domingo, 20 de maio de 2012

Ossain






Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força.

Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimônia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde das folhas.


Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. É nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.

A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, o seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.

Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco.

De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.

Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.

Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.

Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.

Patrono da vegetação rasteira, das folhas e de seus preparos, defensor da saúde, é a divindade das plantas medicinais e litúrgicas. Cada Orixá tem a sua folha, mas só Ossain detém seus segredos. E sem as folhas e seus segredos não há axé, portanto sem ele nenhuma cerimônia é possível. 

Osanyin usa uma cabaça chamada Igbá-Osanyin. Fuma e bebe mel e pinga.

Osanyin também é um feiticeiro, por isto é representado por um pássaro chamado Eleyê, que reside na sua cabaça. As proprietárias do pássaro do poder são as feiticeiras. Ele carrega também sete lanças com um pássaro em cima da haste, o qual é seu mensageiro e voa para trazer-lhe notícias. Ossaim está extremamente ligado a Orunmilá, Senhor da Adivinhações. 

Estas relações, hoje cordial e de franca colaboração, atravessaram no passado período de rivalidade.

Ossain recebera de Olodumare o segredo das folhas. Ele sabia que algumas delas traziam a calma ou o vigor. Outras, a sorte, a glória, as honras ou ainda, a miséria, as doenças e os acidentes. Os outros orixás não tinham poder sobre nenhuma planta. Eles dependiam de Ossain para manter sua saúde ou para o sucesso de suas iniciativas.

As folhas de Ossaim veiculam ao axé oculto, pois o verde é uma das qualidades do preto. As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas, que representam o procriado. O sangue das folhas é um dos axés mais poderosos, que traz em si o poder do que nasce e do que advém.

Ossaim existe em todas as folhas, por isso quando as queimam as matas ele fica revoltado com o ser humano, que destrói a força da natureza, que é a cura de todas as doenças que existem e que vão existir.


Características dos filhos de Ossaim



Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente equilibradas e cautelosas, que não permitem que as suas simpatias ou antipatias interfiram nas suas opiniões sobre os outros. Controlam perfeitamente os seus sentimentos e emoções. Possuem grande capacidade de discernimento e são frios e racionais nas suas decisões.

São pessoas extremamente reservadas, não se metem em questões que não lhe dizem respeito. Participam em poucas actividades sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam falar sobre a sua vida, sobre o seu passado, preferem manter certa aura de mistério. Geralmente, não têm nada de mais a esconder, mas desejam manter reserva.


Pressa e ansiedade não fazem parte das suas características, pois são pessoas dadas aos detalhes e caprichosas no cumprimento das suas tarefas. Possuem gosto por actividades artesanais que exigem isolamento e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos, não se prendem a horários, apreciam a independência para fazer o que gostam na hora que querem. São pessoas fascinadas com as regras e tradições, adoram questioná-las. Possuem um gosto exacerbado pela religiosidade.



Qualidades de Ossaim



Apesar de existirem diversas qualidades de Ossaim, são raros os seus filhos. porém, em um terreiro de candomblé só pode haver um omo Ossaim ( iniciado em ossanha), embora possa nesse mesmo terreiro, sem problema algum, ter vários abians (não iniciados) cujo orixá principal seja Ossaim.
Ossaim é sempre acompanhado do Exú Sasanejì, seu principal escravo, e do encantado Aroni, cujo característica, tanto deste quanto daquele passamos a descrever como:

Exú Sasanejì : tem uma perna só e um olho coberto com uma folha, no seu assentamento usa-se ervas, frutas e raízes maceradas, vinho moscatel, azeite doce e mel.

Aroni: é um anão (tipo um duende), usa um gorro vermelho enfeitado com búzios, um cachimbo  e pula numa perna só. a base de seu assentamento é algodão, suas bebidas preferenciais são: aluá, água de coco com uma pitada de sal,  come somente animais de 2 patas, mel fumo em rolo.


Obs.: Sempre que assentar Ossaim, deve-se fazer o seu Exú Sasanejì e seu encantado servo Aroni, pois é Aroni quem intui o babalorixá na combinação das folhas. e sempre  que o babalossanyn for colher as folhas na mata fechada, deve sempre despachar exú sasanejì e exú da mata.



As qualidades de Ossaim são:


Ossaim Miró – grande conhecedor das folhas sagradas, veste-se de verde escuro com verde claro. tem fundamento com o Tempo. Carrega o peregum (folha de Ossaim), come acaçá vermelho. Ele é assentado em vaso de barro cru com sua ferramenta solta porém na nação Angola este orixá vem assentado com tabatinga . Sua ferramenta é tirada em jogo de búzios , porque dependendo da cabeça do filho de santo pode ter outros símbolos e esta ferramenta poderá vir cromada. Consagrado com azeite doce e mel. Leva atacans, não tem peitoral nem impulsas, na cabeça leva um torso com 1 folha de Ossaim ( peregum). Trás nas mãos 1 lança ou 1 divino.

Ossaim Birigã – tem fundamento com Oxóssi Ibô. Traz na cabeça uma pluma branca de ema, num torso. veste verde claro com rosa, ou verde e branco. seu igbá possui um par de pequenos chifres. Fica no tempo. Trás nas mãos uma ramagem de folhas. 

Ossaim Atulá – tem fundamento com Oxalufã. é um orixá do efum (branco) por isso veste branco e na cabeça leva um torso branco com um cristal de topo, conhecido como “Ossaim do sol”, pois só come de dia. Fica no tempo. Não tem impulsas nem peitoral. Trás nas mãos folhas de peregum com folhas de lírio branco ou flores brancas. Come no tempo ou em sabagi quente

Serebuá = quem guarda os segredos mágicos das folhas, ele quem recebeu o encanto

Ossaim Aroni – é o mais velho, tem fundamento com Iansã. veste-se de verde escuro com rajadas vermelhas. é o guardião da floresta da morte.

Ossaim Modun –  velho feiticeiro, é quem conhece todas as magias da cura e da morte, ligado à Nanã e Omulu.

Ossaim Agué – usa roupas e contas rosa rajadas com verde, tem ligação com Oyá e Oxumarê.

Ossaim Mokossu – velho, vive escondido na mata, fume e bebe em demasia. tem fundamento com exú.

Ossaim Gayaku – é novo, muito ágil, só vive no cume das árvores. Nunca aparece em lugares habitados. come com Oxóssi, e aparece na roda do padê (ato de despachar exú).

Agbènigi – velho e feiticeiro, dono do pássaro sagrado, é o único que se aproxima de Iyámì ossoronga (mãe da fertilidade, o poder feminino). dono absoluto do poder das ervas. come diretamente com exú. no qual muitas vezes é confundido.


Ossaim – aspectos gerais


Dia - quinta feira

Data – 05 de outubro

Metal - estanho

Cor – verde e branco ou verde e rosa

Quizila - vento e jiló

Símbolo - haste ladeada por 7 lanças com um pássaro no topo ( árvore estilizada)

Ferramentas - coqueiro, muleta, bisturi, cágado entre outras

Elemento – terra

Domínio – floresta, folhas em geral, medicina curativa e os mistérios do candomblé.

Região da áfrica – Iraó

Toque – ijexá

Pedra - esmeralda

Folhas – peregum, são-gonçalinho e garobinha, poré todas as folhas o pertence.

Saudação – ewè o´! ou Éwè Éwè Asà !


Arquétipo dos filhos de Ossaim


Extremamente equilibrados, os filhos de Ossaim não permitem que suas simpatias ou antipatias interfiram em sua opinião sobre os outros. controlam profundamente suas emoções e sentimentos, porém não são nem um pouco insensíveis. possuem grande capacidade de discernimento e, às vezes, tornam-se frios e racionais em suas decisões.
São reservados e discretos, participam de poucas atividades sociais, preferindo o isolamento. são pessoas calmas, ingênuas e passivas. podem ser frágeis, de saúde delicada, esforçados, volúveis, sem grandes ambições, estudiosos, sonhadores, esquisitos e desligados.
Preservam sempre sua liberdade, vivendo sempre de forma independente. são individualistas,mas não egoístas, apenas não se preocupam com as coisas que acontecem fora de sua esfera, do seu “mundo”.
Fisicamente, são pessoas elegantes e esguias, não aparentam grande força física, mas detém uma grande energia reservada para uso quando necessário.
São capazes de amar, mas não o tempo todo. o silêncio, porém, não pode ser entendido como sinônimo de falta de carinho: - é apenas o gosto pela ausência de sons, pois quando há algum problema, ele dificilmente esconde seu ponto de vista.

O Culto ao Orixá


Assim como os Orixás das florestas, Ossaim é cultuado as quintas-feiras, se bem que alguns zeladores e zeladoras apresentem seus dias de culto de maneira diferente. Como é um orixá voltado ao culto em si e à religião como forma organizada de comunicação entre os homens e o sobrenatural, todos os seus ritos exigem muitos detalhes e inúmeros cuidados para não se quebrar as regras de como se colhe uma folha de uma árvore ou se arrumam os ingredientes para uma obrigação de Ossaim. Em algumas áreas do Brasil, Ossaim é sincretizado em São Benedito, alguns zeladores e zeladoras dão a este Orixá o sincretismo de Santo Expedito, visto que o mesmo segura um ramo de folha em uma das mãos. Mas em geral é sincretizado na figura do Saci Pererê, figura mitológica que traduziria a função de encantado da mata, aquele que existe e ao mesmo tempo não. Sua filiação é Yemanjá e Oxalá (alguns historiadores dão Nanã e Oxalá), sua atuação seria na cura e na liturgia, suas cores variam de vermelho e azul, verde e branco e preto e amarelo (mais comum). A comida ritualística mais conhecida seria o padê de mel, coberto de fumo de rolo servido com um coeté de cachaça e entregue com uma vela preta e amarela. A ele são sacrificado bodes e galos. Sua saudação é Ewéó!!!

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