sábado, 16 de junho de 2012

Exú não é Diabo



Exú não é diabo.


Exú é o primeiro nascido da existência e, como tal, o símbolo do elemento procriado. Mensageiro dos Orixás, elemento de ligação entre as divindades e os homens, a um tempo mais próximo do mundo e mais perto do elevadíssimo espaço celeste por onde transita Orunmilá, é um Orixá, é sempre a primeira divindade a receber as oferendas, justamente para que atue como um aliado e não como um rival que perturbe os procedimentos místicos desenvolvidos durante os rituais. Coerente com seu lugar mítico privilegiado, é ele que abre esse "corpus mitopoético" princípio dinâmico da existência individualizada, Exú não pode ser isolado ou classificado em nenhuma das categorias. Ele é como o axé (que ele representa e transporta), participa forçosamente de tudo.


Segundo o Ifá, cada um tem seu próprio Exú e seu próprio Olorum em seu corpo. O nome de Exú é conhecido, invocado e cultuado junto ao Orixá e é Ifá quem revela e permite-nos sabê-lo.


Exú não é diabo. A crença relacionada a esta divindade está ligada a um personagem criado por algumas religiões para personificar o mal que é chamado de diabo. O fato é que muitas vezes o que se diz que é mal, são funções naturais do ser humano.


O sexo faz parte da natureza de todo ser vivo, e algumas religiões ainda hoje pregam que o único objetivo do sexo é a procriação - daí serem contra o uso de preservativos, favorecendo desta forma a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis.


Hoje, diversas autoridades pregam que o ser humano tem necessidade de prazer, e está cientificamente comprovado que o indivíduo que tem uma vida sexual saudável, vive mais e melhor. Sexo bem feito também é qualidade de vida, e Exú é exatamente isso. Todas as divindades dominam determinada área da vida humana. Exú domina a área mais ligada a questões materiais, o prazer, o gozo, o trabalho e também a procriação. Por isso de forma equivocada e também oportunista, foi chamado de diabo.


Oportunista porque nos ritos do Candomblé tratamos o indivíduo como um todo (saúde, trabalho, família, espírito, sexo), portanto Exú estará sempre muito presente dentro desses ritos, pois não podemos separar o homem espiritual da sua realidade material. Ninguém vive bem se reza e não come, se reza e não ama, se reza e não trabalha, se reza e não tem uma vida em comunidade. Dentro dos ritos afro brasileiros, Exú tem um papel importante e sempre será cultuado, por isso nos acusam de cultuar o diabo.


Infelizmente até muitos de nossos irmãos espíritas acabam tratando assim, de forma equivocada, esta entidade maravilhosa como sendo o diabo. Quantas vezes já ouvimos alguém dizer que tem um diabo que mostra as coisas, que tem um diabo que o cutuca? As divindades se esforçam para mostrar as coisas aos seus filhos, dão intuição e são chamadas de diabo.


Diabo não existe. Foi criado para causar culpa nos homens, e desta forma fazer com que eles buscassem a Deus (nos templos das religiões que criaram tal personagem). As divindades e entidades que cultuamos são reais. Este personagem criado por homens não faz parte de nossos preceitos.

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