segunda-feira, 16 de abril de 2018

Ataré


O Ataré também conhecido como Pimenta da Costa, Grãos do Paraíso e cujo nome científico é Aframomum melegueta roscoe K. Schum pertence à família Zingiberacea e a mesma do gengibre. Encontrada na região costeira da África, é uma erva perene com porte de uma “mini palmeira” podendo atingir cerca de 1,0 a 1,5m de altura, seus frutos quando secos apresentam uma casca de coloração marrom, as sementinhas de ataré são encontradas dentro do fruto envolvidas por uma película bem fina. O seu cultivo é essencialmente pela sua valiosa semente, que possui uma picância não muito acentuada (tipo o amargo da mostarda), que lhe valeu o nome de "grão do paraíso", indicando seu alto valor como especiaria e na medicina. A semente é usada extensivamente em etno medicina para uma variedade de doenças, possuem ativos para diversas atividades biológicas, especialmente contra inflamações e doenças infecciosas. 

Além de propriedades medicinais o Ataré é utilizado em rituais de Candomblé. Seu uso acontece em cerimonias que fazem alusão ao Orixá Exú. Este é utilizado com o significado de limpar o hálito e retirar todas as más intenções que as palavras podem conter. Outra cultura que utiliza o Ataré é a Cultura Iorubá, que o usa como forma de dote, onde o noivo oferta ataré à família da noiva e este significa fecundidade.

Os Grãos do Paraíso ou ataré tem sido a planta nativa favorita para curandeiros africanos, que usam suas sementes para tratar doenças de tosse, dor de dente e para sarampo. Suas sementes são utilizadas na África Ocidental como um remédio para uma variedade de doenças como dor de estômago, diarreia e até mesmo picada de cobra. As sementes do ataré contêm gingeróis e compostos relacionados que podem ser úteis contra as doenças cardiovasculares, diabetes, e inflamações.

O ataré ou pimenta da Costa, é um elemento bastante utilizado em inúmeros rituais do candomblé. Seu simbolismo provém da força que produz ao ser mastigada, e também pelo fato de ela dá força à palavra da pessoa que a mastiga, aumentando o dom de profetização, tanto para coisas positivas quanto para negativas, assim como protege o corpo físico e espiritual da pessoa que a oferece.

É um elemento de predileção de Exu, mas inúmeros outros orixás a aceitam, ela vai em ebós, boris, na produção de atins, nos igbás e em inúmeras outras funções dentro da religião. Costuma-se soprar grãos de ataré mastigados com gim na porta da rua pra despachar e ter voz de comando junto a Exú, assim como se mastigar pimenta da Costa cedo ao acordar sem escovar os dentes, para ser reconhecido por Exu e Orixá.

Alguns chegam até a cuspir no igbá Exu, ataré com gim, fazer seus orikis e seus pedidos com a “força na palavra”.

Quando se acorda pela manhã, sem lavar a boca se esta com seu emi, seu halito, seu cheiro natural. O Orixá e Exú sentem e reconhecem nosso cheiro natural. Esse costume de se levantar e antes de fazer qualquer coisa mascar ataré é um costume que provêm do povo de Ifá.

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