terça-feira, 8 de maio de 2012

Logun Edé



"Erinlè teria tido, com Oxum Ipondá, um filho chamado Lógunède (Logunedé), cujo culto se faz ainda, mas raramente, em Ilexá, onde parece estar em vias de extinção."


"No Brasil, tanto na Bahia como no Rio de Janeiro, Logunedé tem, entretanto, numerosos adeptos. Esse deus tem por particularidade viver seis meses do ano sobre a terra, comendo caça, e os outros seis meses, sob as águas de um rio, comendo peixe. Esse deus, segundo se conta na África, tem aversão por roupas vermelhas ou marrons. Nenhum dos seus adeptos ousaria utilizar essas cores no seu vestuário. O azul-turquesa entretanto parece ter sua aprovação. É sincretizado na Bahia com São Expedito."


Hoje, na Nigéria, a mais rica cidade chama-se Ilesa, e é a cidade de Logun Edé, que para muitos é metade homem e metade mulher, o que não é verdade. Logun Ede é um santo único, um Orixá rico que herdou tanto a beleza e agilidade do pai quanto a beleza e riqueza da mãe. Em Ilesa, uma das cidades mais prósperas da África, encontra-se o palácio de Logun Edé.


Sua influência é marcante, mistura jovialidade e irresponsabilidade.
Logun Edé sabe ser rude e doce ao mesmo tempo.

Logun Edé, também é um guerreiro entre os orixás.
Surge como divindade dentro do runcó, camarinha, onde é feito a junção Odé com Oxum, passando este a ser mensageiro e protetor dos dotes de Oxum.
Caçador habilidoso, em terra firme se alimenta de caça e, submerso se alimenta de peixe. É portanto, uma divindade que domina o poder da mutação e transforma-se no que quiser.

Simultaneamente caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro dos axés de Oxum e Odé que se fundem e se mesclam como mistério da criação, trata-se de um orixá que tem a graça, a meiguice e a faceirice de Oxum e à expansão, firmeza e paciência de Odé.


Se Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a maternidade, a pesca e a prosperidade, Odé lhe passa os axés da fartura, da caça, da habilidade, do conhecimento, e também da resignação, para isso lembramos o dito popular: um dia da caça e outra do caçador... desesperar, por que?


Essa característica de unir o feminino de Oxum ao masculino de Odé, muitas vezes o leva a ser representado como uma criança, um menino pequeno ou adolescente, formando mais uma trindade sagrada na História das religiões.

Com Logunedé, completa-se o triângulo iorubá pai, mãe e filho, egípcia Ísis, Osíris e Hórus, hindu, e tantas outras da antiguidade e que também se repete na trilogia católica, Pai, Mãe e Espírito Santo. De culto diferenciado, é um Orixá de extremo bom gosto. Seus objetos devem permanecer junto aos assentos de Oxum ou Odé, dependendo de sua feitura, e sempre quando agradado devemos agradar sua mãe. Tem predileção ao dourado, é um Orixá muito vaidoso, é considerado o mais elegante de todos.


Mitologia


Logunedé, Logun Edé, lógunèdè, Ólòlún Ode, é o orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e Odé, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.

Quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade
Apesar de sua história, é preciso esclarecer que Logun Edé não muda de sexo a cada seis meses, ele é um orixá do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum e em outras, sério e solitário como Odé.

Logunedé é um orixá de contradições, nele os opostos se alternam, é o deus da surpresa e do inesperado.

No entanto, existem outras versões acerca de sua filiação. Se na maioria dos mitos, Logunedé surge como filho de Oxum e Odé, tendo ele três irmãos: Odé Ifá, ligado ao ar, afilhado de Oxalá; Odé Issambô, ligado às plantas, afilhado de Ossaim e Odé Ilê, afilhado de Bará, em outros mitos, um pouco mais raros, aparece como filho de Ogun e Iansã.


Há, ainda, histórias que contam a lenda de Logunedé como filho desses quatro Orixás, apresentando-o como uma representação dos Orixás gêmeos, Ibeji.
Na Nigéria, a cidade de Logunedé chama-se Ilesa e é uma das mais ricas e prósperas da África, mas o seu culto na região está em via de extinção. Para recuperar um pouco de sua história é preciso voltar à sua cidade, onde encontram-se seu palácio e seus principais sacerdotes.

Na África negra, dizem que Logunedé seria na verdade Ólòlún Ode, o guerreiro caçador, o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. E se observarmos a cantiga de Odé, veremos que expressão Omo odé, ou seja, filho do caçador, é constante, podendo interferir na lógica nas histórias contadas pelos africanos.


Omo Ode l’oní, omo Ode lúwàiyé
O filho do caçador é o senhor,
Omo Ode l’oní, omo Ode lúwàiyé.
O filho o caçador é o senhor.

Todavia, não podemos desconsiderar o processo cultural que deu origem ao Candomblé e as diferenças fundamentais que existem entre os cultos aos orixás no Brasil e na África. O Candomblé atual no Brasil, é um resumo de toda a África mística. Muitos deuses que na África mantinham a sua autonomia, no Brasil foram reunidos em um único orixá e divididos em diversas qualidades.

Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé são, respectivamente, as qualidades de Oxum e Odé que se consideram os pais de Logunedé.
Há quem diga na África que Logunedé é, na verdade, uma altiva versão masculina da própria Oxum: Lógunèdé? Òsun ni! Logunedé? Ele é Oxum!


Quanto a ligação dele com Odé temos:

Silêncio!
Permaneçam em silêncio,
Ele é o caçador.
Senhor orixá afogue-me, não me fira,
Afogue-me com o entendimento do culto,
Orixá caçador das florestas.
Aquele que só usa uma flecha
E que jamais erra.
Somos filhos de Erinlé,
Somos filhos daquele que mata a caça.
Caçador das florestas
Que foi o primeiro a obter riquezas,
O primeiro a tornar-se rico,
Pai, caçador das florestas,
Seu arco e sua flecha
Originam-se da mais alta tradição.


A história revela que Odé, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e pediu a ela posse do menino:
-Oxum, por amor a você, quero que Logunedé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredo da floresta.

Mas Oxum também amava Logunedé e por maior que fosse seu amor por Odé ela não poderia separar-se de seu filho.
Obatalá interferiu declarando :
- Logunedé viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça.


De Oxum, sua mãe, Logunedé herdou o lado belo e vaidoso, pois Oxum lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada.
De Erinlé, seu pai, herdou o dom da caça pois Erinlé é da família dos Odé e seu símbolo é o ofá, a lança de caça e o ogue.
Mas se, em várias tradições, ele é considerado um orixá masculino, em algumas é confundido com a homossexualidade ou a bissexualidade, o que ocorre quando se interpreta ao pé da letra o mito que afirma viver Logunedé seis meses como homem e seis meses como mulher.



Logunedé está encantado nos pequenos animais, como o coelho, o porquinho-da-índia e os pequenos pássaros, no mato baixo, nas matas pouco densas e principalmente nos rios, sua morada predileta.
Está ligado às artes de pintar, esculpir, escrever, dançar, cantar como o seu pai Odé e ligado ao banho, pois também é filho de Oxum, deusas das águas doces.
Existem templos para Logunedé em Ilesa, seu lugar de origem, onde em alguns itans é citado como um corajoso e poderoso caçador, que tamanha coragem é relacionada a de um leopardo. Casado com três esposas.



QUALIDADES DE LOGUM EDÉ



Logun Edé Loko: Tem fundamentos com Exu.


Logun Edé Ybain: É um recém nascido Apanan: Todos comem com Exu e Oxossi. Seus fundamentos estão em sua mãe de criação, Oxum Onira, sem ela Logun não caminha. Toda pessoa de Logun tem que assentar Oxum Onira e de Oxum Onira tem que assentar Logun. Assenta-se também Ybualamo, Yponda e Opará.


Logun Edé é único, ele é um Orisá metá, ou seja, congrega três energias: de Oxum, de Oxóssi e dele mesmo, domina o poder de mutação e transforma-se no que ele quiser, e um dos seus Orikís nos diz:


“Ológun fihòn awo

funfun lóni ni òlá

Ó yióò fihón dúdú…”




( O feiticeiro mostra a pele que desejar; se mostrar a pele clara hoje, amanhã mostrará a pele escura).
Sem sombra de dúvida Logunedé é depois do orixá Bará o orixá que carrega consigo mais preconceitos e falta de conhecimento por parte dos adeptos e iniciados no culto.
Logunedé é tido como andrógeno, patrono dos homossexuais, orixá iorubano, tendo como elemento terra e água dominando rios, cachoeiras e matas.

É considerado orixá "métametá", em ioruba, méta significa "três" e métametá traduz-se a melhor guiza como: três ao mesmo tempo.

Apesar da sua história, é preciso esclarecer que Logunedé não muda de sexo a cada seis meses, ele é um Orixá do sexo masculino.

A sua dualidade dá-se à nível de manifestação de energia comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum, e em outras, sério e solitário como Odé.

Logunedé congregando a natureza do pai: Odé Erinlè e da mãe Oxum Opandá e congregando a natureza sua, própria.

Um encantador, realizador de prodígios, protetor dos navegantes de água doce, caçadores e protetor dos amores duradouros.

Grande feiticeiro.

Veste saiote amarelo e um pano [ojá] azul-turquesa amarrado ao ombro, cruzado com outro cor branca, também pode usar na cabeça um capacete dourado com plumas azul, amarela, branca e verde. Lógico que a forma de manifestação varia muito considerando a região, cultura e educação dos zeladores, a maneira colocada acima é folclórica, tradicional e repassada a título de conhecimento geral.

Usa damatá e abebé de latão, carrega couraça, capanga e um berrante.

Suas contas são de miçangas leitosas.

AZUIS: mistério, prudência, respeito aos mais velhos.

AMARELO: luz da riqueza.

VERDE: alegria, prudência.

BRANCA: temperança, paciência.

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