Lendas de Orixás, Búzios, Cartas e Tarôt, Orações, Ebós e ensinamentos diversos.
segunda-feira, 16 de abril de 2018
quinta-feira, 12 de abril de 2018
Aridan
Aridan, Àrìdan é o nome de uma árvore de origem africana, cultivada no Brasil, que produz frutos com o mesmo nome, seu nome científico é TETREPLEURA.
Fava de Aridan como é chamado no candomblé é um fruto sagrado que entra na maioria dos rituais do candomblé, principalmente nos rituais do ODUN EJÊ, SASANHA, ABÔ e ASSENTAMENTO DE ORISÁS. No sentido de proteger o barracão e os filhos de santo contra os feitiços.
Segundo Verger, este mesmo vegetal tem o mesmo nome na África e um vasto uso nos rituais, principalmente em trabalhos benéficos para combates de bruxaria praticadas pelas feiticeiras(IYÁMI'S).
A fava consiste em um envólucro que protege as sementes e em algumas espécies, são usadas ainda verde como leguminosas, em outros espera-se q amadureçam e sequem para serem trituradas ou delas serem retiradas suas sementes.
Seu uso é exatamente no sentido de proteção, que vai efetuar ao iniciado quando mistirada nos preparos de pó sagrado.
Nos rituais de Orisás, nada se faz sem o uso dessa poderosa fava, que é utilizada desde os tempos remotos, por sacerdotes das diversas regiões da África.
A Aridan é muito conhecida pelo povo do candomblé, por ser talvez a mais sagrada de todas as favas utilizadas. Até mesmo ESÚ leva essa fava em seu assentamento e jamais se faz nada, sem que ela esteja dentro do IGBÁ ORISÁ.
Sua utilização dentro do Candomblé é universal, sendo que todas as nações a utilizam e praticamente da mesma forma. Apenas ressalto que somente um sacerdote devidamente preparado pode utilizar essa ou qualquer outra fava nos rituais litúrgicos.
A Aridan protege desde os IGBÁS, as pessoas e a Casa de candomblé.
ASÉ!
sexta-feira, 6 de abril de 2018
Sabão da Costa (Òsé Dudu)
Origem do Sabão da Costa
No início do século XVI, navegadores ibéricos, por falta de conhecimento geográfico, passaram a designar genericamente toda a costa atlântica africana e seu interior imediato, como «da Costa», e naturalmente, tudo o que dali procedesse possuía a mesma denominação, ou seja, seria «da Costa», e isso não serviu apenas para o sabão, mas também outros artigos tais como: pano (da Costa), pimenta (da Costa), limo (da Costa), esteira (da Costa), etc.
Segundo estudos, de diversos historiadores, o sabão da Costa era importado pelo Brasil desde o ano de 1620. Nessa época ele era procedente de países como Gana e Camarões e, principalmente da Nigéria, grande produtor. O antigo Daomé (atual República do Benin) e Togo, também produziam sabão, o dito da Costa, que era trazido por escravos e seus algozes, os traficantes de escravos.
No livro «Casa Grande e Senzala», o clássico estudo de Gilberto Freyre, este grande erudito nos informa que o sabão da Costa, passou a ser vendido ao povo em geral, no Brasil, notadamente nas ruas do Rio de Janeiro, por escravos libertos logo após a Abolição da Escravatura.
No Rio de Janeiro, já no século XX e principalmente a partir dos anos 70, com a chegada massiva de estudantes nigerianos que aqui vieram para estudar em diversas Universidades, iniciou-se um intenso comércio, não só do sabão da Costa, como também de muitos outros artigos religiosos. O Mercadão de Madureira, sem dúvida é o maior centro difusor. No Brasil no início dos anos 70, poucas eram as lojas que o tinham para venda. Devido ás suas propriedades medicinais, terapêuticas religiosas, seu uso tornou-se mais intenso.
Mas é bom saber, e estar alerta, pois alguns africanos em conluio com alguns comerciantes inescrupulosos misturaram sabão da Costa legitimo com um outro, que é tido como sabão da Costa, porém é inferior ao original, embora também seja vendido em larga escala. Nos grandes mercados africanos podemos encontrá-lo geralmente envolto em folhas de bananeira ou até em pequenas bolas de 100g envoltas em plástico. É o mesmo e velho sabão da Costa!
Texto extraído do livro «O uso mágico e terapêutico do Sabão da Costa» de Fernandez Portugal Filho – Rio de Janeiro, 2011 – Editora Cristális.
Sabão da Costa: princípios, uso e propriedades
Sabão da Costa, òsé dudu em Yorùbá, literalmente sabão negro. Òsé dudu é um sabão negro consistente, de origem africana, comum em todos os mercados populares em diversos países africanos. Os originais são feitos de forma artesanal, com gordura animal; é pastoso e faz bastante espuma. Pode ser associado a ervas secas, especiarias, azeites, óleos, pós de vegetais, minerais, ossos de diversos animais, sangue de animais, enfim, uma infinidade de elementos que os Babalaô utilizam para as mais distintas finalidades.
Como toda a arte mágica, ao preparar o òsé dudu temos que ter cuidado ao misturar os ingredientes para que possamos alcançar os melhores resultados, devemos com atenção conhecer previamente a potência de cada elemento, para então sabermos que reunidas produzirão os efeitos desejados. Para esses resultados que esperamos, não é suficiente apenas misturar os elementos. Todo sabão preparado só atingirá seus objetivos for, após a sua finalização, imantado pela poderosa energia do Òrisá que você deseja, o Asé.
A observância da luz solar e da energia lunar fazem a diferença. Ao prepararmos o òsé dudu, devemos seguir as indicações como dia, hora, etc, pois ao obedecermos ás indicações estaremos contribuindo e muito com o sucesso da realização da finalidade a que se destina.”
Sabão da Costa (òsé dudu), preparado artesanalmente e segundo a tradição Yorùbá, para os seguintes fins:
– Limpeza e descarrego;
– Quebra e descarrego forte de energias negativas (magias, invejas, espíritos do astral inferior…);
– Prosperidade, sorte, atração de boas energias e abertura de caminhos;
– Calma, equilíbrio, tranquilidade, paz, sono tranquilo;
CURIOSIDADES – SABÃO DA COSTA
Ao contrário dos sabões comerciais, que são feitos de produtos químicos sintéticos, o òsé dudu é muito hidratante para a pele. Isso acontece porque é feito de dendê virgem e Manteiga de Karité. A receita básica é secular, das antigas tradições, tendo sido transmitida ao longo de gerações.
É feito de forma artesanal, não sendo encontrado em farmácias, somente em lojas específicas de produtos africanos, normalmente na forma bruta. O Sabão preto é conhecido na África Ocidental por vários nomes, mas o mais comum é Òsé Dudu, que é derivado do Anago ou línguas iorubas da Nigéria, Benin e Togo. Significando, literalmente, sabão (òsé) Preto (Dudu). Embora conhecido como “negro”, o sabão preto Africano varia de um marrom claro ao preto profundo, dependendo dos ingredientes e modo de preparação.
As cascas, folhas e vagens do cacau também são utilizadas para dar a cor e característica.
O óleo usado para fazer o sabão varia de região para região, e inclui óleo de palma, óleo de palmiste, óleo de coco, manteiga de cacau e manteiga de karité. Qualquer combinação destes ingredientes é possível e é determinado como base. Além disso, o cloreto de potássio, que é usado para fazer sabão preto africano, pode ser derivado a partir das cinzas de várias fontes vegetais, incluindo frutos do cacau, cascas de karité, folhas de bananeira e os subprodutos da produção de manteiga de karité.
O cloreto de potássio utilizado provém das cinzas de folhas de bananeira, resíduos de manteiga de karité e da casca de uma árvore local chamada Agow. A casca é colhida de forma a não prejudicar a árvore. O processo de elaboração do sabão é altamente sofisticado e exige a agitação das mãos, por pelo menos um dia inteiro e um estágio de maturação (cura), por duas semanas.
O sabão pode ser processado por fusão, em fogo direto, com uma pequena quantidade de água. Durante esta fase de fusão, a textura do sabão se torna mais suave e há uma mudança de cor para um marrom chocolate. O sabão derretido é então prensado em blocos, que podem ser cortados em barras para facilidade de uso.
O sabão preto é comumente feito pelas mãos de mulheres das aldeias africanas, que fazem o sabão para si e para sustentar suas famílias. As mesmas mulheres que fazem sabão preto optam por usar apenas sabão preto em seus bebês, pois a pureza do sabão faz com que não resseque a pele. Na verdade, o sabão preto é geralmente o único sabão utilizado na maioria dos países do oeste Africano. É uma fonte natural de vitaminas A, vitamina E e também ferro, ajudando a fortalecer a pele e cabelo. Por séculos, os ganenses e nigerianos têm usado sabão preto para ajudar a aliviar a oleosidade da pele, a psoríase, a acne, as manchas claras e vários outros problemas de pele. As mulheres africanas usam-no durante a gravidez, para mantê-las sem estrias.
Embora o Sabão da Costa esteja presente no Brasil desde pouco depois de 1620 como se viu, e seja oriundo de uma mística e secreta fórmula, é um produto cujas origens se baseiam no conhecimento hermético de antigos africanos mas que se produz hoje, com avançada tecnologia.
quinta-feira, 5 de abril de 2018
Conselhos para os Candomblecistas
1- Converse com o Òrìsà na boca da quartinha, você se surpreenderá com os resultados.
2- Em casos de demanda, conversar na boca do pilão.
3- Ao realizar um àsé de quartinha na porta ou portão, faça-o com a pessoa de costas para rua, e não vire a mesma; passe pelo lado, esborrife as costas e empurre-a para dentro, e depois despache a quartinha.. Ao contrário, você poderá despachar a pessoa de sua Casa, ou agravar a situação da mesma.
4- Ao fazer qualquer trabalho, nunca deixe o cliente de costas para os Orixás, e nem deixe girar para fazer o serviço.
5- Nunca mostre sua Obrigação à estranhos, e principalmente à quem não for Feito.
6- Ao sacrificar um animal, nunca faça o vai e vem (serrote) com a faca(obé). Só faça em caso de dano.
7- Em caso de falecimento de uma pessoa e que tenha obrigação em sua casa, cubra com um pano preto em cima dos Óbarás, isto evitará que fuja e leve os demais Orixás consigo. E despacha-os com urgência para o local de origem. Estas providências têm que ser rápidas. Oriente sempre os demais familiares.
8- Sempre que for à uma encruzilhada, acenda em primeiro lugar uma vela branca, na perna da encruzilhada, ou no centro da encruzilhada, pedindo licença à Ogum Avagã, por ser o legítimo dono da encruzilhada.
9- Sempre tenha o hábito de solicitar agò (licença), em qualquer lugar que pisar ou passar, e que seja de propriedade dos Orixás. Devemos dizer: Agò mi leu (dá licença de chegar?) e depois dizer: Agò ba mi ló ( peço licença para sair).
10- Quando for fazer algum àsé coletivo, não passe em baixo dos pés, deixe para passar na ultima pessoa, caso contrário, você realiza transporte de cargas de uma pessoa à outra. Depois de passar nos pés, não devemos subir com àsé em outra pessoa.
11- Ao despachar um Òrìsà, nunca diga “anáreu” e sim “oná ri rè”. A frase completa: Oná ri rè cuja a significação é: vá em paz. Oná ri rè, Òrìsà, lá, assiò = que Deus lhe acompanhe.
12- O zelador ou zeladora, sempre deve por a sua mão no ejé da obrigação, para ter a sua mão na mesma, caso contrário, não têm a mão na obrigação; porque, ponta de faca não é mão. E como tem gente aí sem a mão de seu zelador/zeladora. Quero alertar à todos que realizarem uma obrigação à Òrìsà, caso o zelador/zeladora, não colocar sua mão com ejé em sua cabeça, você não tem a mão de seu pai de santo. Caso ocorra algo errado na obrigação, o filho terá o prejuízo, o zelador não, porque ponta de faca não é mão. entenderam!
13- Não se põe treze pessoas à mesa. É agouro.
14- Sempre realize defumações, antes de qualquer ritual, matança e festas.
15- Sempre evite chegar tarde ou no meio do ebó(festa).
16- Em ebó (festa), quando da saída do ekò, nunca vire de costas para o mesmo, porque você está dando as costas ao Óbará. O que não deve é olhar, para o que está saindo. Confirme isto ! Veja se seu zelador vira as costas? Não seja paspalhão!
17- Em ebó, nunca passe com copo de água ou vela acesa entre aos Orixás, e nunca deixe o chão molhado, o desastre é grande.
18- No início do ebó; quando tocar e cantar para Orixás de rua, mulher e criança não devem entrar na roda.
19- Em ebó de quatro pés ou patas, Orixás não devem chegar antes do Emissò Kássum (julgamento, roda humana de quatro pés ou patas; que deram o apelido de “balança”), há não ser que, o Orixá chegue e diga porque chegou, caso contrário, pode ficar preso no Ilé de Orixás até ser realizado o Emissò Kássum ou ser despachado. Com certeza, isso é um desrespeito ao Ilé e caracteriza um Òrìsà sem fundamento ou sem orientação de seu Feitor.
20- Realizar Emissò Kássum, só em Obrigação de quatro pés, caso contrário não. Vamos deixar claro, angoleiro não é quatro pés e nem tão pouco meio quatro pés; é na verdade, uma ave, com mais poderes de força nas Obrigações, do que as aves comuns, sim.
21- Nunca deixe, o seu Alabê ou Ogã-ilu parar por várias vezes o ebó, e de ter intervalos longos.
22- Nunca vá à várias festas (ebó) em um só dia, você passa a ser um akirijebó ( pessoa que frequenta a todas as festas, em só um dia, para comer, não obtendo fundamento), e demonstra um desrespeito a quem lhe convidou, e aos Orixás do Ilé.
23- O dia pertence aos Orixás, a noite aos Exús. Há 50 anos atrás, os ebós à Orixás, iniciavam às l7:00 horas. Hoje, 00.30 ou 01.00 da madrugada. Afinal a escravidão terminou há muitos anos, ou é por falta de conhecimento do horário de Orixás. Sempre evite realizar festas tarde da noite. Sempre devemos mandar parar o ebó no horário de 23.45 à 00.15 horas, evitando às 24.00 horas.
24- Na roda de ebó, homem sempre atrás de homem; mulher sempre atrás de mulher, isto é o que diz o Ritual. Nunca deves deixar o homem se infiltrar entre as mulheres, ou mulheres se infiltrarem no meio dos homens. Isto demonstra falta de conhecimento dos Rituais.
25- A roda, quando estiver cheia e não andar, coloque os homens por dentro da roda, para fazer uma nova roda, e deixe as mulheres na roda por fora. A roda sempre anda no sentido anti-horário. Na roda, marcar passo é dar para trás, não pode! Quanto mais girar a roda, mais leve se torna o ebó.
26- Na roda do Emissò Kássum, sempre deve andar no sentido anti-horário. E antes de inicia-lo, devemos realizar uma defumação no ambiente com ervas apropriadas.
27- Defumação: Sempre devemos defumar com ervas apropriadas, antes de qualquer Ritual.
Os hábitos errados:
1- Não se come despido ou sem camisa, é uma ofensa ao seu Òrìsà.
2- Quando se come em casa de Religião, ou em festas de Religião, lava-se o prato. Devolvê-lo sujo, complica e atrasa a sua vida.
3- Não se come as pontas dos animais de Obrigações; são esés( pertencem aos Orixás).
4- Dinheiro sobre a mesa de refeição provoca miséria.
5- Não se apanha alimentos que cai no chão. É das almas.
6- Recebe-se o prato sempre com a mão direita; e peça benção do prato cheio, e não após ter mexido.
Com relação à cozinha:
1- Não se mexem alimentos que estão cozinhando no sentido anti-horário, senão desanda ou encrua. Cubram a cabeça com Alá.
2- Não bata com a tampa da panela quando estiver cozinhando, e nem com a colher de pau, afugenta a proteção e atrai o negativo.
3- Quando a comida não quer amolecer, adicione três grãos de milho à ela.
4- Não se cozinha para Orixás, homens ou mulheres de corpo sujo. Corta o efeito das Obrigações.
Determinações aos Rituais:
1- Não se cortam aves ou animais de quatro pés, a não ser nas juntas. Caso contrário os Orixás recusam.
2- Obrigação mal feita ou mal arriada, paga-se em dobro. E a vítima é sempre quem recebe. Neste caso, o Feitor, usa a ponta de faca e não a sua mão.
3- Antes de se sacrificar qualquer animal, para Obrigações, manda-se limpa-lo com água e sabão e depois com mièró.
quarta-feira, 4 de abril de 2018
Pós Sagrados
Wáji
Tinta azul em forma de pó petrificado de origem vegetal o qual busca a representação do sangue negro, simbolizando a noite e a relação de ancestres ligados à própria escuridão. As partes frescas são contundidas a uma polpa, fermentada, seca e vendida nesta forma, as folhas somente são secadas ao sol e são usadas em um estado quebradiço. Representa o anoitecer. Este pó azul é utilizado em inúmeros rituais do candomblé, principalmente para assentamentos de orixá “Igba Orixá” e na feitura de santo sobre a cabeça do ìyáwó. Símbolo da idealização, transformação, direcionamento com o objetivo de proteger contra todos os males espirituais, materiais e psíquicos, principalmente da negatividade de Ìyámi. O wáji é um elemento muito importante no culto aos Orixás, uma vez que, junto com outros elementos, ajuda a proteger a cabeça dos nossos Ìyáwós contra as Ajés. Segunda a crença africana essas pinturas impediriam que eleyé (ave ligada as Ìyámi) pousasse no ori dos iniciados, pois caso isso ocorresse seria um desastre para vida dessa pessoa.
O wáji representa a cor dundun (preta), o sangue azul que vem das folhas. Existem diversas espécies que podem ser utilizadas para a produção de corantes azuis como a Isatis tinctoria ,Indigofera tinctoria, Philenoptera cyanescens e o Lonchucarpus cyanescens.
Segundo alguns relatos, as duas primeiras não seriam utilizadas para a produção do wáji tradicional, sendo apenas usadas para a confecção do anil (usado para tingir jeans, por exemplo). O verdadeiro wáji seria, portanto, retirado do processo de fermentação das folhas do Lonchucarpus sp. que é conhecido pelo nome de índigo africano ou índigo yorubá.
O processo de fabricação desse corante era complexo e exigia grande perícia, sendo cercado de prescrições e proibições rituais. Era tão importante que os tinteiros iorubas cultuavam até uma divindade específica para essa finalidade, Iyá Mapo. O pano tingido de índigo significava riqueza, abundância e fertilidade. Este pó está relacionado a força espiritual.
OSÙN
É um pó vermelho, extraído do Pterocarpus Erinaceus, árvore Baphia nitida Leguminosae Papilionoideae, normalmente o compramos em pequenas bolas. Utilizado no ritual de Iniciação para a maioria dos ÒRÌSÁ principalmente para as ÌYÁBAS. Porém é interdição para todos os ÒRÌSÁ FUNFUN. O Osùn é utilizado em vários rituais do candomblé, na construção de assentamentos de orixá igba orixá, nas pinturas sagradas da iniciação ketu, principalmente na construção do adosun (um cone que fica no centro da cabeça do iaô) com a função de transmitir o poder espiritual chamado de axé e livra-lo do infortúnio gerado por uma das Iyami-Ajé.
Este pó vermelho traz a vida ao iniciado, simbolizando a cor do ÈJÈ PUPA, ou seja, a vida que renascera para os ÌYÀWÓ.
Existem ebós e banhos onde se faz uso do Osùn, para a sorte, prosperidade, fertilidade, para afastar doenças, recuperação de vida e para o amor. O pó de Osùn é associado ao ÀSE do sangue vermelho dentro do reino vegetal. Este pó representa o crepúsculo.
ÌYÈROSÙN
O pó da Pterocarpus osun que tem a cor amarela é utilizado nos rituais sagrados de Ifá, Orumilá, Oduduwa, e todos os Orixás funfun, muito utilizado para formar os gráficos de odu no Opon Ifá e na preparação do merindilogun. É um pó esbranquiçado natural da arvore ÌRÒSÙN- Eucleptes Franciscana F, através da ação de cupins que produzem o pó ou serragem. Ele é espalhado sobre o OPON- IFÁ, onde o BÀBÁLÁWÓ faz a marcação dos ODÚ e posteriormente, após ritual próprio, esse ÌYÈROSÙN que foi encantando, poderá ter diversas utilidades. É empregado em beberagens, banhos, sabão para banho, em diversas formas para proteção e sorte, podendo ainda dependendo a situação ser espalhado sobre oferendas aos ÒRÌSÁ ou a ÒRÚMÌLÁ. Mas somente terá valor litúrgico se for preparado por um BÀBÁLÁWÓ.
EFUN
É um pó esbranquiçado feito do barro branco encontrado no fundo do rio, foi o primeiro condimento utilizado antes da introdução do sal. É um “giz” branco empregado na pintura Iniciática de todos os ÒRÌSÀ principalmente para os ÒRÌSÁ FUNFUN. Este pó pode ser utilizado também em banhos. EFUN na língua YORÙBÁ quer dizer cal, giz.
No culto a OBÀTÁLÁ- ÒÒSÁÁLÀ na África, o EFUN é representado por bolos redondos de giz que se chamam SÉSÉ- EFUN. EFUN também significa cal, e cal é ” lime ” em inglês, que também é limo, o chamado Limo da Costa para representar ÒÒSÁÁLÀ acaba sendo confundido devido ao uso errôneo da palavra.
O EFUN simboliza o dia, por isso, quando em pó, seja soprado ou friccionado seco sobre o ORÍ dos Omo ÒRÌSÁ Kon, é utilizado com o objetivo de ampliar, vitalizar, iluminar, clarear, despertar e intensificar. Já o EFUN molhado com água pura ou com o ÈJÈ do ÌGBÍN é utilizado para acalmar, tranquilizar, adormecer, suavizar, abrandar, aliviar, proteger. Por isso que a cabeça do ÌYÀWÓ em reclusão deve permanecer coberta de pó de EFUN no dia, e durante a noite coberta com WÀJÌ com pequenas marcas de EFUN.
Muito usado em ebó elaborados para os ÒRÌSÁ FUNFUN. Este pó é considerado sagrado, traz o equilíbrio, tranquilidade, paz e paciência.
Tipos dos EFUN.
- O EFUN mineral: é um pó retirado do barro, que são encontrados na natureza em várias cores, também chamada de tabatinga.
- O EFUN vegetal: é um pó retirado de frutos: OBÌ, ORÓGBÓ, ARIDAN, PICHURIN, NÓS-MOSCADA e folhas.
A mistura do EFUN mineral e o EFUN vegetal recebe o nome de ATIN e só deve ser preparada pela ÌYÁLÓÒRÌSÀ ou a ÌYÁ EFUN.
- O EFUN animal: é o pó retirado de ossos e cartilagem dos ossos dos animais utilizados em sacrifícios aos ÒRÌSÁ.
Este pó só pode ser feito pelo BÀBÁLÓRÌSÀ ou pelo BÀBÁ EFUN.
Estas cores destes pós representam:
– OSÙN o crepúsculo
– WÀJÌ o anoitecer
– EFUN o amanhecer
Estes pós são originários do Continente Africano, mas os encontramos facilmente aqui no Brasil, não existindo a substituição deles por outros que em nada se equivalem a eles na Veiculação e Transmissão do verdadeiro ÀSE exemplo:
– OSÙN não é o urucum (que também é um pó comum)
– WÀJÌ não é o anil (que é um pó químico)
– EFUN não um giz ( giz feito de pó comum)
domingo, 1 de abril de 2018
A Importância do Mokan
O Mokan será colocado na iniciação juntamente com os fios de contas devidamente lavados e deverá acompanhá-lo até o odu ijê. Após se dar esta obrigação (a de sete anos), deve o mesmo ser depositado no Igbá do Orixá, pois se trata de uma joia que, mesmo depois de seu tempo obrigatório de uso, deve ser guardada.
Para entender a aplicação espiritual do uso do Mokan , que é feito, da palha da costa, Ìkó. Palha da costa é a fibra de ráfia, extraída de uma palmeira chamada Igí-Ògòrò pelo povo africano. Seu uso é indispensável na iniciação de uma pessoa ao culto do Orixá , no sentido de proteger a vulnerabilidade dos neófitos.
É um grande fundamento da família dos Orixás.
A íntima ligação da palha da costa com a prevenção de contaminações por energias negativas. Neste sentido, podemos afirmar que o Ìkó é uma palha que nos protege dos Eguns. Daí se confeccionar o Ikán (contra-egum), a umbigueira e o xaorô de palha da costa.
Seria a aplicação espiritual do Mokãn também uma forma de prevenção? O Mokan é uma proteção do Ori e do Umbigo. Por isso ele vai invariavelmente do pescoço (do fim da cabeça) até o umbigo. Estes são os símbolos de nossa vida espiritual.
Ori é o receptáculo de nossa individualidade, e o umbigo o símbolo de nosso nascimento para a vida espiritual enquanto omo Orixá. O Mokan é um símbolo dos neófitos com os demais ikans e o seu delògún, trata-se de um conjunto símbolo representativo inseparáveis.
Mais que os delògúns (fios de conta), o Mokãn é o símbolo da etapa de formação do filho de Orixá. Usar o Mokan é externar este lindo momento em que todo o Axé, toda a tradição afro-brasileira, se faz em continuidade, configura-se o adôxu, aquele que é iniciado.
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