segunda-feira, 30 de julho de 2012

Corta-se dan para Oxumarê?



Corta-se Dan para Oxumarê? Existem casas que fazem isso sim. Mas a Dan, a cobra, a serpente, que em iorubá não é nem Dan, em Iorubá é Djô, mas é conhecida popularmente como Dan. Tanto que é um título de Iyámi, ela é djô (senhora das serpentes). 

Na realidade, as djô, as serpentes, elas pertencem as Iyámis. Oxumarê, ele é representado como uma cobra, na realidade, no mito original poderia ser representado como um dragão, porque ele se estica da terra ao céu para promover o ciclo das chuvas. 

Oxumarê é o Orixá que rege o ciclo das águas das chuvas, quando a água evapora da lagoa, se torna nuvem, da nuvem vira chuva e cai, ou seja, a cobra morde o próprio rabo. A serpente orobô que é o símbolo de Oxumarê, o ciclo das águas, na realidade seria o mito do dragão porque pelas citações antigas de Oxumarê, quando se diz assim: “Oxumarê aquele que se estica até o céu se diz que ele bota fogo pelo nariz e pelas mãos”, e a serpente que bota fogo pelo nariz não é serpente, é dragão. 

Na realidade, as cobras e serpentes pertencem as Iyámis, porque são símbolos femininos. Elas andam, arrastando a barriga pelo chão. Oxumarê é um Orixá associado à riqueza pela relação com a chuva e com o ciclo das águas, com a fertilidade. A serpente é ligada à Iyámi porque ela arrasta a barriga no chão, o ventre da mulher, o ventre que traz a vida e as serpentes que andam arrastando a barriga no chão tem uma relação com o culto da fertilidade, do culto de Gueledé e o culto de Iyámi, aliás muito mais ligada à Iyámi do que propriamente a Oxumarê, apesar de fazer parte do culto de Oxumarê também. 

Portanto não se deve enfim, cortar a Dan para Oxumarê, pois são animais sagrados, e animais que são símbolos do orixá, não devem ser sacrificados para ele, devem ser sim, bem vivos. Os egípcios faziam isso muito bem, quando eles associavam animais a seus deuses e não matavam esses animais para os seus deuses. Assim como não se mata o búfalo para Oiá porque o búfalo é sagrado para Oiá, assim como não se deve matar a serpente para Oxumarê. É a ideia da quizila. Não se come daquilo que se é feito. Poderia se dizer, que se oferece Igbim a Oxalá, mas o animal sagrado de Oxalá não é o Igbim. O grande animal sagrado de Oxalá é o camaleão. O igbim é oferecido a todos os orixás para acalmar.


Curas



As curas são riscos simbólicos que tem ligação espiritual com o astral e também com o africanismo. Representa marcas simbólicas do destino para cada um. São siglas de caminhos de defesa para cada um de nós. Na África, as curas eram abertas no rosto. 

Era uma forma de proteção, de marca, e até mesmo de enfeite, era uma graduação que elas tinham. Obviamente, que se espalhando a nível Brasil, as marcas no rosto foram abolidas, mas os riscos continuam nas partes frontais do corpo, nas costas, no peito, simbolizando marcações espirituais, caminhos espirituais. 

Existe também as demarcações de Exú, demarcações de Bara, que são donos dessas curas que são os fechamentos de corpo. Existe também as demarcações de Oxum e elas são muito importantes para o iniciado. Faz parte da cultura africanista, a cura. 

É o que marca a iniciação, é o que faz que sejamos edificados espiritualmente para os orixás, para os Exus e também para os nossos co-irmãos de seita, de religião. A primeira coisa que se reconhece no Vodunce são pelas curas. 

Existem sinais, existem preparados que se coloca nas curas para elas poderem acentuar mais, como o oági misturado com atim. O correto é o atim ralado que é o efum branco, que é o efum de Oxalá misturado com oági para dar aquela cor azulada.

domingo, 29 de julho de 2012

Defumação




A defumação é essencial para qualquer trabalho num terreiro de Umbanda. É também uma das coisas que mais chamam a atenção de quem vai pela primeira vez assistir a um trabalho. Em geral a defumação na Umbanda é sempre acompanhada de pontos cantados específicos para defumação.

Ao queimarmos as ervas, liberamos em alguns minutos de defumação todo o poder energético aglutinado em meses ou anos absorvido do solo da Terra, da energia dos raios de sol, da lua, do ar, além dos próprios elementos constitutivos das ervas. Deste modo, projeta-se uma força capaz de desagregar miasmas astrais que dominam a maioria dos ambientes humanos, produto da baixa qualidade de pensamentos e desejos, como raiva, vingança, inveja, orgulho, mágoa, etc. 

Existem, para cada objetivo que se tem ao fazer-se uma defumação, diferentes tipos de ervas, que associadas, permitem energizar e harmonizar pessoas e ambientes, pois ao queimá-las, produzem reações agradáveis ou desagradáveis no mundo invisível. Há vegetais cujas auras são agressivas, repulsivas, picantes ou corrosivas, que põem em fuga alguns desencarnados de vibração inferior. Os antigos Magos, graças ao seu conhecimento e experiência incomuns, sabiam combinar certas ervas de emanações tão poderosas, que traçavam barreiras intransponíveis aos espíritos intrusos ou que tencionavam turbar-lhes o trabalho de magia. 

Apesar das ervas servirem de barreiras fluídico-magnéticas pra os espíritos inferiores, seu poder é temporário, pois os irmãos do plano astral de baixa vibração são atraídos novamente por nossos pensamentos e atos turvos, que nos deixam na mesma faixa vibratória inferior (Lei de Afinidades). Portanto, vigilância quanto ao nível dos pensamentos e atos.

Comece varrendo o lar ou o local de trabalho, e acendendo uma vela para o seu anjo de guarda. Depois, levando em uma das mãos um copo com água, comece a defumar o local da porta dos fundos para a porta da rua.



Por que o 7 é Cabalístico?



Porque o 7 é cabalístico ?

O número 7 (sete), é cabalístico na Umbanda, porque:


7 são as Nações que praticam a Umbanda
7 são as Linhas de cada Nação
7 são os Orixás que comandam estas Linhas
7 são os dias da semana
7 foram as Chagas de Cristo
7 foram as quedas à caminho do Gólgota
7 são as Divindades que comandam a Natureza
7 são as Cabeças da Hidra
7 são as cores refratadas pelo prisma
7 foram as Horas de agonia do Mestre Jesus
7 são as rogatórias do Pai Nosso
7 são os Chacras entéricos
7 são os Plexos na matéria
7 são as Posições Fundamentais e Liturgias na Umbanda
7 são as Posições Secundárias e Ritualísticas na Umbanda
SETH (7) era o nome do irmão de Osíris (Egito Antigo)
7 = Moisés deixou 5 livros e a lei se resume em 2 testamentos
São 7 os altares, 
7 os bezerros  
7 os carneiros de Balac
7 anos gastos na construção do Templo de Salomão
7 casais de cada espécie de animal postos na Arca de Noé
No 7o mês a Arca de Noé repousa no Monte Ararat

O Candelabro de 7 braços
Os 7 castiçais de ouro
As fases dos 7 Anos
As 7 lâmpadas de fogo
Os 7 Grandes princípios HERMÉTICOS
O livro dos 7 Selos
As 7 notas musicais
Os 7 palmos das sepulturas
Os 7 Planetas Sagrados
As 7 vacas,
7 espigas do sonho do Faraó, desvendado por José do Egito
As 7 Taças (cheias de pragas)
Os 7 contra Tebas
As 7 Trombetas do Apocalipse

7 são as dores de NOSSA SENHORA:
a) A perda do menino Jesus no Templo
b) A fuga para o Egito
c) O encontro com Jesus na rua da amargura
d) A Crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo
e) A morte de Jesus Cristo
f) O Filho morto é colocado em seus braços
g) O sepultamento de Jesus

Os 7 Arcanjos ante o trono do Criador:
a) Gabriel
b) Rafael
c) Joriel
d) Miguele) Samuel
f) Ismael
g) Iramael

7 Cores refratadas pelo Prisma:
a) Violeta
b) Amarelo
c) Anil
d) Verde
e) Laranja
f) Azul
g) Vermelho

As Constelações de 7 Estrelas:
a) Alcione
b) Caleano
c) Asterope
d) Merope
e) Tayegeta
f) Eletra
g) Maya

Os 7 Elementais:
a) Arcanjos
b) Anjos
c) Devas
d) Silfos
e) Gnomos
f) Salamandras

Os 7 Elementos:
a) Éter
b) Água
c) Metais
d) Pedra
e) Matas
f) Terra
g) Fogo

As 7 Igrejas da antigüidade:
a) Tiaira
b) Éfeso
c) Esmirna
d) Laudicéia
e) Filadélfia
f) Bérgamo
g) Sardesi

As 7 Maravilhas do Mundo:
a) Pirâmide de Quéops
b) Jardim Suspenso de Semíramis, na Babilônia
c) Farol de Alexandria
d) Colosso de Rhodes
e) Túmulo de Mansolo, em Helicarnasso
f) Estátua de Júpiter Olímpico, em Olímpia.
g) Templo de Artemis, em Éfeso

Os Deuses do Olimpo tinham 7 formas:
a) Forças Espirituais
b) Forças Cósmicas
c) Deuses
d) Corpos Celestes
e) Poderes Psíquicos
f) Reis Divinos
g) Heróis e Homens Terrestres.

Os 7 Planetas sagrados:
a) Sol
b) Lua
c) Mercúrio
d) Vênus
e) Marte
f) Júpiter
g) Saturno

Os 7 Planos da Evolução:
a) Plano dos Espíritos Virginais, do Criador
b) Plano do Espírito Divino
c) Plano do Espírito
d) Plano da vida
e) Plano do Pensamento
f) Plano do Desejo
g) Plano do Mundo Básico

Os 7 Princípios da Moral Pitagórica:
a) Retidão de propósitos
b) Tolerância na opinião
c) Inteligência para discernir
d) Clemência para julgar
e) Ser verdadeiro em Palavras e Atos
f) Simpatia
g) Equilíbrio

As 7 Pragas do Egito:
a) Gafanhotos
b) Água se tornar sangue
c) Rãs
d) Piolhos
e) A Peste
f) Saraivada (chuva de granizo)
g) As trevas

Os 7 Sábios da Grécia:
a) Thales de Mileto
b) Bias
c) Cleopulo
d) Mison
e) Quilon
f) Pitaco
g) Sólon

Os 7 Sacramentos:
a) Batismo
b) Confirmação
c) Eucaristia
d) Sacerdócio
e) Penitência
f) Extrema-unção
g) Matrimônio

As 7 Virtudes Humanas:
a) Esperança
b) Fortaleza
c) Prudência
d) Amor
e) Justiça
f) Temperança
g) Fé

Os 7 Pecados Capitais:
a) Vaidade
b) Avareza
c) Violência
d) Egoísmo
e) Luxúria
f) Inveja
g) Gula

Os 7 propósitos da Yoga:
a) Isolamento
b) Discernimento
c) Clarividência
d) Calma
e) Perseverança
f) Fortalecimento
g) Purificação



sábado, 28 de julho de 2012

Acaçá






As definições mais elementares do acaçá (àkàsà) é de uma pasta de milho branco ralado ou moído, envolvido, ainda quente, em folhas de bananeiras. A definição é correta, mas extremante superficial, pois o acaçá é de longe a comida mais importante do candomblé. Seu preparo é forma de utilização nos rituais e oferenda. Envolvem preceitos e regulamentos bem rígidos, que nunca podem deixar de ser observados.

Todos os orixás, de Exu a Oxalá, recebem acaçá. Todas as cerimônias, do ebó mais simples as sacrifícios de animais, levam acaçá. Em rituais de iniciação, de passagens fúnebres e tudo o mais que ocorra em uma casa de candomblé só acontece com a presença do acaçá. A vida e a morte no candomblé se processam à partir desta oferenda fundamental, sem a qual nenhum homem seria poupado dos dissabores e percalços do destino. Quando recorremos á história dos orixás, percebemos o grande mal que a humanidade todas as vezes que se afasta do poder divino, representada, nesse caso, pelo poderoso Orun, a morada de todas as divindades, e pelo supremo, senhor do Destino dos Homens. Olodumaré, também conhecido como Olorum (Zambi).

Só existe uma oferenda capaz de restituir o axé e desenvolver a paz e a prosperidade na Terra, ela é justamente o acaçá. Mas o que faz de uma comida aparentemente tão simples a maior das oferendas aos orixás?


Será que todos sabem o que realmente é um acaçá?

Façamos então uma classificação dos elementos que compõem o acaçá para chegarmos à derradeira conclusão. Primeiramente, é preciso esclarecer que a pasta branca à base de farinha de milho (que fica alguns dias de molho e depois passada pelo pilão ou moinho) chama-se na verdade eco (èko). Depois de coxear, uma porção da pasta ainda quente, é envolvida em um pedaço de folha de bananeira para enrijecer (na África é utilizada outra folha, chamada èpàpo), tornando-se, agora sim, um acaçá. (Hoje em dia nós temos a facilidade de encontrar o milho vermelho moído que é o fubá vermelho e o milho branco que é o fubá branco, mais existem sacerdotes que ainda utilizam o ritual de antigamente).

Percebe-se a fundamental importância da folha de bananeira, uma vez que o eco só passa a ser acaçá quando envolvido em uma folha verde que lhe atribui existência individualizada, pois passa a ser uma porção desprendida da massa, assim como e emi, que dá vida aos seres, é, na verdade, uma parte da atmosfera, ou do próprio Olorum, que todos ser leva dentro de si, o sopro da vida, o ar que respiramos.

Portanto, o acaçá é um corpo, o símbolo de um ser. A única oferenda que restituí a redistribui o axé.

É importante insistir que o que faz do acaçá um corpo único, eminente representação de um ser, é a folha, seu poderoso invólucro verde, que lhe confere individualidade e força vital diante do poderoso orun, os orixás e do grande Deus Oludumaré.

Somente a água é tão importante quanto o acaçá, pois não existem substitutos para nenhum dos dois, que são, a exemplo do obi, elementos indispensáveis em qualquer ritual. Ambos configuram-se como símbolo da vida, e é justamente para afastar a morte do caminho das pessoas, para que o sacrifício não seja o homem, que são oferecidos.

O acaçá remete ao maior significado que a vida pode ter: a própria vida. E por ser o grande elemento apaziguador, que arranca a morte, a doença, a pobreza e outras mazelas do seio da vida, tornou-se a comida e predileção de todos os orixás.

Fato é que quem não faz um bom acaçá não é um bom conhecedor do candomblé, pois as regras e diretrizes da religião nunca foram ditadas pela intuição. “Constituem grandes fundamentos cristalizados” ao longo de anos e anos de tradição. Aos incautos vale afirmar que candomblé não é intuição, mas fundamento sim, e fundamentos se aprende.

Fundamento é o segredo compartilhado, o detalhe que faz a diferença e a prova de que ninguém pode enganar o orixá.

O acaçá deve permanecer fechado, imaculado até o momento de ser entregue ao orixá. Só então é retirado da folha. É como se o sagrado tivesse de ficar oculto até a hora da oferenda, prova de que o segredo é quase sempre um elemento consagrado. E o segredo do acaçá é enrolar na folha de bananeira, é o que mantém um terreiro de candomblé de pé. Não existe acaçá que não seja enrolado na folha de bananeira..

Entretanto, a imprudência vigora em muitos terreiros e não raras vezes se ouve falar de novas iguarias apresentadas como acaçá. Os mais comuns são os acaçá de pia e de forma. No primeiro caso a massa de ecó, mais grossa, é colocada às colheradas sobre o mármore das pias, onde os bolinhos esfriam antes de serem utilizados nos ritos. Na segunda receita a massa é espalhada em uma forma e posteriormente cortada em quadradinhos. Este é um procedimento incorreto e condenável, e as pessoas que agem assim então fadadas ao insucesso e não podem ser consideradas pessoas de axé.

Não há candomblé sem acaçá, nem acaçá sem folha. A religião dos orixás não admite modificações na essência na essência, e esta comida é essencial, portanto, inviolável. Primeiro vem o acaçá antes dele só a vida. Logo, a folha de bananeira guarda uma vida. Deixar a massa do acaçá exposto é o mesmo que deixar a vida vulnerável. Eis o grande fundamento.

Contra-egum, Umbigueira. Mucam e Sendala




Todo Iaô é obrigado a usar contra-egum, umbigueira, mucam e sendala pelo menos por um ano.

O contra-egum é uma defesa do Iaô. O próprio nome já diz, é contra as forças maléficas espirituais, contra fluxo energético que possam influenciar a cabeça do Iaô. 

A umbigueira, na realidade é uma ligação de Oxum. Ligação ao útero e também uma ligação de Bessém para com o Iaô, ou seja, é a cobra mordendo o próprio rabo. A umbigueira não é para cortar tesão como muitos dizem por aí. 

O instinto sexual ele é pessoal, ele é controlado por obediência, por fé e por força de vontade também. Na realidade, a umbigueira nada mais é do que uma representação da nossa mãe Oxum e uma homenagem ao cordão umbilical. 

Quando estamos com a umbigueira, o nosso cordão umbilical ainda está preso no Orixá, preso a Oxum. A sendala e o mocam são divisas, são patentes dadas por Ogum. Isso mostra, por exemplo, que o Iaô foi condecorado com uma divisa militar. Devem ser usados como jóias, como divisas de um soldado, de um cabo. Isso é precioso e enaltece a nossa cultura.

Curas




O Ritual da Cura ou Fechamento de Corpo praticado em muitos candomblés na Sexta Feira da Paixão, que é uma data que os católicos dedicam à memória da crucificação de Jesus Cristo, tem origem nas mais antigas práticas bantos de calundus (formações religiosas anteriores à formação do candomblé modelado pelo Ketu na Bahia).


Algumas tradições Jeje Mahi, formações de candomblés Nagô Vodum, e Jeje Nagô principalmente, absorveram, em sua formação, do elemento banto presente no Recôncavo Baiano, tal tradição, umas casas como as de Candomblé de Angola realizam na Sexta Feira da Paixão e outras tradições segmentadas e formações não propriamente no dia santificado dos católicos, mas em etapa anterior ao sacrifício do bicho de 4 patas do rito de iniciação.


A “cura” é uma denominação para a “cruza ou cruz”, sinal recebido dos mercadores e traficantes de escravos para marcá-lo e distingui-lo dentro de um grande número de indivíduos, principalmente assim agiam os mercadores e traficantes espanhóis, portugueses e brasileiros (muitos referidos ao longo da História como sendo portugueses). Tal símbolo era marcado nos braços, peito, costas dos escravos de forma a marcá-lo com sendo já batizados e portanto que já haviam recebido o nome pelo qual deviam ser conhecidos doravante, só então depois eram conduzidos ao Brasil em navios negreiros. Tal flagelo atendia a grandes encomendas de escravos principalmente para o árduo trabalho da lavoura no Ciclo da Cana de Açúcar.


Em fongbè (Língua Fon) a cruz é denominada kluzú (pronunciando-se curuzú, que dá nome a uma localidade em Salvador, Bahia). Para o indivíduo banto de forma geral e principalmente no Brasil ficou entendida como “cura”. Também no Brasil muitos índios entenderam o símbolo da cruz como curuçá ou cruçá a partir dos Jesuítas, passando assim a denominá-la.


O segredo do Fechamento de Corpo no Ritual da Cura está no que lhe é passado depois da marcação do sinal e o que é rezado naquele momento, diferindo os ingredientes passados e ingeridos e as rezas de acordo com o candomblé.


Durante o primeiro processo de iniciação, que normalmente tem a duração de 21 dias, são diversos os rituais que têm lugar, e pelos quais os Yaôs têm que passar para poderem receber o seu Orixá de forma íntegra.


São tomados diversos cuidados para que o iniciado possa de facto, dali para a frente estar munido do conhecimento necessário, mas também de defesas necessárias, uma vez que vai nascer para a sua “nova vida”.


Não se trata só de munir e proteger o espírito das defesas necessárias, mas também o seu corpo físico, e nesse âmbito, são feitas as chamadas Kuras.


As Curas são incisões feitas no corpo do Iaô, que por um lado representam o símbolo de cada tribo, como o símbolo de cada Ilê (casa ou terreiro), mas têm o objectivo de fechar o corpo do Iaô, protegendo-o de todo o tipo de influência negativas.


Para isso são feitas as incisões (o que chamamos de abrir) e nessas incisões é colocado o Atim (pó) de defesa para aquele Iaô (iniciado). O Atim tem uma composição base de diversas plantas e substâncias, mas o Atim utilizado para as Kuras, contêm também as ervas do Orixá daquele Iaô em quem ele vai ser aplicado.


Sabemos que em algumas casas a Cura pode também ser tomada como infusão de ervas, porém na maioria das Casas de Candomblé, as Kuras, que são de origem Africana, são feitas como incisões ou cortes, e nesse cortes são colocados pequenos punhados de Atim, para que esse Atim penetre no corpo e o proteja de males exteriores enviados contra a pessoa.

Normalmente, as Kuras são feitas no peito, dos dois lados, nas costas, também dos dois lados e nos braços; evitando assim que de frente, de costas ou no manuseio de qualquer coisa algo negativo possa entrar no corpo do Iaô.


Além dessas, na feitura do Santo, abre-se também o Farim, que é uma Cura no centro do Ori, do Iaô, que por um lado impede também que algo de mal possa entrar na cabeça do Iaô, mas que facilita também a ligação com o seu Orixá. É comum também fazer-se na sola dos pés para evitar que o pisar de algo negativo possa interferir com o Iaô, havendo ainda, alguns zeladores que fazem uma Cura na língua dos seus Iaôs, para que os mesmos não comam comidas “trabalhadas”, e caso as comam, para que essas comidas não lhe façam mal.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Banho de Abô




Dentro das nações de Candomblé existem vários ebós que se destinam à limpeza do corpo e do espírito de um ser vivo. Eles servem para desmanchar tudo de ruim que existe nesse ser, desde o negativo de seu odu, até mesmo, trabalhos de magia negra que foram realizados contra ela.


Dentro desses ebós, existe como complemento, o banho de abô. Esse é preparado com varias ervas que são maceradas em água limpa, e seu processo é complexo: começamos com a escolha do dia em que vamos até a mata para recolhermos as ervas que deverão ser utilizadas na preparação desse banho.


Após a escolha do dia, tanto o zelador como as pessoas que vão lhe auxiliar, devem se resguardar por um período de três dias, sem sexo, bebida alcoólica ou qualquer outro elemento que “suje” seu corpo.


Na véspera de se ir à mata para recolher as ervas, deve-se preparar os presentes para Ossanha a fim de que o mesmo nos permita retirar as Insabas sagradas. No dia seguinte antes do sol esquentar, as pessoas saem do barracão vestidas de branco, e sem conversar nada pertinente ao mundo, adentram na mata para recolherem as ervas que servirão para preparar o banho, que podem variar de caso para caso.


Após recolherem as ervas, as pessoas voltam para o barracão e deixam as Insabas descansarem por um período de no mínimo seis horas para somente depois começarem a preparar o banho. Todo esse processo é restrito às pessoas devidamente preparadas e com tempo de feitura suficiente para se saber como se prepara o abô.



O banho de abô deve ser condicionado em um pote de barro, denominado porrão, também sagrado para os rituais de Candomblé seja ele de qualquer nação.


Após seu preparo o omin eró tem a função de limpar o corpo das pessoas e, no caso de iniciação é ele que vai trazer o Orixá para a terra. Nunca devemos usar esse banho com outra finalidade que não seja a de limpeza, pois seus fundamentos são muito grandes, e após tomarmos esse banho, nem mesmo caboclo ou outra entidade de Umbanda se incorpora em seu médium.


O banho de abô tem muita utilidade dentro do axé orixá, e casa nenhuma deve ficar sem o mesmo, pois sua força é muito grande e, ele tem a força para repelir qualquer aproximação inferior.


Espíritos errôneos jamais se aproximam de uma pessoa que toma esse banho, pois sua essência aproxima de forma direta o Orixá da pessoa e este jamais compactua com espíritos inferiores.





quarta-feira, 25 de julho de 2012

Fio de Contas no Candomblé



Na mitologia sobre a invenção do candomblé, os colares de contas aparecem como objetos de identificação dos fiéis aos deuses e o seu recebimento, como momento importante nessa vinculação. De acordo com o mito, a montagem, a lavagem e a entrega dos fios-de-contas constituem momentos fundamentais no ritual de iniciação dos filhos-de-santo, os quais, daí em diante, além de unidos, estão protegidos pelos orixás.


Feitos com contas de diferentes materiais e cores, esses fios apresentam uma grande diversidade e podem ser agrupados por tipologias de acordo com os usos e significados que têm no culto. Assim, acompanham e marcam a vida espiritual do fiel, desde os primeiros instantes da sua iniciação até às suas cerimônias fúnebres.


Como nos momentos da montagem e do recebimento, também o instante da ruptura é significativo; entretanto, o rompimento do fio-de-contas, mais do que indicar um mau presságio, que assusta e preocupa o indivíduo e a comunidade, pode ser o início de um novo ciclo, um recomeço, um momento de viragem que pede um novo fio. Dos primeiros fios – simples, ascéticos e rigorosos – às contas mais livres, exuberantes, complexas e personalizadas que a pessoa vai produzindo ou ganhando ao longo do tempo, delineia-se o caminho de cada um na sua vinculação aos orixás e à comunidade do terreiro.


Desta maneira, mais do que a libertação do gosto particular, as transformações nos colares revelam o conhecimento adquirido pela pessoa e sua ascensão na hierarquia religiosa. De tal modo que um leigo pode passar despercebido por um fio-de-contas ou vê-lo apenas como um adorno, enquanto um iniciado na cultura do candomblé o tomará como um objecto pleno de significados, que pode ser “lido” e no qual é possível identificar a raiz, o orixá da cabeça e o tempo de iniciação, entre outros dados da vida espiritual de quem o usa.


Dos ritos secretos e espaços fechados do culto aos orixás, os fios-de-contas ganharam o mundo e adquiriram novos usos. De África vieram para o Brasil e para todo o mundo onde o candomblé se tem difundido. Hoje, devido ao sincretismo religioso, além dos espaços de culto, é possível observar a presença de fios-de-contas em lugares inusitados como automóveis e lojas, mas já destituídos das funções e sentidos primordiais, usados apenas para proteger os espaços e as pessoas contra maus agouros.


Pode ser chamado fio-de-contas desde aquele de um fio único de miçangas até a um colar com vários fios presos por uma ou várias firmas. A quantidade de fios pode variar de uma nação para outra na correspondência de cargos.


Na hierarquia do candomblé toda a pessoa que entra para a religião será um Abiã e assim permanecerá até que se inicie. Ao Abiã só é permitido o uso de dois fios-de-contas simples de um fio só, um na cor branco leitoso que corresponde a Oxalá, de acordo com a nação e um na cor do Orixá da pessoa, quando já tenha sido identificado, dessa forma pode-se saber que a pessoa é um Abiã e qual é o seu Orixá.


Um Ebomi usa diversos colares de um fio só, com contas na cor dos Orixás que já tem assentados e estas já podem ser intercaladas com corais ou firmas Africanas.


Tipos de fios-de-contas:



Yian/Inhãs: Fios de uma só “perna”, isto é, o colar simples de uma só fiada de miçangas cuja medida deve ir até a altura do umbigo.


Dilogum: Colares feitos de 16 fiadas de miçangas com um único fecho cuja medida, como os Inhãs, vai até à altura do umbigo. Cada Iaô deve possuir, normalmente, um Dilogum do seu orixá principal e outro do orixá que o acompanha em segundo plano.


Brajá: longos fios montados de dois em dois, em pares opostos. Podem ser usados a tiracolo e cruzando o peito e as costas. É a simbologia da inter-relação do direito com esquerdo, masculino e feminino, passado e presente. Quem usa esse tipo de colar é um descendente dessa “união”.


Humgebê/Rungeve: Feito de miçangas marrons, corais e seguis (um tipo de conta).

Lagdibá/Dilogum: Feito de fios múltiplos, em conjuntos de 7, 14 ou 21. São unidos por uma firma (conta cilíndrica).


                           As Cores dos fios-de-contas de cada Orixá:


Exú – Contas Pretas intercaladas com Contas Vermelhas ou contas Cinzas.

Ogum – Contas Verde ou azul marinho

Oxóssi – Contas Azul-turquesa

Omulu – Contas Brancas Raiadas de Preto e Marrom

Oxumarê – Contas verdes Raiadas de Amarelo

Ossaim – Contas Verdes rajadas de branco

Iroko – Contas Verdes intercaladas com Contas marrom

Logun Edé – Contas Azul-turquesa intercaladas com Contas douradas.

Oxum – Contas Douradas ou Contas de Âmbar

Iemanjá – Contas Brancas translúcidas ou Contas de Cristal

Iansã – Contas Marrom ou Contas de Coral.

Obá – Cinco Contas Vermelho escuro intercalada com uma Conta Amarela, podem ser tipo cristal.

Ewá – Contas Vermelhas rajadas de amarelo

Nanã – Contas Brancas Rajadas de Azul marinho

Xangô – Contas Vermelhas ou marrom intercaladas com Contas Brancas

Oxalá – Contas Branco Leitoso.


terça-feira, 24 de julho de 2012

Conhecendo as Crianças




São a alegria que contagia os Terreiros. Descem  simbolizando  a inocência e a singeleza. Seus trabalhos se resumem em brincadeiras e divertimentos. Podemos pedir-lhes ajuda para os nossos filhos, resolução de problemas, fazer confidências, mexericos, mas nunca para o mal, pois eles não atendem pedidos dessa natureza. São espíritos que já estiveram encarnados na terra e que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação, como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces.


Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também tem funções bem específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás, sendo extremamente respeitados pelos caboclos e pelos pretos-velhos. É uma falange de espíritos que assumem em forma e modos, a mentalidade infantil. Como no plano material, também no plano espiritual, a criança não se governa, tem sempre que ser tutelada. É a única linha em que a comida de santo (Amalás), leva tempero especial (açúcar). É conhecido nos terreiros de Nação e Candomblé, como (ÊRES ou IBEJI). Na representação nos pontos riscados, Ibeji é livre para utilizar o que melhor lhe aprouver. A linha de Ibeji é tão independente quanto à linha de Exu. Ibeijada, Erês, Dois-Dois, Crianças, Ibejis, são esses vários nomes para essas entidades que se apresentam de maneira infantil.


No Candomblé, o Erê, tem uma função muito importante. Como o Orixá não fala, é ele quem vem para dar os recados do pai. É normalmente muito irrequieto, barulhento, às vezes brigão, não gosta de tomar banho, e nas festas se não for contido pode literalmente botar fogo no oceano. Ainda no Candomblé, o Erê tem muitas outras funções, o Yaô, virado no Erê, pode fazer tudo o que o Orixá não pode, até mesmo as funções fisiológicas do médium, ele pode fazer. O Erê muitas vezes em casos de necessidade extrema ou perigo para o médium, pode manifestar-se e trazê-lo para a roça, pegando até mesmo uma condução se for o caso.


Na Umbanda mais uma vez, vemos a diferença entre as entidades/divindades. A Criança na Umbanda é apenas uma manifestação de um espírito cujo desencarne normalmente se deu em idades infanto-juvenis. São tão barulhentos como os Erês, embora alguns são bem mais tranqüilos e comportados. No Candomblé, os Erês, tem normalmente nomes ligados ao dono da coroa do médium. Para os filhos de Obaluaiê, Pipocão, Formigão, Palhinha;  para os de Oxóssi, Pingo Verde, Folhinha Verde, para os de Oxum, Rosinha, para os de Iemanjá, Conchinha Dourada e por ai vai. As Crianças da Umbanda tem os nomes relacionados normalmente a nomes comuns, normalmente brasileiros. Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho, Cosminho, etc...


As crianças de Umbanda comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente guaraná e frutas, os Erês do Candomblé além desses, comem frangos e outras comidas ritualísticas como o Caruru, etc... Isso não quer dizer que uma Criança de Umbanda não poderá comer Caruru, por exemplo.


Com Criança tudo pode acontecer. Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessária muita concentração do médium (consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser transmitida. Os "meninos" são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as "meninas" são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc... 


Estas características, que às vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência. Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos de maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos também é. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido for atendido, pois a "brincadeira" (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido pode não ser tão "engraçada" assim.


Poucos são aqueles que dão importância devida às giras das vibrações infantis. A exteriorização da mediunidade é apresentada nesta gira sempre em atitudes infantis. O fato, entretanto, é que uma gira de criança não deve ser interpretada como uma diversão, embora normalmente seja realizada em dias festivos, e às vezes não conseguimos conter os risos diante das palavras e atitudes que as crianças tomam. Mesmo com tantas diferenças é possível notar-se a maior características de todos, que é mesmo a atitude infantil, o apego a brinquedos, bonecas, chupetas, carrinhos e bolas, como os quais fazem as festas nos terreiros, com as crianças comuns que lá vão a busca de tais brinquedos e guloseimas nos dias apropriados. A festa de Cosme e Damião, santos católicos sincretizados com Ibeji, à 27 de Setembro é muito concorrida em quase todos os uma curiosidade:


Cosme e Damião foram os primeiros santos a terem uma igreja erigida para seu culto no Brasil. Ela foi construída em Igarassu, Pernambuco e ainda existe. Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões. Preferem as consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles. Muitas entidades que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito amigas e têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério, o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas à Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos.



MAGIA DA CRIANÇA



O elemento e força da natureza correspondente a Ibeji são... todos, pois ele poderá, de acordo com a necessidade, utilizar qualquer dos elementos. Eles manipulam as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem. Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa, atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais procurados para os casos de família e gravidez. 

A Falange das Crianças é uma das poucas falanges que consegue dominar a magia. Embora as crianças brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu trabalho, pois atrás dessa vibração infantil, se escondem espíritos de extraordinários conhecimentos. Imaginem uma criança com menos de sete anos possuir a experiência e a vivência de um homem velho e ainda gozar a imunidade própria dos inocentes. A entidade conhecida na umbanda por erê é assim. Faz tipo de criança, pedindo como material de trabalho chupetas, bonecas, bolinhas de gude, doces, balas e as famosas águas de bolinhas -o refrigerante e trata a todos como tio e vô. Os erês são, via de regra, responsáveis pela limpeza espiritual do terreiro.




ONDE MORAM AS CRIANÇAS




A respeito das crianças desencarnadas, passamos a adaptar um interessante texto de Leadbeater, do seu livro "O que há além da Morte". "A vida das crianças no mundo espiritual é de extrema felicidade. O espírito que se desprende de seu corpo físico com apenas alguns meses de idade, não se acostumou a esse e aos demais veículos inferiores, e assim a curta existência que tenha nos mundos astral e mental lhe será praticamente inconsciente. Mas o menino que tenha tido alguns anos de existência, quando já é capaz de gozos e prazeres inocentes, encontrará plenamente nos planos espirituais as coisas que deseje.

A população infantil do mundo espiritual é vasta e feliz, a ponto de nenhum de seus membros sentir o tempo passar. As almas bondosas que amaram seus filhos continuam a amá-los ali, embora as crianças já não tenham corpo físico, e acompanham-nas em seus brinquedos ou em adverti-las a evitar aproximarem-se de quadros pouco agradáveis do mundo astral." "Quando nossos corpos físicos adormecem, acordamos no mundo das crianças e com elas falamos como antigamente, de modo que a única diferença real é que nossa noite se tornou dia para elas, quando nos encontram e falam, ao passo que nosso dia lhes parece uma noite durante a qual estamos temporariamente separados delas, tal qual os amigos se separam quando se recolhem à noite para os seus dormitórios.

Assim, as crianças jamais acham falta do seu pai ou mãe, de seus amigos ou animais de estimação, que durante o sono estão sempre em sua companhia como antes, e mesmo estão em relações mais íntimas e atraentes, por descobrirem muito mais da natureza de todos eles e os conhecerem melhor que antes. E podemos estar certos de que durante o dia elas estão cheias de companheiros novos de divertimento e de amigos adultos que velam socialmente por elas e suas necessidades, tomando-as intensamente felizes." Assim é a vida espiritual das crianças que desencarnaram e aguardam, sempre felizes, acompanhadas e protegidas, uma nova encarnação. 


É claro que essas crianças, existindo dessa maneira, sentem-se profundamente entristecidas e constrangidas ao depararem-se com seus pais, amigos e parentes lamentando suas mortes físicas com gritos de desespero e manifestações de pesar ruidosas que a nada conduzem. O conhecimento da vida espiritual nos mostra que devemos nos controlar e nos apresentar sempre tranquilos e seguros às crianças que amamos e que deixaram a vida física. Isso certamente as fará mais felizes e despreocupadas.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Oxum Opará



Opará, também chamada de Apará, assim como todas as Iyagbás, também é uma divindade das águas, é confundida como uma qualidade de Oxum devido a similaridade dos cultos, mas na realidade se trata de uma divindade a parte. Opará nasce da união de Xangô com Obá, é uma divindade muito perigosa.


A maternidade que é umas das marcas de Oxum não existe em Opará. Era Oxum quem se encarregava de cuidar da prole do Deus das Tempestades, enquanto ele guerreava. o caso de Opará ocorreu o mesmo, ela foi criada por Oxum, já que Obá, assim como Oyá Iansã, acompanhava Xangô em suas contendas. 

Opará herda o temperamento e a agressividade natural de Obá e a malícia e a vaidade de Oxum. Tornando-se assim a mais quente e agressiva de todas as Iyagbás superando até mesmo a própria mãe, Opará é a divindade feminina equivalente a Exú. É uma Deusa da Guerra, indomável, uma poderosa amazona que une força e vaidade, rege os ventos da noite, a umidade do ar e as águas puras que se intercalam entre abundância e escassez absoluta, seu fundamento maior é quando o Raio(Xangô) toca as Águas(Obá). 

Opará é impiedosa, arrogante e de carácter punitivo, mas apesar das desavenças entre Oxum e Obá, é muito próxima de Obá bem como de Oxum, de quem recebeu o Espelho de Ikú ( uma espécie de espelho encantado que traz a morte para que o olhar). Asim como os pais Opará possui forte ligação com a morte e, assim como Oxum, possui ligação com as Eleyés. A união de Xangô e Obá

Transcorre um culto nos arredores da cidade, é eleko. Uma sociedade restrita, onde apenas mulheres realizam o culto. Que possui como matriarca a temida Obá, a fundadora desta sociedade que cultua a ancestralidade feminina individual.



Nem um homem poderia sequer assistir o ritual do segredo, sendo punido por Obá com sua própria vida.


Certo dia, em uma das noites de culto, Xangô caminhava alegremente e dançava ao som do batá. Quando percebe, ao longe um aglomerado de mulheres, realizando uma cerimônia sob as ordens da enérgica Obá.


Xangô era muito curioso e não se conteve aproximando-se da cena, ficando a espreita.


Xangô encantou-se com a rara beleza de Obá, que apesar de não ser tão jovem era a mais bela mulher que ele já vira. No momento de distração, Xangô foi percebido e cercado pelas mulheres, foi levado a presença da grande deusa, que lhe falou o preço que haveria de pagar por sua audácia em violar o culto sagrado de Elekó. Mas a própria Obá que encantou-se com a inigualável beleza de Xangô apaixonando-se de imediato, relutou em aplicar a sentença de morte e usou de sua supremacia no culto para ditar nova regras, dando nova chance a Xangô: "Todo homem, que violar o culto, se for do agrado, da senhora do culto, deverá unir-se a ela como marido ou aceitar a pena de morte"


Xangô não pensou duas vezes, seria poupado da sentença e ainda sim possuiria a grande deusa por quem havia se apaixonado. A cerimônia de união de Xangô e Obá foi realizada dentro dos limites de Elekó. Foi o inicio de uma grande paixão, nunca se viu tanto amor.


A deusa guerreira e justiceira que pune os homens que maltratam as mulheres, descobriu um sentimento novo por um homem além do ódio. Descobriu todo o amor que um homem pode dar. A grande rainha de Elekó, a rainha de Xangô aprendeu a amar e ser amada.


Nasce, dessa grande paixão, uma criança, uma menina, nasce Opará, nasce a mais bela, justiceira e feroz guerreira. Herdou o melhor do pai e da mãe e prosseguiu com o culto.




Oxum Opará- Lenda




Em uma época onde os deuses viviam na terra, na região da Nigéria existiu duas jovens irmãs: Oxum e Iansã.


Oxum era deusa do ouro e da prata e tinha poderes sobre o ocultismo, Iansã por sua vez era deusa dos raios, tendo assim poderes sobre eles. Oxum carregava consigo o espelho que mostrava toda verdade oculta. Um belo dia Iansã muito curiosa, pegou o espelho e olhou, viu que era mais bonita que Oxum. Toda aldeia ficou sabendo disso e Oxum ficou muito brava.


Resolveu dar uma lição em sua irmã, colocou em seu quarto outro espelho, esse mostrava o lado ruim das coisas. Iansã percebendo a troca foi novamente olhar, ficou chocada com o que viu, em vez de ver sua imagem viu um monstro horrível. Entrou numa tristeza profunda e acabou morrendo.


Os deuses mais velhos descobriram a vingança de Oxum, decidiram castigá-la.


Oxum carregaria Iansã em seu corpo eternamente, seis meses seria Oxum com todas suas características e os outros seis meses seria Iansã. Oxum Opará tem em uma das mãos o espelho e na outra a espada que representa Iansã, dizem que ela é uma deusa guerreira e anda ao lado de Ogum, o deus do ferro e da estrada.

domingo, 15 de julho de 2012

Os Búzios





BÚZIOS

O jogo de búzios é uma das artes divinatórias utilizado nas religiões tradicionais africanas e na religiões da Diáspora africana instaladas em muitos países das Américas.

Existem muitos métodos de jogo, o mais comum consiste no arremesso de um conjunto de 16 búzios sobre uma mesa previamente preparada, e na análise da configuração que os búzios adotam ao cair sobre ela.

O adivinho, antes reza e saúda todos os Orixás e durante os arremessos, conversa com as divindades e faz-lhes perguntas.

Considera-se que as divindades afetam o modo como os búzios se espalham pela mesa, dando assim as respostas às dúvidas que lhes são colocadas.

No Brasil os búzios (conchas pequenas de praia), (cauris na África eram usados como dinheiro, foi moeda corrente) são usados pelos Babalorixás e Ialorixás para comunicação com os Orixás, nas consultas ao jogo de búzios ou Merindelogun.

Usado para consultar o futuro, de acordo com a religião Batuque, Candomblé, Omoloko, Tambor de Mina, Umbanda, Xambá, Xangô do Nordeste ou como adorno em roupas dos Orixás e para confecção de alguns fio-de-contas.

Também é usado em outras religiões afro-descendentes em vários países.

Sua origem é médio-oriental, mais precisamente a região da Turquia. Penetrou na África junto com as invasões daqueles povos aos africanos.

Adotado pelas mulheres pelo fato de que o Opele-Ifa e Opon-Ifa (jogos divinatórios originalmente africano) é destinado somente aos homens.

Entrou na vida e na cultura Ioruba e enraizou-se tão profundamente que hoje o Merindilogun (jogo de búzios) é mais conhecido que o verdadeiro oráculo dos Babalawos (o Opele-Ifa e Opon-Ifa)também o mais utilizado aqui no Brasil.
No entanto, segundo algumas correntes e crenças nem todas as pessoas podem ler búzios.

Esta prática está destinada apenas a pessoas com uma forte espiritualidade. 
De forma geral estão pré destinadas às Mães, Pais, ou filhos de Santo após a obrigação de sete anos com o recebimento dos direitos, autorização e ensinamentos dado pela mãe ou pai de santo.

sábado, 14 de julho de 2012

Sal Grosso


SAL GROSSO


O sal grosso é considerado um potente purificador de ambientes. Povos distintos usam o sal para combater o mau olhado e deixar a casa a salvo das energias nefastas. O sal é um cristal e por isso emite ondas eletromagnéticas que podem ser medidas pelos radiestesistas. Ele tem o mesmo cumprimento de onda da cor violeta, capaz de neutralizar os campos eletromagnéticos negativos. Visto do microscópio o sal bruto revela que é um cristal, formado por pequenos quadrados ou cubos achatados.


As energias densas costumam se concentrar nos cantos da casa. Por isso colocar um copo com sal grosso ou sal de cozinha equilibra  essas forças e deixa a casa mais leve. Para uma sala média onde não circula muita gente, um copo de água com sal em dois cantos é suficiente. Em dois ou trés dias já se percebe a diferença. Quando se formam bolhas é hora de renovar a salmoura. A solução de água e sal também é capaz de puxar os íons positivos, isto é, as partículas de energia da atmosfera, e reequilibrar a energia dos ambientes. Principalmente em locais fechados, escuros ou mesmo antes de uma tempestade, esses íons tem efeito intensificador e podem provocar tensão e irritação.


A prática simples de purificação com água e sal deve ser feita à menor sensação de que o ambiente está carregado, depois de brigas ou à noite no quarto, para que o sono não seja perturbado. Banho de sal grosso e o antigo escalda-pés (mergulhar os pés em salmoura bem quente) têm o poder de neutralizar a eletricidade do corpo. Para quem mora longe da praia é um ótimo jeito de relaxar e renovar as energias. Já foi considerado o ouro branco (salmoura para conservar os alimentos). Os povos foram desenvolvendo técnicas de usar o sal, como as abaixo descritas: 


Uma pitada de sal sobre os ombros, afasta a inveja. 

Para espantar o mau olhado ou evitar visitas indesejáveis, coloca-se uma fileira de sal na soleira da porta ou um copo de salmoura do lado esquerdo da entrada.

A mistura de sal com água ou álcool absorve tudo de ruim que está no ar, ajuda a purificar e impede que a inveja e o mau-olhado e outros sentimentos inferiores entrem em casa.

Depois de uma festa, lavar todos os copos e pratos com sal grosso para neutralizar a energia dos convidados, purificando a louça para o uso diário.

Tomar banho de água salgada com bicarbonato de sódio descarrega as energias ruins e é relaxante. O único cuidado é não molhar a cabeça, pois é aí que mora o nosso espírito e ele não deve ser neutralizado. 

Na tradição africana, quando alguém se muda, as primeiras coisas a entrar na casa são: um copo de água e outro com sal. Usam sal marinho seco, num pires branco atrás da porta para puxar a energia de quem entra. Também tomam banho com água salgada com ervas para revigorar a energia interna e a vontade de viver.

No Japão, o sal é considerado um poderoso purificador. Os japoneses mais tradicionais jogam sal todos os dias na soleira das portas e sempre que uma visita mal vinda vai embora. Símbolo de lealdade na luta de sumô, os campeões jogam sal no ringue para que a luta transcorra com lealdade. Use esse poderoso aliado! É barato, fácil de encontrar, e pode lhe ajudar em momentos de dificuldade e de esgotamento energético!


domingo, 8 de julho de 2012

Fim do Mundo segundo os Maias



2012 - O FIM DO MUNDO SEGUNDO OS MAIAS 

PURA LENDA!


Gigantesca ponta de terra sobre o mar Antilhas, quase chegando a Ilha de Cuba, a Península de Iucatã compõe, juntamente com a Península de Flórida, os limites da imensa porta de entrada para o Golfo do México. Nessa região muito plana, a predominância do verde é quase total, pois sendo os rios locais praticamente em sua maioria subterrâneos, não se observa aí nem mesmo o risco claro de um deles para quebrar a monotonia da paisagem.

E seria justamente nessa Península que viria a se desenvolver uma das mais adiantadas e intrigantes civilizações do novo mundo - a dos Maias. Tendo equilíbrio, os Maias revelaram um progresso artístico em sua época de esplendor. Eram feiticeiros, magos, dançarinos e vão contar a sua história e a de seu calendário.

Não é difícil determinar a verdadeira história do povo que habitou Iucatã. Os muitos monumentos ali deixados vêm causando admiração, sem que possamos fixar nomes e datas.

É bem provável que a primeira leva de povoadores da Península tenha chegado ali em meados do século II. Esses grupos de imigrantes eram compostos de diversas raças, até que um deles denominado quiché, se impôs sobre os outros, deu unidade à nação que perdurou até poucos anos anteriores a chegada dos espanhóis, tendo sido destruída por intermináveis guerras.

A primeira vez que os espanhóis ouviram falar dos Maias foi por ocasião da quarta viagem de Cristóvão Colombo, em 1502, Os navegantes espanhóis encontraram uma grande barca e através de sinais ficaram sabendo que os tripulantes vinham de um lugar que se encontrava na direção norte.

Somente quatro anos depois Juan de Solís e Vicente Pinzón chegaram à parte pelo Golfo do México. Depois de contorná-la por algum tempo, acreditaram tratar-se de uma ilha. A partir dessa época os espanhóis empregaram várias tentativas para colonizar a Península. Nessa época também os ciganos chegaram. Vieram fugidos em perseguições e armaram seus acampamentos. Andando pelas matas a procura de alimentos, os gitanos encontraram uma peça de barro redonda, com desenhos estranhos e fizeram cópias para vendê-las. Os espanhóis compraram e ela ganhou o nome de Calendário Maia. São desenhos de bichos imaginários e feiíssimos. E ele veio à tona. Afirma-se nesse calendário que o ano do fim do mundo é 2012.

Bem, sabendo-se que foram os ciganos que venderam a peça por necessidade, sabemos então que isto é pura lenda! Não veremos o final do mundo em 2012!

Quartinhas de Barro



QUARTINHAS


Quartinha é um pequeno pote, geralmente de barro, no qual de deposita água sagrada, água purificada ao Orixá e fica ao lado do assentamento do Orixá. O barro da quartinha, assim como nosso corpo, "transpira" e por isso que as quartinhas devem ser sempre de barro pois elas permitem que a água do seu interior evapore, mas deve-se ter um cuidado constante para que a quartinha não seque por completo, pois ela representa um ser vivo e o cuidado que temos com o Orixá.


Na África, todas as eram confeccionadas em barro, as escravas, quando em solo brasileiro, se encantaram, com as porcelanas das sinhazinhas e começaram a utilizar a porcelana, nos assentamentos dos Orixás femininos, porém as quartinhas de porcelana, louça, latão, metal, fazem com que a água fique estagnada o tempo todo e não evapore. Com o passar dos séculos, tradicionalmente ficou estipulado que os Orixás masculinos, possuiriam quartinhas de barro e os Orixás femininos, assim como Oxalá, tanto Oxalufan, como Oxaguiã, poderiam usarem quartinhas de porcelana.

A quartinha representa a respiração da divindade, então quando a divindade necessita dessa respiração, há o ciclo de evaporação da água através dos poros do barro. Aos Orixás masculinos são oferecidos quartinhas de barro sem alça, aos Orixás femininos são oferecidos quartinhas normalmente de louça ou mesmo de barro com alça. 

As quartinhas também são chamadas de Busanguê, Eni, Amoré e outros, dependendo da nação. Colocar quartinha de louça aos pés da divindade, não é uma prática do Candomblé antigo, porque na África não se produz louça. Todos os utensílios ligados ao culto das divindades são feitos na sua maioria de barro e quando não são feitos de barro, é usado terracota ou argila.

sábado, 7 de julho de 2012

Iyarrunsó


Iyarrunsó (Mãe Criadeira)


Ajoié, Ekédi, Macota, Kota, são nomes dados ao feminino de Ogã. A palavra Ekédi, vem do dialeto ewe, falado pelos negros fons ou Jeje. Portanto, o correspondente Iorubá de Ekédi é ajoié, onde a palavra ajoié significa "mãe que o Orixá escolheu e confirmou"; assim, toda Ekédi tem o direito a uma cadeira no barracão.


A Iyarrunsó ou Mãe Criadeira tem uma função especialíssima dentro de um axé. Ela representa a Iemanjá de cada roncó. É ela quem prepara esse filho, esse adolescente iniciado digamos assim para o futuro. É ela quem impõe, que implanta a hierarquia, o respeito pelo axé, o comportamento de sala, o comportamento de um Iyawo, quer dizer, normalmente um Iyawo descompreendido, que é o termo que se usa, está ofendendo no caso a mãe criadeira dele, porque o Iyawo mal criado significa que ele teve uma má criação. Muitas vezes, a mãe criadeira não é vista com muita simpatia pelo Iyawo, porque ela tem que ser rígida, tem que ser rigorosa, ela tem que cobrar posicionamento, ela tem que cobrar milhares de paós, ela tem que cobrar toda uma postura de Iyawo; porque a grande verdade é que quem não sabe ser um Iyawo, jamais será um bom zelador, porque a base de um bom zelador, é ter sido um bom Iyawo.


Então, a função da mãe criadeira é justamente essa, além de cobrar a parte cultural do axé que são as rezas do roncó, rezar com o Iyawo pela manhã, ao meio-dia, na chegada da noite e cobrar a presença do Orixá também nos momentos específicos, porque cada sequencia de rezas, tem um momento que o Orixá se manifesta, o Orixá se faz presente, e é ela que tem que polarizar essa permanência ou essa chegada do Orixá no Iyawo, acompanhar o seu desenvolvimento com o seu próprio Orixá, porque esse período de 21 dias é todo um processo de encontros, de desencontros, de roupagem cultural, e ela que passa todo esse processo para o Iyawo, ou seja, ela tem uma função especial.


Não é justo colocar uma pessoa sem base cultural para criar um Iyawo. O ideal é, cada casa, cada axé ter uma Iyarrunsó ou Mãe Criadeira específica, mas lamentavelmente requer tempo, requer abdicar-se de uma vida familiar, porque todo ser humano tem que ter sua prole, seu marido, seus filhos e muitas vezes não pode ficar 21 dias ou mais, porque na realidade fica mais que 21 dias, porque ela só deixa o axé quando o Iyawo sai e vai para a sua casa, e mesmo assim, na realidade é ela quem deve levar o Iyawo para a casa dele, juntamente com o zelador se isso se fizer necessário. Hoje a coisa ficou deteriorada devido à evolução, devido a simplificar muitas coisas, mas deteriorou-se muito porque antigamente a mais ou menos 25 à 30 anos atrás, era levado o Iyawo para casa. 


A mãe criadeira chamava o Orixá do Iyawo na porta, na entrada da casa, apresentava as dependências da casa para o Orixá. Muitas vezes, a mãe criadeira ia até a casa do Iyawo antes de sua chegada para defumar, para colocar quartinhas com água do lado de fora do portão, era tudo muito bonito e tudo funcionava mais. Tinha-se mais Iyawo qualificados, pois a mãe criadeira, ela acompanha o Iyawo durante todo o período de Kelê, porque na realidade, o compromisso da Iyarrunsó, a mãe criadeira,  não termina quando o Iyawo dá o Orunkó no salão. O compromisso dela só termina quando o Kelê do Iyawo cai e daí então ela é chamada novamente para acompanhar o seu Bori, suas obrigações intermediárias, quer sejam elas quais forem, ela acompanha, ela faz parte, ela tem uma função muito importante na criação desse Iyawo, até ele virar um Egbomi.


O zelador de santo não tem tempo e não quer esse compromisso de ficar dentro de um roncó tomando reza de Iyawo, tomando cultura de Iyawo, tomando paó, como é que se dá um adobá, ensinando a dar um ginká, mostrando e fazendo os ensaios básicos que tem que ser feito para as saídas, fazendo o seu benguê, dando as maiongas, enfim, cuidando do Iyawo, como se fosse seu próprio filho. Lamentavelmente nós temos por aí, muitas mães criadeiras desrespeitadas dentro de um axé, porque a elas infelizmente não delegaram os poderes que a elas pertencem.


Hoje, pegam-se para mães criadeiras, Iyawos como se fossem acompanhantes, como se fosse uma dama de companhia para o Iyawo e aí fica lá dentro do roncó de conversa fiada, jogando conversa fora, muitas vezes até quebrando podres indevidos e aí lamentavelmente, o Iyawo sai sem um pingo de cultura, sai sem um um comportamento de axé adequado. e muitas vezes depois que tira seu Kelê, com menos de um ano de santo, já estão dando pião na casa dos outros, já estão frequentando candomblés de todo mundo, e aí quando se vê está o Iyawo estragado, e é uma pena, pois é um trabalho longo, cansativo, dificultoso para o zelador e muitas vezes, por má qualificação de mães criadeiras, ou até mesmo por elas não terem oportunidade, porque na verdade, a maior preocupação de um zelador não deve ser a de por Iyawo para dentro se ele não tem quem crie adequadamente; é melhor que não coloque para dentro.


É preciso qualificar a Mãe Criadeira, é preciso saber se ela tem todas as rezas, se ela sabe as posições certas, se ela conhece a hierarquia do axé, se ela conhece como é a procedência do zelador, ela tem que ser que nem aquela mãe que fala com o filho: "Filho, olha o seu comportamento, olha seu pai vai chegar heim, daqui a pouco quando ele chegar, eu vou falar pra ele o que você está fazendo", aí o filho com medo da agressão do pai, da cobrança do pai, ele muda o seu comportamento. É mais ou menos por aí a função de uma mãe criadeira. Agora, colocar uma ninguém sabe tudo dentro do roncó, só terá Iyawo estragado. Esse Iyawo vai rodar, vai dar nome e vai se perder, porém a culpa não é só de quem cria. 


A culpa é de quem coloca uma pessoa qualquer para criar, afim de botar Iyawo para fora, quer botar o boneco para rodar e gritar Orunkó e sai com a cabeça vazia, sai desprovido de cultura e muitas vezes quizilado, sem fundamento nenhum, sem doutrina de sala, sem comportamento de Iyawo, pois o que anda acontecendo por aí, é Iyawo com menos de uma ano de santo, já não quer usar mucan, não quer usar sendala, já não quer abaixar a cabeça, já não quer mais tomar a benção aos egbomis, não quer tomar a benção aos Ogãs, as Ekédis, tudo porque não foi ensinado passo a passo para ele.

Akokô


Em Iorubá - Akôko

Nome Cientifico: Newboldia laevis Seem

Nome Popular: acoco


O Akôko é uma das folhas preferidas por todos os candomblecistas por ser associada sempre a prosperidade, tanto de dinheiro (owo), como de filhos (omo). De origem africana, foi introduzida aqui pelos africanos, onde se adaptou perfeitamente. É atribuída aos Orixás Ossaim e Ogum, pois esta árvore é considerada abundante e na África acomoda em suas sombras, assentamentos do Orixá Ogum onde seu culto é extenso na cidade de iré. Akôko é uma árvore sagrada também conhecida mo árvore de Oxóssi.

Entre os Iorubás, é considerada um sinal de prosperidade, pois seus troncos eram muito empregados nas feiras, locais onde o comércio era intenso e era comum que, após serem utilizadas como estacas, seus troncos brotassem, gerando novas árvores. 

Já no culto Egungum, o Akôko desempenha um papel fundamental na união dos seres do Ayê (mundo dos vivos) e Orum (mundo dos espíritos). Seu tronco que geralmente não é muito ramificado, lembra um grande opó ixé, que ligaria o Céu a Terra. Nesse caso, sua principal relação se dá com a Iyagbá Oyá, Senhora dos Ventos e dos eguns, que recebe o título de Alakôko, senhora do Akôko. Constatamos assim dois aspectos importantes dessa árvore: Sua ligação com a ancestralidade e com o elemento Ar.

Entre os jeje, recebe o nome de Ahoho (pelos Mahi) e Hunmatin (pelos Mina). O Ahoho é um huntingomé/jassú (árvore sagrada) consagrado ao Vodun Gun (Togbo) que costuma tê-la como seu principal atín sa. Segundo a tradição Mahí, os galhos do Ahoho devem ser levados junto ao corpo, em viagens longas, ou que ofereçam algum tipo de risco. Durante a execução de obrigações difíceis também. Essa medida teria como finalidade atrair a proteção de Togbô, que é um guerreiro terrível e que sempre luta pelos seus filhos.

O Akôko é uma folha associada a realeza, daí ser chamada de "a folha dos reis". Espalhada no chão do barracão em dia de festa, atrai prosperidade. Segundo a tradição Iorubá, seu tronco não pode ser ferido por machado, faca ou objetos de ferro. É utilizada para todos os Orixás.

Dizem os antigos, que o Akokô está ligado ao final do ciclo da iniciação, quando uma nova etapa na vida do iniciado começará. Por isso é uma folha muito empregada durante cerimônias de festejo dos sete anos (Odu Ige) de iniciado, principalmente quando ocorre entrega de oye (cargo). Segundo alguns, nenhum rei é considerado rei se não tiver levado no seu ori a folha de Akôko.

Quem quiser plantar o Akôko, não precisa de muito espaço, pois o seu tronco não é muito grosso, porém o seu porte é majestoso, fica bem alta. Suas flores também são bem bonitas, lembram a de um Ipê Rosa, pois pertence a mesma família botânica. Porém cuidado, pois existem pessoas vendendo Akosi como se fosse Akôko. Salve o nosso Rei! Árvore forte e imponente, esse é o Akôko. Vamos cantar para ele:


Ewé ófé gbogbo akoko

Ewé ofé gbogbo akoko

Awá li awá oro

Ewé ofé gbogbo akoko

Akoko, é a folha de todas as pessoas inteligentes

Akoko, é a folha de todas as pessoas inteligentes

Nós temos, nós somos, riqueza e saúde

Akoko, é a folha de todas as pessoas inteligentes


quarta-feira, 4 de julho de 2012

domingo, 1 de julho de 2012

Amolar facas



Não se deve amolar faca no chão mesmo que seja no quintal de casa, pois atrai brigas e confusão. A faca é o aço e a metade dela pertence a Ogum e a outra metade pertence a Exú. Portanto, amolar faca no chão, traz quizilas e problemas sérios dentro de casa.

Existe santo feito errado?




Existe santo feito errado?


Não. Não existe santo feito errado. O que existe são diversos zeladores de santo que desconhecem fundamentos de egum, fundamentos de Iyámi, fundamentos de Odu, fundamentos de Ori, e aí por desconhecer esses fundamentos e só conhecerem os fundamentos de Orixá, eles não fizeram a fundamentação completa e correta, sendo assim, a vida do filho de santo, do Iyawo, não vai para frente e aí vemos o próprio filho ou até mesmo outros zeladores mal informados por verem a vida daquele filho ruim, falam logo que ele fez o santo errado.  


O que existe é santo malfeito, porque ficou faltando fundamento de Odu na obrigação, ficou faltando fundamento de ancestralidade, de egum, de Iyámi, de Ori e questões que estão ao redor, que envolvem uma iniciação de Orixá, uma iniciação plena e completa.


Muitas vezes, pessoas que acham que fizeram o santo errado, ao parar numa mesa de jogo, essas pessoas descobrem que estão com problemas com Babá-egungum, problemas com ancestralidade e que não tinha nada a ver com o santo feito. O Orixá é uma força positiva e não causa mal a ninguém. O Orixá faz o bem e auxilia seu filho.