domingo, 23 de setembro de 2018

Quiabo


Quiabo (Abelmoschus esculentus) é uma planta da família da malva (Malvaceae). Seu fruto é uma cápsula fibrosa cheia de sementes brancas redondas, muito usado em culinária antes da maturação.

De origem controversa, no Brasil compõe pratos típicos regionais, como o caruru — quiabo cozido com camarão seco; na culinária mineira há o frango com quiabo e o refogado de carne com quiabo. Pode ser apreciado cozido, com tempero no óleo deixando bastante seco. É um fruto simples, que não libera as sementes quando está maduro.

Os quiabos são verdes e peludos e apresentam uma goma viscosa. Rico em vitamina A, é importante para a visão, pele e mucosas em geral, além de proteger o fígado. A vitamina B1 é decisiva para o bom funcionamento do sistema nervoso, a vitamina B2 é importante para o crescimento, principalmente na adolescência. 

Fruto de fácil digestão, é recomendado para pessoas que sofrem de problemas digestivos, sendo eficaz contra infecções dos intestinos, bexiga e rins. 


No Candomblé: Ilà: (quiabo)


Alimento do culto de Egungun, porém é muito utilizado no culto de vários Orixás: 

  •  Òrò (Baba-Ègun) para favorecimento em qualquer assunto, fazer justiça, exemplar os perversos e injustos. 

  • Quando ofertado à Esù sua função é acelerar uma melhoria financeira e com Ifá. 

  • Para Ogum sua finalidade é derrotar um inimigo em confronto manifesto.

  • Para Xangô sua finalidade é atacar ou apaziguar qualquer ameaça que ainda não tenha se manifestado. 

  • Para Obaluaiê é servido cru pilado a fim de acelerar o andamento de riqueza e prosperidade. 

  • Para Obatalá sua função é apaziguar qualquer força ou situação agressiva. Ou seja, o Ilà possui características que serem para adiantar algo, fazer deslizar, escorregar para dentro ou fora de uma situação.


Numa  magia quando sua seiva é colocada sob folha de bananeira tem a finalidade de causar a queda de um inimigo. Quando usado somente a seiva do Ilá provocada com a mistura de água, tem finalidade apaziguadora, refreadora, calmante diante de uma força agressiva, confusão na vida ou no Ori. Quando usado como Amalá é utilizado na forma de um molho cozido no Epò ofertado quente com Egbá (pirão) também bem quente, sua finalidade é acelerar a chegada ou o desfecho de algo que ambiciona, então se o Amalá for ofertado à Obaluaiê com peixe, búzios, pó de Osun e Efum, é para acelerar a prosperidade, dinheiro e abundancia. Ofertado à Xangô com peito de carne assada e Orogbô é para alguém obter coragem e enfrentar algo ou alguém complexo, já com pedras de raio ou fogo em brasa é para pedir defesa contra inimigos perigosos e injustos. Ofertado à Òrò (Baba-Eègun) com uma rabada de boi cozida sua finalidade é para acelerar o término de um sofrimento, doença, processo judicial, autoridade excessiva, abuso, tirania ou má intenção de pessoas.

Resumindo Quiabo é tudo de bom!



QUIABO





















terça-feira, 18 de setembro de 2018

Sabão da Costa, (òsé dudu)


Sabão da Costa, (òsé dudu) em Yorùbá, literalmente sabão negro. Òsé dudu é um sabão negro consistente, de origem africana, comum em todos os mercados populares em diversos países africanos. Os originais são feitos de forma artesanal, com gordura animal; é pastoso e faz bastante espuma. No início do século XVI, navegadores ibéricos, por falta de conhecimento geográfico, passaram a designar genericamente toda a costa atlântica africana e seu interior imediato, como "da Costa", e naturalmente, tudo o que dali procedesse possuía a mesma denominação, ou seja, seria "da Costa", e isso não serviu apenas para o sabão, mas também outros artigos tais como: pano (da Costa), pimenta (da Costa), limo (da Costa), esteira (da Costa), etc.


Segundo estudos, de diversos historiadores, o sabão da Costa era importado pelo Brasil desde o ano de 1620. Nessa época ele era procedente de países como Gana e Camarões e, principalmente da Nigéria, grande produtor. O antigo Daomé (atual República do Benin) e Togo, também produziam sabão, o dito da Costa, que era trazido por escravos e seus algozes, os traficantes de escravos. Pode ser associado a ervas secas, especiarias, azeites, óleos, pós de vegetais, minerais, ossos de diversos animais, sangue de animais, enfim, uma infinidade de elementos que os Babalaô utilizam para as mais distintas finalidades. Como toda a arte mágica, ao preparar o òsé dudu temos que ter cuidado ao misturar os ingredientes para que possamos alcançar os melhores resultados, devemos com atenção conhecer previamente a potência de cada elemento, para então sabermos que reunidas produzirão os efeitos desejados. 


Para esses resultados que esperamos, não é suficiente apenas misturar os elementos. Todo sabão preparado só atingirá seus objetivos for, após a sua finalização, imantado pela poderosa energia do Òrisá que você deseja, o Asé. A observância da luz solar e da energia lunar fazem a diferença. Ao prepararmos o òsé dudu, devemos seguir as indicações como dia, hora, etc, pois ao obedecermos ás indicações estaremos contribuindo e muito com o sucesso da realização da finalidade a que se destina !


No livro «Casa Grande e Senzala», o clássico estudo de Gilberto Freyre, este grande erudito nos informa que o sabão da Costa, passou a ser vendido ao povo em geral, no Brasil, notadamente nas ruas do Rio de Janeiro, por escravos libertos logo após a Abolição da Escravatura. No Rio de Janeiro, já no século XX e principalmente a partir dos anos 70, com a chegada massiva de estudantes nigerianos que aqui vieram para estudar em diversas Universidades, iniciou-se um intenso comércio, não só do sabão da Costa, como também de muitos outros artigos religiosos.  No Brasil no início dos anos 70, poucas eram as lojas que o tinham para venda. Devido ás suas propriedades medicinais, terapêuticas religiosas, seu uso tornou-se mais intenso.


Alguns africanos em conluio com alguns comerciantes inescrupulosos misturaram sabão da Costa legitimo com um outro, que é tido como sabão da Costa, porém é inferior ao original, embora também seja vendido em larga escala. Nos grandes mercados africanos podemos encontrá-lo geralmente envolto em folhas de bananeira ou até em pequenas bolas de 100g envoltas em plástico. É o mesmo e velho sabão da Costa!


Ao contrário dos sabões comerciais, que são feitos de produtos químicos sintéticos, o verdadeiro sabão da costa é muito hidratante para a pele. A receita básica é secular, das antigas tradições, tendo sido transmitida ao longo de gerações.

É feito de forma artesanal, não sendo encontrado em farmácias, somente em lojas específicas de produtos africanos, normalmente na forma bruta. O Sabão preto é conhecido na África Ocidental por vários nomes, mas o mais comum é Ose Dudu, que é derivado do Anago ou línguas yorubá da Nigéria, Benin e Togo. Significando, literalmente, sabão (ose) Preto (Dudu). Embora conhecido como “negro”, o sabão preto Africano varia de um marrom claro ao preto profundo, dependendo dos ingredientes e modo de preparação. As cascas, folhas e vagens do cacau também são utilizadas para dar a cor característica.


O óleo usado para fazer o sabão varia de região para região, e inclui óleo de palma, óleo de palmaste, manteiga de cacau e manteiga de karité. Qualquer combinação destes ingredientes é possível, e é determinado como base. Além disso, o cloreto de potássio, que é usado para fazer sabão preto africano, pode ser derivado a partir das cinzas de várias fontes vegetais, incluindo frutos do cacau, cascas de karité, folhas de bananeira e os subprodutos da produção de manteiga de karité. O cloreto de potássio utilizado provém das cinzas de folhas de bananeira, resíduos de manteiga de karité e da casca de uma árvore local chamada Agow. A casca é colhida de forma a não prejudicar a árvore.


O processo de elaboração do sabão é altamente sofisticado e exige a agitação das mãos, por pelo menos um dia inteiro, e um estágio de maturação (cura), por duas semanas. O sabão pode ser processado por fusão, em fogo direto, com uma pequena quantidade de água. Durante esta fase de fusão, a textura do sabão se torna mais suave e há uma mudança de cor para um marrom chocolate. O sabão derretido é então prensado em blocos, que podem ser cortados em barras para facilidade de uso.


O sabão preto é comumente feito pelas mãos de mulheres das aldeias africanas, que fazem o sabão para si e para sustentar suas famílias. As mesmas mulheres que fazem sabão preto optam por usar apenas sabão preto em seus bebês, pois a pureza do sabão faz com que não resseque a pele. Na verdade, o sabão preto é geralmente o único sabão utilizado na maioria dos países do oeste Africano. É uma fonte natural de vitaminas A, e ferro, ajudando a fortalecer a pele e cabelo.


Por séculos, os ganenses e nigerianos têm usado sabão preto para ajudar a aliviar a oleosidade da pele, a psoríase, a acne, as manchas claras e vários outros problemas de pele. As mulheres africanas usam-no durante a gravidez, para mantê-las sem estrias.


Sua utilização dentro do Culto Tradicional Yorubá:


Banhos de limpeza espiritual, Afoxé (encantamento usado em um chifre), bem como no preparo de outras Oògùn (medicina/remédio/magia).


As magias serão preparadas da seguinte forma:


Através de uma consulta a Ifá, o Sacerdote irá identificar as causas do transtorno, e sobre ela irá intervir com tratamentos que irão atuar a nível espiritual e/ou biológico. Após identificar quais elementos utilizar, como: ervas e/ou plantas específicas; cascas, rezina ou favas de árvores; Minerais; Fósseis, Pele e Sangue de animais; entre outros… Ele irá misturá-los a massa base do sabão e fará, então, um encantamento, utilizando palavras mágicas que darão poder ao sabão (Ofó), transformando-o assim num elemento mítico, com poderes de cura.


Adôxú


Adòsú — pronúncia correta Adôxú, porém alguns pronunciam Adocho, — pessoas que serão raspadas. O Osù é o axé com o qual se firma o Orixá no alto da cabeça. É a marca que distingue o iniciado. Na África, para determinados Orixás, ele é simplesmente um tufo de cabelos deixado no alto da cabeça raspada. Aqui, compõe-se de elementos diversos que podem ser alterados de acordo com o Orixá, como aridan, pichulin, préa e pós diversos. É moldado com as águas das folhas do (a) Ìyàwó em formato cônico, constituindo-se em um fragmento do Axé coletivo da Casa. Ou seja, o Osù é uma massa feita de diversos elementos, tem um formato cônico e é colocado no alto e centro da cabeça, exatamente onde foi feito o pequeno corte (O GBÉRÉ no momento da iniciação do Ìyàwó.. A partir daí, a iniciada poderá ser chamada Adòsú. O Adósù é o equivalente à Ìyàwó, por ela usar o Osù e ser raspada.. Ele é usado na feitura e na morte, quando simbolicamente ele é retirado do corpo morto, através de um ritual muito reservado. Quando a morte se dá por um acidente difícil de se usar o corpo, os preceitos são feitos numa cabaça, que representará a cabeça do falecido.

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Na iniciação Òsù (adoxé) é um amalgamado de substâncias secretas, algumas in-natura, outras secas, algumas torradas mas tudo isto reduzidos a pó, este conhecido como iye. Ele serve de veículo para transmitir o àse do Òrìsà a ser consagrado no futuro iniciado. O òsù será formado pelos elementos constitutivos e carrega não somente o àse mas a individualização de cada Òrìsà, sendo assim há uma expressiva diferença entre os òsù, cada qual leva suas substâncias distintas e específicas, ou seja, um diferente do outro. É a preparação mística de uma base apta a receber o Òrìsà. Tutelar quando ele manifestar-se no iniciado. Para que possa veicular o àse pretendido, deve ser consagrado ritualisticamente em um odo (almofariz/pilão) devidamente preparado para este tipo de cerimônia. O almofariz, onde os remédios e elementos sagrados são triturados é considerado um objeto sagrado feito apenas com determinados tipos de madeira. Simboliza as duas forças fundamentais: o almofariz representa o pólo feminino , enquanto o pilão representa o pólo masculino. O que se obtém destes dois é o terceiro elemento "O elemento criado, o elemento procriado". 


O ritual para o preparo do òsù, onde são recitados a cerimônia adúrà (rezas) são de competência única e exclusiva dos Babalòrìsà, Ìyálòrìsà , Ìyálàse e Òsùpin. Em determinado estágio da iniciação, a Ìyálàse transfere esta massa do almofariz e a fixa em formato cônico, sobre o crânio raspado do noviço, mais especificamente em um pequeno corte ritualístico denominado de gb éré, por intermédio de um ciclo ritual que culmina quando esta profere algumas palavras, afim de consagrar o òsù. Estas palavras são conhecidas como ofò. Uma vez sacralizado corretamente e por quem de direito, o òsù fortalece o àse do Òrì sà consagrado no iniciado e este passa ser chamado de Adòsù. O denominação A'd'òsù , resulta na forma contraída das palavras: A – dá – òsù, o que poderíamos interpretar como: "Aquele que carrega o òsù" ou "O Portador do òsù ".De suma importante lembrar, que a gramática Yoruba na prática de sua linguagem é comum usar o sinal diacrítico o "apóstrofo". Consiste em que, se numa mesma frase a palavra termina com uma vogal e a palavra seguinte começa com uma vogal, uma destas duas vogais sofre supressão, então duas ou mais palavras tornam-se apenas uma.


O Adósù é um símbolo de submissão ao grande Aláàfin (o soberano da cidade de Òyó). Os seus seguidores, portam este tufo de cabelo, que situa-se no alto da cabeça para que todos possam visualizar, o mesmo ocorre com os iniciados que carregam este símbolo para que sejam reconhecidos como os seguidores e submissos de Sàngó em território Yorùbá, sabe-se que é um dos símbolos mais importantes e sagrados para os iniciados desta divindade, origem Yorùbá. O mesmo simbolo é usado em algumas religiões da cultura Afro-brasileira.


A galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adôxú, ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Esù, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Asésê.