domingo, 27 de maio de 2012

Iyámi Oshorongá




Quando se pronuncia o nome de Iyámi Oxorongá quem estiver sentado deve se levantar, quem estiver de pé fará uma reverência pois esse é um temível Orixá, a quem se deve respeito completo. 


Pássaro africano, Oxorongá emite um som onomatopaico de onde provém seu nome. É o símbolo do Orixá Iyámi, ai o vemos em suas mãos. Aos seus pés, a coruja dos augúrios e presságios. Iyámi Oxorongá é a dona da barriga e não há quem resista aos seus ebós fatais, sobretudo quando ela executa o Ojiji, o feitiço mais terrível. Com Iyámi todo cuidado é pouco, ela exige o máximo respeito. Iyámi Oxorongá, bruxa é pássaro.


As ruas, os caminhos, as encruzilhadas pertencem a Exú. Nesses lugares se invoca a sua presença, fazem-se sacrifícios, arreiam-se oferendas e se lhe fazem pedidos para o bem e para o mal, sobretudo nas horas mais perigosas que são ao meio dia e à meia-noite, principalmente essa hora, porque a noite é governada pelo perigosíssimo odu Oyeku Meji.


À meia-noite ninguém deve estar na rua, principalmente em encruzilhada, mas se isso acontecer deve-se entrar em algum lugar e esperar passar os primeiros minutos. Também o vento (afefe) de que Oyá ou Iansã é a dona, pode ser bom ou mau, através dele se enviam as coisas boas e ruins, sobretudo o vento ruim, que provoca a doença que o povo chama de "ar do vento".


Ofurufu, o firmamento, o ar também desempenha o seu papel importante, sobretudo á noite, quando todo seu espaço pertence a Eleiye, que são as Ajé, transformadas em pássaros do mal, como Agbibgó, Elùlú, Atioro, Osoronga, dentre outros, nos quais se transforma a Ajé-mãe, mais conhecida por Iyami Osoronga. Trazidas ao mundo pelo odu Osa Meji, as Ajé, juntamente com o odu Oyeku Meji, formam o grande perigo da noite. 





Eleiye voa espalmada de um lado para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enche de pavor os que a ouvem ou vêem.

Todas as precauções são tomadas. Se não se sabe como aplacar sua fúria ou conduzi-la dentro do que se quer, a única coisa a se fazer é afugentá-la ou esconjurá-la, ao ouvir o seu eco, dizendo Oya obe l’ori (que a faca de Iansã corte seu pescoço), ou então Fo, fo, fo (voe, voe, voe).

Em caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua fúria é fatal. Se é num momento em que se está voando, totalmente espalmada, ou após o seu eco aterrorizador, dizemos respeitosamente A fo fagun wo’lu ( [saúdo] a que voa espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver pousar em qualquer ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, dizemos, para agradá-la Atioro bale sege sege ([saúdo] Atioro que pousa elegantemente) e assim uma série de procedimentos diante de um dos donos do firmamento à noite.

Mesmo agradando-a não se pode descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se lhe felicitando temos que nos precaver. Se nos referimos a ela ou falamos em seu nome durante o dia, até antes do sol se pôr, fazemos um X no chão, com o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo. Se durante à noite corremos a mão espalmada, à altura da cabeça, de um lado para o outro, afim de evitar que ela pouse, o que significará a morte. Enfim, há uma infinidade de maneiras de proceder em tais circunstâncias.

Iyami Oshorongá é o termo que designa as terríveis ajés, feiticeiras africanas, uma vez que ninguém as conhece por seus nomes. As Iyámi representam o aspecto sombrio das coisas: a inveja, o ciúme, o poder pelo poder, a ambição, a fome, o caos o descontrole. No entanto, elas são capazes de realizar grandes feitos quando devidamente agradadas. Pode-se usar os ciúmes e a ambição das Iyámi em favor próprio, embora não seja recomendável lidar com elas.O poder de Iyámi é atribuído às mulheres velhas, mas pensa-se que, em certos casos, ele pode pertencer igualmente a moças muito jovens, que o recebem como herança de sua mãe ou uma de suas avós.


Uma mulher de qualquer idade poderia também adquiri-lo, voluntariamente ou sem que o saiba, depois de um trabalho feito por alguma Iyámi empenhada em fazer proselitismo.Existem também feiticeiros entre os homens, os oxô, porém seriam infinitamente menos virulentos e cruéis que as ajé (feiticeiras).


Ao que se diz, ambos são capazes de matar, mas os primeiros jamais atacam membros de sua família, enquanto as segundas não hesitam em matar seus próprios filhos. As Iyámi são tenazes, vingativas e atacam em segredo. Dizer seu nome em voz alta é perigoso, pois elas ouvem e se aproximam pra ver quem fala delas, trazendo sua influência.


Iyámi é freqüentemente denominada eleyé, dona do pássaro. O pássaro é o poder da feiticeira; é recebendo-o que ela se torna ajé. É ao mesmo tempo o espírito e o pássaro que vão fazer os trabalhos maléficos.


Durante as expedições do pássaro, o corpo da feiticeira permanece em casa, inerte na cama até o momento do retorno da ave. Para combater uma ajé, bastaria, ao que se diz, esfregar pimenta vermelha no corpo deitado e indefeso. Quando o espírito voltasse não poderia mais ocupar o corpo maculado por seu interdito.


Iyámi possui uma cabaça e um pássaro. A coruja é um de seus pássaros. É este pássaro quem leva os feitiços até seus destinos. Ele é pássaro bonito e elegante, pousa suavemente nos tetos das casas, e é silencioso."Se ela diz que é pra matar, eles matam, se ela diz pra levar os intestinos de alguém, levarão". 

Ela envia pesadelos, fraqueza nos corpos, doenças, dor de barriga, levam embora os olhos e os pulmões das pessoas, dá dores de cabeça e febre, não deixa que as mulheres engravidem e não deixa as grávidas darem à luz.

As Iyámi costumam se reunir e beber juntas o sangue de suas vítimas. Toda Iyámi deve levar uma vítima ou o sangue de uma pessoa à reunião das feiticeiras. Mas elas têm seus protegidos, e uma Iyámi não pode atacar os protegidos de outra Iyámi.

Iyámi Oshorongá está sempre encolerizada e sempre pronta a desencadear sua ira contra os seres humanos. Está sempre irritada, seja ou não maltratada, esteja em companhia numerosa ou solitária, quer se fale bem ou mal dela, ou até mesmo que não se fale, deixando-a assim num esquecimento desprovido de glória. Tudo é pretexto para que Iyámi se sinta ofendida.

Iyámi é muito astuciosa; para justificar sua cólera, ela institui proibições. Não as dá a conhecer voluntariamente, pois assim poderá alegar que os homens as transgridem e poderá punir com rigor, mesmo que as proibições não sejam violadas. Iyámi fica ofendida se alguém leva uma vida muito virtuosa, se alguém é muito feliz nos negócios e junta uma fortuna honesta, se uma pessoa é por demais bela ou agradável, se goza de muito boa saúde, se tem muitos filhos, e se essa pessoa não pensa em acalmar os sentimentos de ciúme dela com oferendas em segredo. É preciso muito cuidado com elas. E só Orunmilá consegue acalmá-la.


TÍTULOS DE ÌYÀMÌ



  • Ìyàmì-Òsòróngà = Poderosa Mãe cultuada na Sociedade Osoronga.


  • Ìyàmì-Ajé = Poderosa Mãe administradora do Poder Sobrenatural. Titulo
        em alusão quando seu culto é realizado na LUA NOVA na finalidade de
        utilização dos poderes sobrenaturais em defesa a uma agressividade
        (feitiço), ou relacionado aos projetos, ideais, envolvimentos e
        recolhimento de Yawo. "Por ser o ciclo mais escuro da lua".

  • Ìyàmì-Eleye = Poderosa Mãe Proprietária dos Pássaros. 
  • Ìyàmì-Oduwà = Poderosa Mãe proprietária do recipiente da existência
        (o mundo).


  • Ìyàmì-Odu = Recipiente – Útero – Cabaça – O Planeta – Ovo – Esfera
       existencial.

  • Ìyàmì-Alaiye = Poderosa Mãe proprietária de toda extensão Terrestre.

  • Ìyàmì-Ekunlaiye = Poderosa mãe que inunda a Terra com Água...

  • Ìyàmì-Iyemonja = Poderosa Mãe senhora que possui muitos filhos como
       cardumes de Peixes. "Uma alusão a sua qualidade anfíbia a quantidade
      de ser humanos existentes na terra comparada aos peixes no Mar".
      (Titulo relacionado a Egun e não a Ogun como muitos erradamente
      afirmam )

  • Ìyàmì-Iyemowo = Poderosa Mãe que é o próprio dinheiro de suas filhas
       (búzios). "uma alusão a grande quantidade de búzios que utiliza em
       suas roupas" (Titulo que é cultuada no culto de Orisanlá).

  • Ìyàmì-Omolu = Poderosa Mãe a filha sagrada de Deus. (Título que é
      cultuada ao lado de Obaluwaiye)

  • Ìyàmì-Omolulu = Poderosa Mãe rainha das formigas. "Uma referencia ao
       fato de esta associada ao subsolo (Título que é também cultuada no
      culto de Obaluwaiye).

  • Ìyàmì-Ori ou Iya-Ori = Poderosa Mãe das Cabeças. "Uma alusão ao fato
       de está relacionada aos rituais de sacrifício animal sobre uma
       cabeça". (Titulo que é também cultuada nos ritos de Bori).

  • Ìyàmì-Buruku = Poderosa Mãe Antiga. Uma referencia ao planeta na sua
       antigüidade existencial.

  • Ìyàmì-Agba = Poderosa Mãe ancestral associada ao poder feminino.

  • Ìyàmì-Ako = Poderosa Mãe que é o pássaro Ako. Titulo referente ao 3o
       dia da lua cheia e a seu culto exatamente na sociedade das Geledes.

  • Ìyàmì-Iyelala = Poderosa Mãe senhora dos sonhos. (relacionada a
       revelação de situações através de sonhos).



  • Ìyàmì-Ayala = Poderosa Mãe esposa daquele que é o Céu. "Uma
       referencia ao fato da Terra ser coberta pelo Céu o próprio
      Oorisanla".

  • -Ìyàmi Onilé = Poderosa Mãe proprietária da Terra. "Titulo referente a
        reverencia e aos rituais realizados dentro da terra". Outra
       referencia é ao fato de ser o lugar mais próprio de se cultuar toda
       classe de espíritos, na qual Ela é a grande apaziguadora desses
       espíritos ou forças rebeldes. Numa única função de tranqüilizar,
       apaziguar ou neutralizar qualquer tipo de força oculta agressiva.
       Òdu-Logboje = Cabaça Existencial no Universo. Uma referencia ao
       planeta Terra.



  • Ìyàmì-N'la = Poderosa grande Mãe. Uma referencia a grandeza do
       planeta Terra e seu culto elementar. Titulo que plagia o titulo de
       Orisa'nlà.

  • Ìyàmì-Asiwòró = Poderosa Mãe canalizadora das energias nos ritos
       tradicionais.

  • Ìyàmì-Osupa = Poderosa Mãe que controla as força da lua.

  • Ìyàmì-Petekun = Poderosa Mãe que é povoada. Uma referencia a relação
       com Èsu.

  • Ìyàmì-Ako = Nome de Ìyàmì dentro da sociedade Gelede, titulo que
       assume o posto de primeira Dama desta sociedade.

  • Ìyàmì- Egeleju = Poderosa Mãe dos olhos delicados.

  • Ìyàmì-Eleje = Poderosa Mãe proprietária do fluxo da vida (sangue).

  • Ìyàmì-Oru-Alé = Poderosa Mãe da madrugada ou Noite.

  • Ìyàmì-Oga Igi= Poderosa Mãe que faz o alto das árvores de trono. Uma
       referencia ao fato dos Pássaros pousarem no cume das grandes árvores.

  • Ìyàmì-Ilunjó = Poderosa Mãe que dança o ritmo da morte. Uma
       referencia ao ritmos tocado para Ogun "Aquele que dança o ritmo da
       morte".

  • Ìyàmì-Elesenu = Poderosa Mãe Proprietária de todos os órgãos internos
       (vísceras).

  • Ìyàmì-Apaki = Poderosa Mãe que mata. Uma referencia ao fato que no
       decorrer da vida acontece a morte.

  • Ìyàmì-Naré = Poderosa que o próprio ventre.

  • Ìyàmì-Araiye = Poderosa Mãe que controla todos os espirito da Terra
       (encarnados e desencarnados).

  • Ìyàmì-Koko = Poderosa Mãe Anciã. Uma referencia a antigüidade do
        planeta.

  • Ìyàmì-Kekere = Poderosa Mãe pequena do universo. Uma referencia
       ao fato de Iyami ser a administradora da vida no planta auxiliando
       Olodunmare (Deus ).

  • Ìyàmì-Olotojú = Poderosa Mãe que espia do alto. Uma referencia ao
       fato dos pássaros pairarem no Ar e observarem tudo de cima.

  • Ìyàmì-Arajado = Poderosa Mãe que olha para o Céu. Uma referencia ao
        fato da Terra esta coberta pelo Céu.

  • Ìyàmì-Oloriyàmi = Poderosa Mãe proprietária das águas. Uma referencia
        aos Mares e a água do útero.

  • Ìyàmì-Mase malè (Abrev.: Iyamase malè) = Poderosa mãe que não permite
        mal chegar na noite... Uma alusão às noites em que sobrevoa na sua
        forma de pássaro, nos lugares em que é invocada e reverenciada com
        louvores e saudações. Título este muito reverenciada nas rodas de
        Sango (Egungun) quando e enquanto dançam em volta da fogueira ao ar
        livre, fato memorável ao poder sobrenatural que possibilita Sàngó
        como o grande Egungun (ancestral) voltar à Terra possuindo seus
        Eleguns durante as festividades.

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