicas nos permite qualquer referencial de identificação dessas diferenças. Sinalizando essa condição, talvez uma das maiores lições que possamos receber com respeito ao ORI;
"Uma pessoa de mau ORI não nasce com a cabeça diferente das outras.
Ninguém consegue distinguir os passos do louco na rua.
Uma pessoa que é líder não é diferente
E também é difícil de ser reconhecida.
É o que foi dito à Mobowu, esposa de Ogum, que foi consultar Ifá.
Tanto esposo como esposa não deviam se maltratar tanto,
Nem fisicamente, nem espiritualmente.
O motivo é que o ORI vai ser coroado
E ninguém sabe como será o futuro da pessoa."
Para os Iorubás o ser humano é descrito como constituído dos seguintes elementos: ARA, OJIJI, OKAN, EMI e ORI.
ARA é o corpo físico, a casa ou templo dos demais componentes.
OJIJI é o "fantasma" humano, é a representação visível da essência espiritual.
OKAN é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação.
EMI, está associado à respiração, é o sopro divino. Quando um homem morre, diz-se que seu EMI partiu.
Portanto um conselho: Para termos um Ori bom e próspero é fundamental cuidar sempre dos pensamentos, da saúde mental buscando harmonia, paz e positividade.
Nossa mente é programável, e nosso Ori conduz nossa vida conforme a nossa consciência. Não adianta dizermos que somos filho de tal Orixá e que Orixá será o responsável por nossas condutas; Orixá é o caminho e energia pura, Ori é o o desejo, a sabedoria, o "EU", a consciência e harmonia que fará conduzir com inteligência e força nossa vida em direção ao caminho mais voltado a nossa real existência. Por isso, de nada adianta ter Orixá e possuir um Ori em desarmonia pois a desarmonia da consciência fará com que conduza suas preces e energias a caminhos obscuros, distantes dos sonhos, cegos surdos às mensagens e sinais de nossos antepassados.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
A ENTREGA DO DEKÁ – ODÚ IGÊ –
IMPORTANTES CONCEITOS DE ÉTICA, MORAL E RESPONSABILIDADES
A entrega do deká, é o ápice da iniciação no Candomblé. Após os sete anos de iniciação, o até então Iaô deverá fazer sua obrigação correspondente e, se tiver em seu destino a função de abrir uma nova Casa, receberá então seu deká (na Nação Ketu, constituindo-se de uma bandeja com os atinentes elementos) ou sua Cuia (na Nação Jeje, sendo a própria cabaça – Àkérègbè, cortada acima do meio em forma de vasilha com tampa, transformando-se em igbaxé, para colocar-se os símbolos).
Apesar desta diferenciação étnica, face ao acentuado sincretismo e integração entres as diversas Nações, tal nomenclatura e procedimentos não são tão rígidos, observando-se diversificação em várias Casas.
Com a obrigação de sete anos (odú igê), o Iaô passa à categoria de ebômi.
O recebimento da cuia, habilita o portador a abrir seu próprio Candomblé, embora não obrigue o novo ebômi a abandonar seu atual Barracão. A cuia, portanto, contém os elementos simbólicos e necessários à abertura de um novo Candomblé, tais como uma tesoura, uma navalha, búzios, contas, folhas, uma faca, um ecodidé, etc.
A entrega do deká e/ou a exclusiva obrigação de sete anos, são muito esperados pelos filhos-de-Santo, posto que garantem grande elevação na hierarquia do Candomblé. Contudo, devemos ressaltar a importância e as responsabilidades que este passo requer.
Entre os vários deveres intrínsecos, destaca-se a tarefa de zelar pelo Culto, pela Religião, mantendo seus conceitos, preceitos, e corrigindo deformidades que denigrem o Candomblé.
Ao contrário do que muitos supõem, o Candomblé não é uma religião aética ou amoral. Desde os mais remotos tempos na África, já consideravam-se importantes conceitos de moral, ética, tabus (ewós – interdições) e até uma espécie de mandamentos yorubanos.
Segundo a tradição yorubá, a origem dos deveres morais provém da Divindade Suprema (Olorum ou Olodumare). Olodumare colocou nos Homens o Ifá Àyà (O Oráculo do Coração ou Oráculo Interior), o que seria sua orientação ética e moral inatas. Uma pessoa seria boa ou má conforme ela corresponde ou desobedece ao seu Oráculo Interior, à sua consciência.
A busca pela boa conduta seguindo à consciência e às leis superiores, confere ao Candomblé seu “status” de religião, a medida que liga o Homem a Deus (“religare”), proporcionando a melhora do indivíduo.
A concepção de OMOLÚWABI (“filho do bom caráter”), expressa o princípio yorubano de que o cidadão deve respeitar aos mais velhos, ter lealdade para com os pais e para com a tradição, honestidade, hospitalidade, coragem, devoção, paciência, verdade, assistência aos necessitados e desejo irresistível ao trabalho, a fim de manter ilibado seu nome e o de sua família (entenda-se inclusive a de Santo).
O mais importante valor do povo Yoruba é o caráter, que é o maior atributo do homem. A palavra iwà vem do verbo wà – Existir, Ser.
Odùnrin náa ní ìwà, Aquele homem tem um bom caráter.
O indivíduo qué ìwà pèlé não entra em choque com nenhuma força humana e supernatural, vive em plena harmonia com todas as forças do universo. E este fato tem um forte peso no julgamento divino e define o bem estar na terra e o nosso lugar futuro após a nossa morte ou renascimento.
Olódùmaré o Deus supremo e conhecido como Olúmònokàn, “aquele que conhece todos os corações”, que tudo sabe e tudo vê, e o seu julgamento é correto e absoluto.
Ìwà nikàn l’ ó sòro o - “Caráter é tudo o que é necessário.”
Eni l’ orí rere tí kò n’ iwà, ìwà l’ o máa b’ orí rè jé.
“Uma pessoa de bom orí, que não tenha caráter, irá arruinar o seu destino.”
Havia também entre os povos Bantos, um conjunto de normas que proibia, entre outras coisas, provocar o aborto, injuriar, cometer adultério, praticar incesto, tudo visando resguardar a moralidade da família.
Alguns provérbios bem revelam isto:
Ebí jàre òle – O homem indolente é o único responsável por sua fome.
Ìsé kó gbékún – Choro não é resposta para pobreza.
Àìfágbá féníkan, kò jé ayé é ó gún – Faltar com respeito à autoridade é a origem dos conflitos do mundo.
Ìwà nikàn l’ó sòro o – O caráter é tudo o que é necessário.
Reza a tradição que Olofin, chamou a todos os homens ao pé de uma montanha para ensinar-lhes as leis, já que não as conheciam. Chamou pobres e ricos, grandes e pequenos, mulheres e homens, alertando-os se quisessem compartilhar com eles suas aldeias que tinha no céu. E deu-lhes seus MANDAMENTOS:
- “Não roubarás nada dos outros
- Não matarás a quem não tenha lhe causado dano, nem os animais que não precises para teu sustento
- Não comerá a carne do ser humano
- Viverás em paz com teus irmãos
- Não desejarás nada de seus amigos, nem mulher; o que desejares deverás obter de teu esforço
- Não amaldiçoarás o meu nome. Respeitarás pai e mãe. Não pedirás mais do que posso dar-te e te conformarás com teu destino no mundo.
- Não temerás a morte, nem tampouco a buscarás por tuas próprias mãos. Transmitirás meu mandamento a teus filhos e filhos de teus filhos.
- E por último, que minhas leis sejam respeitadas, se não o fizeres conhecerás meu castigo.”
O filho-de-santo, então deve ser orientado, desde sua tenra iniciação, a respeitar estes conceitos, a fim de manter a honra de seu nome e evitar que algo o desabone, bem assim o de seu egbé (sociedade).
Para bem utilizar o deká, é fundamental ser um omolúwabi.
A transmissão destes conceitos, se dá através da tradição oral, dos provérbios, orikis, itãns, canções e, principalmente, por via da aplicação prática.
Não basta possuir o título de ebômi para merecer respeito. É necessário angariar respeito pelos seus gestos e atos. Ao contrário, o respeito será apenas formalidade hierárquica.
É uma falha do zelador não reconhecer a conexão entre a moralidade e a religião. Isto o leva a entender que tudo se resolve através de ebós. No entanto, grande parte das vezes, o consulente está descumprindo normas religiosas, tais como aquelas acima elencadas, e assim desagradando aos Orixás. Nestes casos, antes de qualquer coisa, deverá corrigir sua conduta para, posteriormente, avaliar-se o cabimento de algum ebó de apaziguamento.
Fundamental também, é entender que apesar de alguém sofrer injustiças, não deve fazer justiça com as próprias mãos.
Fí ìjà fún Olórun já fí owó l’éran – Entregue nas mãos de Olorun para que ele o defenda.
O mal não se combate com o mal. Ao contrário do que se pensa e do que muitos praticam, não se deve pedir a nenhuma Divindade vingança. Nem mesmo agradar Exú para que este faça mal a terceiros.
Exú é o guardião, é o instrumento do equilíbrio da justiça. É o princípio da comunicação, da ordem, do equilíbrio e da harmonia universal. Aí também a energia criadora de Exú. De tempos em tempos, compete a Exú inspecionar o trabalho das pessoas e Divindades, relatando a Olodumare. A Exú cabe aplicar o que couber aos transgressores. Contrariar a isto, será subverter-se à ordem desperdiçando axé e comprometendo-se a si próprio, posto que um erro não justifica outros.
Alertamos no sentido de que todos os envolvidos em trabalhos maléficos (inclusive os de vingança), estarão sujeitos a pagar pelo mal, tanto os que requisitam, quanto os que executam.
Nestes casos, deve-se consultar o jogo de búzios e verificar o que é mais recomendável, se trabalhos de proteção, afastamento, oferendas, fortalecimento, etc., jamais realizar ebós para o mal.
O guardião da moral do Candomblé, é Oxalá. Seu próprio nome primordial assim o define: Obàtálá – O Rei cuja roupa é branca, ou o Rei que possui honra. A ética e a moral, infelizmente tão esquecidas no Candomblé, são zeladas na brancura de Oxalá e podem ser assim resumidas:
O caráter (ìwà), é o maior dos valores morais e o maior atributo do Homem. Quem tem bom caráter não colide com nenhuma força humana ou sobrenatural, vivendo em perfeita harmonia com o mundo.
A bondade (oore), considerada uma grande virtude, sobretudo quando gera hospitalidade e generosidade. Para o povo yorubá, fazer o bem é a grande realização diária.
A paciência (sùúrú), é entendida como o fator primordial para evitar precipitações que decorram na perca de caráter. A paciência é o primeiro filho de Olodumare e o pai do caráter.
A promessa (Ìbúra), é igualmente um dos mais importantes itens, sobretudo porque desde a iniciação, a pessoa cria vínculos de promessas à Casa e a sua Divindade.
O respeito (Òwò), a que todos devem entre si, sobretudo aos mais velhos pela sua antiguidade e experiência.
Ser verdadeiro (Olóòtòo), é uma virtde essencial de uma comunidade.
Ser justo e sincero (Olóòdodo).
Fazer caridade (Ìféni).
Respeitar os tabús (Èwò), é também de grande importância. Não se deve transgredir as determinações do que deve ser feito, evitado, comido, vestido conforme a vontade das Divindades, sob pena de gerar as chamadas kizilas.
A literatura de Ifá, é a maior fonte deste valores.
Deve-se conhecer, praticar e orientar aos consulentes quanto às normas de conduta morais e éticas, tanto para cumprir a função religiosa inerente ao Candomblé, quanto para agradar às Divindades e para a melhora da Sociedade.
A consulta a qualquer oráculo, opelê ifá, búzios, alobassá, orobô, inhame (íyan), obi, etc., não deve ser vista como a solução para todos os problemas, mas o meio pelo qual se vê, ou se previne do que está errado, buscando meios de tentar reverter ou amenizar. Importante entendermos por “errado” também as condutas incompatíveis com a ética e a moral das Divindades, e consequentemente da Religião.
Os preceitos éticos e morais devem também nortear os vodunsis quando estes se prestarem a consultar um oráculo para atender a um consulente. Diante disto, não se deve faltar com a verdade; deve-se Ter precaução com o que se diz e como se diz; deve-se agir com bondade objetivando a caridade; e sobretudo deve-se Ter fé, para que a intuição seja norteadora da consulta junto às divindades.
OBS: O deká só entregue a quem tem cargo de sacerdote, todos os demais que completam sete anos passam pelas obrigações de sete anos e ponto final, não deveriam receber deká nenhum, poderiam receber cargo na Casa e ficar lá , mas nunca com deká. Deká não é sinônimo de sete anos, isso é fundamental que compreendamos na nossa religião.
- “Não roubarás nada dos outros
- Não matarás a quem não tenha lhe causado dano, nem os animais que não precises para teu sustento
- Não comerá a carne do ser humano
- Viverás em paz com teus irmãos
- Não desejarás nada de seus amigos, nem mulher; o que desejares deverás obter de teu esforço
- Não amaldiçoarás o meu nome. Respeitarás pai e mãe. Não pedirás mais do que posso dar-te e te conformarás com teu destino no mundo.
- Não temerás a morte, nem tampouco a buscarás por tuas próprias mãos. Transmitirás meu mandamento a teus filhos e filhos de teus filhos.
- E por último, que minhas leis sejam respeitadas, se não o fizeres conhecerás meu castigo.”
O filho-de-santo, então deve ser orientado, desde sua tenra iniciação, a respeitar estes conceitos, a fim de manter a honra de seu nome e evitar que algo o desabone, bem assim o de seu egbé (sociedade).
Para bem utilizar o deká, é fundamental ser um omolúwabi.
A transmissão destes conceitos, se dá através da tradição oral, dos provérbios, orikis, itãns, canções e, principalmente, por via da aplicação prática.
Não basta possuir o título de ebômi para merecer respeito. É necessário angariar respeito pelos seus gestos e atos. Ao contrário, o respeito será apenas formalidade hierárquica.
É uma falha do zelador não reconhecer a conexão entre a moralidade e a religião. Isto o leva a entender que tudo se resolve através de ebós. No entanto, grande parte das vezes, o consulente está descumprindo normas religiosas, tais como aquelas acima elencadas, e assim desagradando aos Orixás. Nestes casos, antes de qualquer coisa, deverá corrigir sua conduta para, posteriormente, avaliar-se o cabimento de algum ebó de apaziguamento.
Fundamental também, é entender que apesar de alguém sofrer injustiças, não deve fazer justiça com as próprias mãos.
Fí ìjà fún Olórun já fí owó l’éran – Entregue nas mãos de Olorun para que ele o defenda.
O mal não se combate com o mal. Ao contrário do que se pensa e do que muitos praticam, não se deve pedir a nenhuma Divindade vingança. Nem mesmo agradar Exú para que este faça mal a terceiros.
Exú é o guardião, é o instrumento do equilíbrio da justiça. É o princípio da comunicação, da ordem, do equilíbrio e da harmonia universal. Aí também a energia criadora de Exú. De tempos em tempos, compete a Exú inspecionar o trabalho das pessoas e Divindades, relatando a Olodumare. A Exú cabe aplicar o que couber aos transgressores. Contrariar a isto, será subverter-se à ordem desperdiçando axé e comprometendo-se a si próprio, posto que um erro não justifica outros.
Alertamos no sentido de que todos os envolvidos em trabalhos maléficos (inclusive os de vingança), estarão sujeitos a pagar pelo mal, tanto os que requisitam, quanto os que executam.
Nestes casos, deve-se consultar o jogo de búzios e verificar o que é mais recomendável, se trabalhos de proteção, afastamento, oferendas, fortalecimento, etc., jamais realizar ebós para o mal.
O guardião da moral do Candomblé, é Oxalá. Seu próprio nome primordial assim o define: Obàtálá – O Rei cuja roupa é branca, ou o Rei que possui honra. A ética e a moral, infelizmente tão esquecidas no Candomblé, são zeladas na brancura de Oxalá e podem ser assim resumidas:
O caráter (ìwà), é o maior dos valores morais e o maior atributo do Homem. Quem tem bom caráter não colide com nenhuma força humana ou sobrenatural, vivendo em perfeita harmonia com o mundo.
A bondade (oore), considerada uma grande virtude, sobretudo quando gera hospitalidade e generosidade. Para o povo yorubá, fazer o bem é a grande realização diária.
A paciência (sùúrú), é entendida como o fator primordial para evitar precipitações que decorram na perca de caráter. A paciência é o primeiro filho de Olodumare e o pai do caráter.
A promessa (Ìbúra), é igualmente um dos mais importantes itens, sobretudo porque desde a iniciação, a pessoa cria vínculos de promessas à Casa e a sua Divindade.
O respeito (Òwò), a que todos devem entre si, sobretudo aos mais velhos pela sua antiguidade e experiência.
Ser verdadeiro (Olóòtòo), é uma virtde essencial de uma comunidade.
Ser justo e sincero (Olóòdodo).
Fazer caridade (Ìféni).
Respeitar os tabús (Èwò), é também de grande importância. Não se deve transgredir as determinações do que deve ser feito, evitado, comido, vestido conforme a vontade das Divindades, sob pena de gerar as chamadas kizilas.
A literatura de Ifá, é a maior fonte deste valores.
Deve-se conhecer, praticar e orientar aos consulentes quanto às normas de conduta morais e éticas, tanto para cumprir a função religiosa inerente ao Candomblé, quanto para agradar às Divindades e para a melhora da Sociedade.
A consulta a qualquer oráculo, opelê ifá, búzios, alobassá, orobô, inhame (íyan), obi, etc., não deve ser vista como a solução para todos os problemas, mas o meio pelo qual se vê, ou se previne do que está errado, buscando meios de tentar reverter ou amenizar. Importante entendermos por “errado” também as condutas incompatíveis com a ética e a moral das Divindades, e consequentemente da Religião.
Os preceitos éticos e morais devem também nortear os vodunsis quando estes se prestarem a consultar um oráculo para atender a um consulente. Diante disto, não se deve faltar com a verdade; deve-se Ter precaução com o que se diz e como se diz; deve-se agir com bondade objetivando a caridade; e sobretudo deve-se Ter fé, para que a intuição seja norteadora da consulta junto às divindades.
OBS: O deká só entregue a quem tem cargo de sacerdote, todos os demais que completam sete anos passam pelas obrigações de sete anos e ponto final, não deveriam receber deká nenhum, poderiam receber cargo na Casa e ficar lá , mas nunca com deká. Deká não é sinônimo de sete anos, isso é fundamental que compreendamos na nossa religião.
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